Mais de um ano depois da detecção do primeiro caso de COVID-19, Minas Gerais está no momento mais grave da pandemia. Em meio à lenta vacinação, à disseminação de novas cepas e à sobrecarga nos hospitais públicos e privados, o estado registrou, em março, o recorde mensal de óbitos provocados pela doença. Os boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) nos últimos 31 dias notificaram que 5.767 pessoas perderam a vida após contraírem o vírus. Os três meses de 2021 totalizam 12.430 mortes, mais do que os 11.902 divulgadas ao longo de 2020.
Os números reais do mês mais mórbido da pandemia em território mineiro devem ser ainda mais preocupantes, já que a administração estadual geralmente precisa de pelo menos 24 horas para contabilizar os óbitos nas estatísticas oficiais. Ou seja, os dados divulgados nesta quarta-feira (31/3) não levam em consideração todas as mortes ocorridas nos dias anteriores.
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Minas sofre com novas cepas e vive pior fase da pandemia, aponta secretárioCOVID-19: após recorde em março, Minas ainda não deve ter queda de mortesPassos recua e libera alguns serviços com medo do desabastecimento COVID-19: "Chegamos ao nosso limite", diz prefeito de Governador ValadaresIdosos com 67 e 68 anos começarão a ser vacinados em BH; confira datasEm média, foram confirmadas 186 mortes diárias por COVID-19 durante o mês passado - eram 125 em fevereiro. O recorde geral de novos óbitos em 24 horas também é de março: foram 479 ocorrências no último dia 27.
Para conter o avanço desenfreado do vírus e o aumento na demanda por hospitalizações, o governador Romeu Zema (Novo) e a cúpula da SES apostam na manutenção da “onda roxa” em 815 das 853 cidades mineiras pelo menos até 11 de abril.
Onda roxa é aposta contra COVID
Para conter o avanço desenfreado do vírus e o aumento na demanda por hospitalizações, o governador Romeu Zema (Novo) e a cúpula da SES apostam na manutenção da “onda roxa” em 815 das 853 cidades mineiras pelo menos até 11 de abril.
A medida que restringe a circulação de pessoas foi expandida a todo estado há duas semanas e precisa de mais tempo para refletir nos indicadores epidemiológicos e hospitalares. Até por isso, os especialistas do governo creem que os óbitos diários não vão diminuir nos próximos dias.
“O óbito é o indicador mais tardio. Quando a gente vê o óbito se elevando, é um óbito de casos que foram internados há cerca de duas semanas. Então, a gente ainda verá o aumento de óbitos nessas regiões - ou pelo menos uma constância desses óbitos. Daqui a pouco, eles irão cair. No estado como um todo, há um aumento de óbitos de forma muito clara”, disse o secretário estadual de saúde Fábio Baccheretti.
A declaração faz referência à situação de 13 das 14 macrorregiões de saúde mineiras, que seguirão na onda roxa. Apenas 38 municípios poderão progredir à fase “vermelha” a partir da próxima segunda-feira.
“Os casos confirmados, que vão impactar nos hospitais e depois aumentar os óbitos, vêm também nessa crescente. Portanto, é um cenário nunca antes vivido pelo estado. É o pior momento da pandemia, muito vinculado às novas cepas que vêm circulando”, alertou o secretário.
“Os casos confirmados, que vão impactar nos hospitais e depois aumentar os óbitos, vêm também nessa crescente. Portanto, é um cenário nunca antes vivido pelo estado. É o pior momento da pandemia, muito vinculado às novas cepas que vêm circulando”, alertou o secretário.
A expectativa do governo é que o cenário geral melhore em breve, com a manutenção de medidas mais restritivas na maioria das cidades.
“Com essas regiões progredindo para a onda vermelha, vemos que a onda roxa é um sucesso, então a gente deve, daqui a pouco, ter esses indicadores (de casos e mortes) também regredindo no estado como um todo”, afirmou.
“Com essas regiões progredindo para a onda vermelha, vemos que a onda roxa é um sucesso, então a gente deve, daqui a pouco, ter esses indicadores (de casos e mortes) também regredindo no estado como um todo”, afirmou.
Perfil das vítimas
A maioria das mortes por COVID-19 em Minas Gerais são de homens: 13.441, contra 10.891 de mulheres. Segundo a SES, cerca de 71% dos que morreram tinham ao menos uma comorbidade.
Os fatores de risco mais comuns são cardiopatia (11.086 casos) e diabetes (7.705). Quase 80% dos óbitos no estado foram de pessoas com mais de 60 anos.
Os fatores de risco mais comuns são cardiopatia (11.086 casos) e diabetes (7.705). Quase 80% dos óbitos no estado foram de pessoas com mais de 60 anos.