Após ter recuado do projeto de lei (PL) que permitiria a antecipação para a semana que vem de feriados em homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes, para reforçar o isolamento social em Minas Gerais, e assim conter o colapso nos hospitais diante do avanço da COVID-19, a Assembleia Legislativa do estado (ALMG) autorizou ontem o governo a ampliar, sem concurso público, o quadro de profissionais da área da saúde. A admissão poderá ser feita por meio de mecanismos como o chamamento de voluntários, a designação de estagiários e o retorno temporário de aposentados.
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A falta de profissionais de saúde é um dos gargalos enfrentados pela saúde estadual. As dificuldades na busca por médicos e enfermeiros, entre outros, emperram a abertura de leitos de enfermaria e terapia intensiva. Agostinho Patrus disse que Minas Gerais enfrenta “momento de guerra” por causa da vertiginosa alta na curva de mortes por COVID-19.
“É importante que possamos nos unir a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e a todos os profissionais de saúde, para que eles possam doar um pouco de seu tempo – mesmo os que hoje não estão diretamente na linha de frente – e Minas possa vencer este momento de tamanha crise e tristeza”, afirmou, após a votação. A proposta votada pelos deputados estaduais cria uma lista para monitorar, em tempo real, insumos e equipamentos que estão faltando nas unidades de saúde.
A alocação dos profissionais contratados seguirá expediente semelhante. O cadastro dos profissionais interessados em atuar na linha de frente deverá ser implantado em até 15 dias após a sanção da lei. O projeto aprovado foi relatado por André Quintão (PT), líder da oposição a Zema. Diversas emendas apresentadas por deputados foram incorporadas à versão final.
Dados preocupantes
Sem reverter o avanço da doença, Minas Gerais registrou, ontem, 8.206 casos de contaminação pelo coronavírus e 127 mortes provocadas pela COVID-19 em 24 horas. A média dos últimos sete dias por notificação mostra que a quantidade de mortes segue em alta. A média é de 256 óbitos por dia.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o estado totaliza 1.111.893 casos da doença respiratória. A média móvel de casos é 10.242. O mês de março apresentou a maior média de diagnósticos desde o início da pandemia, de 9.938 no último dia 27. As estatísticas confirmam este mês como o mais letal desde o início da pandemia.
Justificativa
A intenção do governo estadual e do Legislativo era esticar o feriado da sexta-feira da Paixão como medida para reforçar o isolamento social no estado e reduzir o colapso nos hospitais, diante do avanço da COVID-19. O Estado de Minas apurou que além da discordância de epidemiologistas sobre a eficácia da proposta, houve questionamento de empresários quanto ao funcionamento das atividades econômicas entre a segunda e a quarta-feira da próxima semana.
Temores de que o feriadão prejudicaria a vacinação também colaboraram para a retirada do PL. A Assembleia e o Palácio Tiradentes explicaram, em nota conjunta, os motivos que levaram à desistência do projeto. “A eficácia dessa medida requer maior embasamento fático e estatístico, por isso, a proposta foi retirada do projeto”, diz o texto. O governo pretendia estender o recesso da semana santa para manter a população em casa por mais dias e, assim, aumentar a adesão ao isolamento social.
A proposta que havia sido incluída em projeto de lei, de autoria do presidente da ALMG, Agostinho Patrus, previa que os feriados estaduais de 21 de abril deste ano, de 2022 e de 2023, referentes a Tiradentes, fossem antecipados para a semana que vem, de segunda a quarta-feira. O feriado de 21 de abril é uma data magna no estado, implicando feriado, além de participar do calendário nacional.
Alerta
O médico epidemiologista Unaí Tupinambás, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do comitê de enfrentamento à pandemia em Belo Horizonte, alertou que a folga prolongada poderia aumentar a disseminação do novo coronavírus, já que as pessoas mantêm o hábito de viajar e se aglomerar, como ocorreu no carnaval e no fim do ano passado, durante o Natal e o réveillon.
“A gente tem que parar de ficar 'passando pano', e temos que dar nome aos bois: o que nós precisamos é de um lockdown. Essa história de antecipar um feriado, o sinal que vamos pôr para a população é outro: ‘então é feriado e vou pra praia, vou pra hotel-fazenda, cachoeira, visitar meus parentes no interior’”, afirmou.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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