Belo Horizonte viverá amanhã um dia atípico, com o primeiro domingo de fechamento total do comércio na pandemia, imposto pela prefeitura para conter o avanço da COVID-19. Com o veto à abertura, o que inclui até açougues, supermercados e padarias, a presença de uma iguaria tradicional no almoço das famílias no fim de semana ficou comprometida: o frango assado.
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BH tem recorde de mortes e casos de COVID-19 explodem em MinasEm nova decisão, Justiça manda Coronel Fabriciano de volta à Onda RoxaServidores da saúde de BH acima dos 60 poderão se vacinar na semana que vemVacinação de profissionais de saúde tem fila grande neste sábado em BH Veja o calendário para vacinar servidor da saúde e as filas em BHSe o consumidor terá limitações, o maior prejuízo é para quem depende diretamente desse comércio. Rosimeire Teixeira Mourão, de 57 anos, comanda a Esquina do Frango, no Bairro Ipanema, Região Noroeste de BH. Ela conta que trabalha neste setor desde os 13 anos. "É o dia em que a gente vende mais. Não vou poder abrir, ainda não caiu a ficha. Eu tiro o meu sustento, uso o dinheiro para pagar uma conta, comprar um arroz, um açúcar. É difícil”, disse, com ar de preocupação
Ela conta que vende cerca de 100 frangos aos domingos e prevê que o movimento cairá 80%, já que a demanda por delivery é baixa. “O pessoal passa para comprar. Por encomenda é muito difícil de a pessoa vir buscar. O pedido por entrega é muito baixo, tanto que eu nem cobrava, mas agora vou precisar cobrar”, lamentou. O temor é de as perdas se avolumarem. “Eu compro o frango vivo. Se ele passa muito tempo até o abate, adoece”, afirmou.
As contas serão amargas, projeta Guilherme Camargos, de 55, dono do Frango no Ponto, no Bairro Estoril, Região Oeste da capital, há 15 anos no ramo. Ele observa que as vendas já haviam caído pela metade e que o domingo era um dos dias que ajudavam a reduzir o volume do prejuízo. “A perda foi na faixa de 50% a 60%. Agora, no fm de semana, não caiu tanto, foi na faixa de 30%. Então, fechando aos domingos, a perda fica bem maior.”
Guilherme avalia que este é o pior momento enfrentado pelos comerciantes desde o início das restrições sanitárias. “Não estava podendo ter consumo no local, mas pelo menos podia entregar na porta. Vamos cortando o pessoal da equipe para tentar manter o negócio funcionando, mas, infelizmente, chegamos nesta situação de fechar aos domingos e isso vai nos prejudicar ainda mais”, contabiliza.
Para ele, os comerciantes precisam da ajuda dos governantes para garantir a sobrevivência dos estabelecimentos. “Estamos tentando manter o negócio, porque dinheiro não dá. A gente trabalha para pagar as contas. As contas do governo municipal, estadual e federal chegam normalmente, mesmo com pandemia e com restrição. Tinha de ter uma isenção com o comércio”, ressaltou.
DIVERSIFICAÇÃO
Enquanto a pandemia afeta o caixa, outros comércios adotaram alternativas de diversificação. No caso do Frango Duveio, no Bairro Salgado Filho, Região Oeste, foram incluídos no cardápio o tropeiro e ainda a lasanha. “Todo comerciante está sofrendo com um baque muito grande nas vendas, mas a gente vai se adequando de acordo com o que podemos fazer, porque também temos de ser solidários ao que está acontecendo no mundo”, destacou Marília Alves, de 59, dona do estabelecimento.
Ela contou que as vendas são um complemento na renda, já que trabalha em uma secretaria paroquial e o marido é aposentado. Apesar disso, observa que qualquer recuo financeiro impacta no pagamento das contas de casa. A estimativa é de que as novas restrições farão despencar as vendas.
Para driblar a dificuldade, vem trabalhando por encomenda. Ela vende cerca de 30 frangos por domingo, a R$ 32,90 cada, e cerca de 25 tropeiros, a R$ 16 a unidade, e em torno de 15 lasanhas (R$ 25).
O que fecha
Supermercados, sacolões, lanchonetes, lojas de conveniência, açougues e similares só poderão operar por delivery ou drive-thru (exigência de estacionamento internalizado). Mercado Central
O que pode funcionar
Farmácias e postos de combustível