Numa época conturbada, com os efeitos da COVID-19, que também refletem em crimes, como sequestro, abusos de vulnerável, estupros de mulheres e até mesmo de um adolescente, chamam a atenção dois atos de solidariedade, ambos proporcionados por policiais militares, que não só resgataram um homem, como também mataram a fome de uma família de necessitados.
Em Ipatinga, dois alunos da 196ª Companhia Escola da 12ª Região da Polícia Militar, os soldados Diego e Willington faziam o patrulhamento da Praça 1º de Maio, no Centro, por volta do meio-dia, como parte de suas instruções de curso.
No patrulhamento, encontraram um homem caído, debaixo de uma árvore, com um marmitex, ainda intocado, ao seu lado. Os soldados se aproximaram e procuraram saber o que estava acontecendo. Segundo o comandante dos policiais, capitão Castro, o homem respondeu que estava fraco e que tinha chegado àquele local se arrastando.
“Os dois policiais-alunos perguntaram o que ele estava sentindo e ele respondeu que sentia dores. Contou também, que era de Belo Horizonte. Depois de questionarem sobre o marmitex, ele disse que seria seu almoço, que não tinha força para comer”, conta o capitão.
Nesse instante, os dois resolveram, então, alimentar o homem e perceberam que ele tinha um pedaço de sonda que saía de sua barriga. Em seguida, chamaram o Samu, que levou o homem para uma UPA. Ao deixarem o serviço, os dois soldados foram até a UPA para saber do estado de saúde do homem que socorreram, sendo informados que ele ficaria internado.
Família passava fome
Na Rua Santa Marta , no Bairro Lagoinha, uma viatura da PM, comandada pelo sargento João Batista, foi acionada para ir até o local, para dar apoio a funcionários da Copasa, que detectaram uma ligação de água clandestina, ou seja, um “gato de água”.
No entanto, ao chegarem ao local, encontraram uma segunda situação: uma família, de oito membros, que residia nos fundos da residência principal, estava passando fome.
Segundo relato dos policiais, um idoso se encontrava acamado. No local residiam, também, outros dois idosos, além de um casal e filhos. Eles não tinham recursos sequer para comprar alimentos. O chefe da família, JWS, admitiu que ele fez o gato, pois não tinha mais, depois de perder o emprego, condições de pagar a conta. A família reside no local há dois anos.
Diante da situação, os militares da guarnição fizeram contato com vários segmentos e em contato com o Colégio Tiradentes foram disponibilizadas 10 cestas para doação à família.
O chefe da família, JWS, agradeceu imensamente aos policiais e à PM, pois a partir daquele momento, teriam condições de voltar a se alimentar, o que não acontecia regularmente há alguns dias.
Segundo nota da assessoria de imprensa da PMMG, “talvez você nunca entenda o alcance de nossa missão. Tudo que vemos e vivemos em nosso dia de trabalho. Estamos em todos os lugares. Todos. E você não tem ideia do que os nossos olhos vêem todos os dias. Presenciamos a realidade de nossa sociedade sem nenhum filtro. A realidade crua e cruel quase sempre. E isso exige que sejamos capazes de ir além de apenas fazer o policiamento. Poder servir e proteger nosso semelhante não é um trabalho, é uma dádiva. E é assim que seguiremos, doando nossa vida para cuidar de cada mineiro e junto com ela, nosso amor pelo que fazemos. Todos os dias. Nós estamos por vocês, assim como vocês estão por nós”.