Em menos de um dia de mobilização, a greve dos garis em protesto pela falta de cronograma de vacinação contra a COVID-19 para os profissionais da limpeza urbana em Belo Horizonte, foi suspensa na manhã desta quarta-feira (31/03).
Segundo o presidente do sindicato dos Empregados de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana de BH (Sindeac), Paulo Roberto da Silva, a decisão foi tomada após os trabalhadores sofrerem pressão da prefeitura da capital mineira.
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“A prefeitura nos notificou dizendo que somos essenciais para a saúde, mas não quer nos dar preferência na vacinação. Pediu em nota que continuemos com pelo menos 50% dos profissionais em atividade. Se é tão essencial, vamos colocar esses 50% para trabalhar e contaminar o restante da categoria e por aí a fora?”, disse Paulo Roberto.
No último domingo (28/03), a PBH informou que vai abrir cadastro para vacinar esses trabalhadores, além das forças de segurança e dos fiscais. O formulário seria disponibilizado pela Secretaria Municipal de Saúde ao longo desta semana, porém, nenhuma data específica para essa divulgação ainda foi comunicada.
A medida, contudo, não é bem aceita pelo presidente do Sindeac. De acordo com o representante da classe, o cenário crítico da pandemia exige medidas concretas de assisência aos profissionais da limpeza da cidade. “Cadastro não quer dizer que vai vacinar. Um cadastro não significa nada se não tiver uma programação definida.”
O presidente ainda informou que o sindicato foi convocado pelo Ministério Público do Trabalho, junto do Executivo muncipal e das empresas envolvidas, para uma audiência que será realizada na manhã desta quarta-feira.
A decisão pela volta da greve pelas entidades dependerá do resultado desta reunião.
A decisão pela volta da greve pelas entidades dependerá do resultado desta reunião.
“O índice de contaminação deles é muito alto. Temos conhecimento de que até as próprias empresas estão preocupadas com o volume de afastamento de muitos profissionais que contraíram a doença. Esperamos que nossos trabalhadores sejam colocados como prioritários na vacinação da COVID-19, conforme estabelecido em Lei e no próprio plano nacional de vacinação do Ministério da Saúde”, relata Paulo Roberto.
Em nota ao Estado de Minas, a PBH respondeu:
"O movimento grevista dos garis impacta negativamente na qualidade da prestação de serviços para toda a população. A SLU tomou medidas mitigatórias a fim de reduzir prejuízos decorrentes da greve, como possível não coleta domiciliar ou atrasos na sua execução. A SLU manteve contato constante com as empresas terceirizadas para a continuidade da prestação dos serviços de limpeza urbana na cidade e em nenhum momento houve pressão para que os funcionários realizassem os serviços, apenas foi garantido àqueles que o desejavam fazer que pudessem ter a segurança de saírem para o trabalho.
A SLU reconhece a legitimidade da reivindicação, porém esclarece que não cabe ao município o seu atendimento, sendo isto de competência do Governo Federal.
Em reunião na manhã desta quarta-feira com o Ministério do Trabalho, os sindicatos envolvidos decidiram pela suspensão da greve até que o Ministério da Saúde se manifeste sobre os pleitos solicitados em relação à priorização da vacinação.
A SLU segue dialogando com todos os setores envolvidos e procurando manter a normalidade no atendimento dos serviços de limpeza urbana na cidade."
Medo da COVID-19 vai além de si mesmo
Weverton Pedro da Silva, de 37 anos, trabalha como gari em Belo Horizonte há mais de uma década. Em seus 16 anos como profissional de limpeza urbana, sente que a pandemia não trouxe grandes diferenças em sua rotina do que já lidava diariamente. Segundo ele, seu medo ao sair para trabalhar todas as manhãs em meio ao risco de contaminação do coronavírus não é consigo mesmo, mas sim pela sua família.
“Nós continuamos trabalhando o tempo todo, já nos acostumamos com os perigos. Nosso medo mesmo é pegar o vírus e levar para nossa família em casa. Eles falam que nosso serviço é essencial, mas não liberam a vacina pra gente. Assim entendemos que nosso serviço não é mais essencial então”.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Vídeo explica porque você deve aprender a tossir
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.
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