Morreu, vítima da COVID-19, a ex-professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (Fale-UFMG), Vera Lúcia Andrade, aos 73 anos. A causa do óbito foi confirmada por uma irmã da docente à reportagem, na noite desta quarta (31/3).
Ela será enterrada no Cemitério Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Região Oeste de BH, nesta quinta (1º/4). A cerimônia será limitada a cinco pessoas por conta da pandemia.
A professora era solteira, não teve filhos e deixa nove irmãos.
Vera Lúcia se graduou na UFMG em 1969 e fez doutorado na Universidade de Paris em 1985. Atuou como professora de teoria da literatura, literatura brasileira e literatura comparada por 25 anos na Federal mineira.
Também orientou dissertações e teses na Fale. Ainda, coordenou o programa de pós-graduação da Letras, com ênfase em mestrado e doutorado.
A especialista dedicou boa parte de sua carreira às obras do mineiro Murilo Rubião e da ucraniana-brasileira Clarice Lispector. Também era especialista em literatura fantástica.
A doutora também foi pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) entre 1992 e 2001.
Além disso, foi professora da Universidade do Vale do Rio Doce (Univale) e do Instituto Superior de Ensino Anísio Teixeira/Fundação Helena Antipoff. Ela ocupou cargos de coordenação nas duas instituições.
Pelas redes sociais, ex-alunos e amigos se despediram de Vera. "E lá se vai para junto do Pai uma das professoras incríveis que passou pela minha vida. O meu amor pela Literatura também passa pela senhora. Sinto-me privilegiada por ter sido sua aluna", escreveu uma estudante.
Em nota, o Acervo de Escritores Mineiros (AEM) da UFMG lamentou a morte de Vera Lúcia. "Prestamos espontânea homenagem por seu trabalho pioneiro e original dedicado à conceituação da pesquisa em arquivo e à obra de Murilo Rubião".
"Solidários com a dor dos familiares de Vera Andrade, juntamo-nos a eles no duradouro luto por sua perda", finalizou a AEM.
POEMA
Pelo Facebook, a ex-aluna da professora, Valdirene Ferreira, enviou à reportagem um poema em homenagem a ela. Leia abaixo:
Flor-Vera
Vera! Ela traz verdade.
Inspira sinceridade.
Exala serenidade.
Mais parece a flor-da-verdade,
tão intensa é sua suavidade.
Vera! Amou muitos,
acolheu tantos,
ensinou milhares,
transmitiu benignidade.
Encantou diversos com sua cumplicidade,
E agora?
Agora, ficará na saudade.
Vera! chegou a mim,
trazida pela licenciatura.
Com seus ensinamentos,
despertou-me para as escrituras.
Suas suspeitas se confirmaram,
tornei-me uma amante da Literatura.
Vera! Inspiração para quem a conheceu.
“Café com Pão”, somente ela entendeu.
Numa aula de literatura
o poema ela me ofereceu.
Nunca vi ninguém recitar, com tamanha beleza,
um poema tão simples com tanta delicadeza.
Vera! Seus olhos se fecharam, sua voz emudeceu.
Mas jamais esquecerei como nosso primeiro encontro se deu.
Assim, são minhas memórias.
E nelas, permanecerá.
Sei que a partir de hoje, com os anjos ficará,
mas sempre que eu falar de Literatura,
Em mim, a senhora se presentificará.