A grave crise vivida pelo sistema de saúde de Belo Horizonte tem como principais causas as aglomerações e a falta do uso da máscara. Essa é a opinião do Conselho Municipal de Saúde, que analisa a abertura de leitos, feita em massa pela prefeitura e pelos hospitais privados nos últimos dias, como medida paliativa.
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Nesse sentido, a população precisa colaborar. Nas semanas que antecederam o colapso do sistema de saúde, a prefeitura interditou estabelecimentos que desrespeitaram o decreto em vigor e interrompeu festas com aglomeração de pessoas.
Segundo Carla, a situação da saúde pública na cidade é de “guerra”. No caso das Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), a situação é ainda mais grave por se tratar de equipamentos de “porta aberta”.
De acordo com ela, os hospitais especializados em COVID-19, como o Metropolitano Dr. Célio de Castro, no Barreiro, podem negar o recebimento de novos pacientes em caso de insuficiência estrutural ou de insumos.
Como nas UPAs praticamente não há triagem prévia, fica quase impossível impedir a entrada de pacientes, ainda que a maior parte delas esteja saturada.
Na de Venda Nova, por exemplo, são oitos vagas de UTI. Alguns pacientes intubados chegaram a ser colocados em enfermarias nos últimos dias.
“A portaria do Ministério da Saúde que regulamenta o funcionamento das UPAs diz que nenhum paciente pode permanecer ali mais que 24 horas. Mas, vivemos uma situação atípica”, afirma Carla Anunciatta.
Lockdown e auxílio
Nesta terça (30/3), o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH) divulgou uma carta aberta ao prefeito Alexandre Kalil (PSD).
O documento pede que o chefe do Executivo municipal instaure na cidade um lockdown com regras mais duras, incluindo paralisação total do transporte coletivo, ampliação do toque de recolher e fechamento das indústrias.
A entidade reivindica também que o município ofereça suporte financeiro à população durante a vigência da medida.
A carta sugere políticas como renda emergencial, aumento da distribuição das cestas básicas e oferta de subsídio a empresários de pequeno e médio porte.
Procurada pelo Estado de Minas, a prefeitura não informou se cogita adotar o lockdown nos termos sugeridos pelo Conselho Municipal de Saúde.
Sobre a ajuda financeira à população durante a vigência das medidas restritivas, o município informou, por meio de nota, que "não possui programa de transferência de renda/auxílio emergencial em razão da pandemia".
Indicadores
A taxa de ocupação de leitos de UTI para COVID-19 voltou a ficar abaixo de 100% em BH, informou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nesta terça-feira (30/3). A redução foi causada pela abertura de novos leitos.
De acordo com os dados, o percentual de uso dos leitos do tipo – que inclui SUS e particular – diminuiu de 100,7%, registrados nesta segunda-feira (29/3), para 97,2% nesta terça-feira. A última vez que esse indicador ficou abaixo dos 100% foi em 18 de março.
A ocupação dos leitos de enfermaria para COVID-19 sofreu leve aumento nesta terça: de 85,6% para 85,7%. Esse percentual considera a soma entre as redes pública e particular.
Outro indicador fundamental da pandemia, o número médio de transmissão por infectado caiu novamente em BH: de 1,11 para 1,09. A estatística não apresenta aumento há 11 boletins.
Belo Horizonte registrou mais 35 mortes por COVID-19 nesta terça. Com mais essas, a cidade totaliza 3.202 vidas perdidas para a virose. Esse foi o segundo maior crescimento desde 18 de fevereiro.