Sob restrições de circulação e toque de recolher, a vida de quem sobrevive nas ruas vazias do Hipercentro de Belo Horizonte tem deixado exposta à violência dessa região.
Nos últimos três dias, dois homens em situação de rua foram agredidos brutalmente por pessoas que também se abrigam nos espaços públicos da região. Um morreu.
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Jovens são presos após torturar e cortar cabelo de idosa durante assaltoHomem é morto em Betim e ex-companheira é suspeita de ser mandante do crimeA agressão do sábado foi presenciada por policiais milirtares que puderam intervir antes que o pior ocorresse. De acordo com a Polícia Militar, a cavalaria da corporação passava quando percebeu que o homem mais novo estava por cima do outro, no passeio da Avenida Oiapoque, desferindo golpes com uma barra de ferro de aproximadamente um metro de comprimento.
Foi necessário o uso de força, pois o agressor não parou de atacar nem mesmo após as ordens dos militares. Em boletim de ocorrência, os policiais relataram que o homem disse que queria matar o outro, mas não conseguiu explicar as razões que o levaram a tal.
Os dois foram levados para atendimento na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Centro-Sul. O agressor tinha ferimentos em uma das pernas e o agredido apresentava ferimentos graves na cabeça e tórax, bem como lesões no braço direito, que são marcas de reflexo de tentativa de defesa.
Na noite de quinta-feira, a 450 metros do local do crime de sábado, um homem de 35 anos foi assassinado por outras seis pessoas em situação de rua, porque estava com uma companheira fazendo ruídos que incomodaram os vizinhos de barracas e moradias improvisadas no passeio da Avenida do Contorno, sob o Viaduto Oeste, perto do Restaurante Popular.
Segundo o boletim de ocorrência da PM, testemunhas contaram que viram a vítima entre os moradores de rua da região, procurando alguma mulher que quisesse um programa sexual com ele. Uma das mulheres topou e eles foram para uma tenda próxima à entrada da estação do metrô Lagoinha.
Outros moradores de rua da região alegaram ter se incomodado com o excesso de barulho na barraca. Um homem de 29 anos, juntamente com outras duas pessoas – uma mulher de 24 anos e outro homem de 33 anos –, se dirigiram até a tenda para questionar com o casal. Eles começaram a discutir e o homem de 29 anos contou à polícia que a vítima pegou uma barra de ferro e tentou agredi-lo. Para se defender, ele conseguiu tomar a barra de ferro e revidar. No total, segundo a PM, seis pessoas agrediram a vítima.
A PM encontrou a vítima enrolada em cobertores na tenda, próxima a barras de ferro e pedaços de pau usados na agressão.Três dos suspeitos foram identificados de acordo com as características informadas na chamada.
O homem de 29 anos estava sujo de sangue e confessou ser o autor do crime, a mulher de 24 e o outro homem de 33 também foram detidos. Os outros agressores conseguiram fugir e ainda não foram encontrados.
A vítima foi levada em coma para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, onde morreu. Ao deter os três agressores, os PMs encontraram porções de crack com o homem de 29 e maconha com a mulher de 24. Os detidos foram levados para a Delegacia de Plantão da Polícia Civil II (Deplan II).