Viaturas atravessadas nas estradas de terra, motos a postos para abordagens e agentes checando um a um os motoristas que chegam pelas barreiras de cones e faixas zebradas. Contra as aglomerações em meio à pandemia, uma operação de bloqueio das guardas municipais de Betim e de Contagem, na Grande BH, impede que ocorram aglomerações na represa de Vargem das Flores.
A lagoa é um importante balneário turístico entre os municípios de Contagem e Betim, mas está interditada desde 30 de dezembro, em função das medidas restritivas de combate à COVID-19. Nesta tarde ensolarada de sábado (3/4), o ambiente estava perfeito para que carros estacionassem ao largo do reservatório, podendo repetir cenas comuns nessa época, com aglomerações, som alto para os pancadões, dança, álcool e banho na água doce.
No entanto, os quatro bloqueios implementados pelas duas forças municipais impedem o acesso a quem não mora nos sítios e condomínios da região, bem como quem resolve estacionar em uma das áreas e estabelecer ali um piquenique ou churrasco.
O som que predomina nesta Semana Santa, em vez de funk e sertanejo, é o do canto dos pássaros. Os único que ainda se arriscam na beira da água, mesmo com as restrições, são alguns poucos pescadores, que ficam postados em locais discretos, pulverizados pelos remansos da Vargem das Flores.
"Se a guarda me mandar embora, eu vou. Ontem (sexta-feira), tiraram todo mundo que estava aqui. Tinha chegado muita gente, mas não durou nem meia hora", afirma o operador de carga e descarga Adilson Júlio dos Santos, de 43 anos, morador de Betim.
Ele afirma concordar com as restrições, mas por outro lado insiste em pescar mesmo com a proibição. "Ando muito estressado com a pandemia. Só indo de casa para o serviço e do serviço para casa. Meu hobby sempre foi a pesca. Daí, acordo de madrugada e venho para a Vargem das Flores por volta das 5h para pescar e distrair um pouco. Aqui não tem aglomeração assim", considera.
Escondido por um barranco fora da linha de visão das estradas usadas pelas guardas, o Adilson montou um espaço com linhas de espera e um celular tocando música bem baixo, para passar o tempo, enquanto tenta fisgar algum peixe. "Gosto de festa, mas não estamos na época por causa do vírus. Venho aqui, mas não tenho sossego. Passo o tempo todo olhando para ver se algum guarda municipal vem aqui me mandar ir embora. Nem a pescaria na pandemia tem sido como antes", desabafa.
O operador de produção de Betim, Gilson de Oliveira, de 41, levou a mulher e o filho para a pescaria em um remanso mais afastado da lagoa. "Esse é um momento que a gente esquece um pouco da pandemia, desse tanto de gente que está adoecendo e morrendo. Mas só fica a família. Quem pesca não fica de aglomeração, até porque senão o peixe não morde a isca", disse.
Nos sítios que cercam a represa e condomínios, aos poucos mais e mais gente chega. O motorista de aplicativo de transportes Ênio Martins, de 27 anos, conta que tem sido muito acionado em Betim para levar famílias e amigos para propriedades no balneário. "A gente não vê, mas essas casas estão cheias. Tem famílias, gente que mora junto, mas tem muita farra acontecendo mesmo com a pandemia", afirma, pouco depois de deixar um pai e quatro filhas em uma casa de fim de semana, sendo seguido pelo restante da família em um táxi que vinha atrás.
Sem os visitantes, comerciantes reclamam de prejuízos. Um dono de uma mercearia, no lado do lago, afirma que mesmo podendo fazer entregas teve de explicar para os guardas que o trabalho dele é permitido. "Quando vem gente aqui e compra cerveja para levar para seu sítio ou para outro lugar, os guardas municipais vêm e mandam as pessoas sair. Não deixam ninguém nem esperando as outras pessoas que estão com elas comprar. Assim não vou aguentar. Sou trabalhador e uma hora a gente acaba perdendo a paciência e fazendo uma besteira, porque as contas estão chegando e a pressão está subindo", reclamou.
A atuação das guardas conta com o apoio da Polícia Militar e da Marinha do Brasil. De acordo com o comandante da Guarda Civil de Contagem, Wedisson Luiz, o nado, a pesca e uso de embarcações não oficiais continuam proibidos na orla. “A corporação estará presente para evitar que situações como as descritas acima possam ocorrer. O objetivo é evitar aglomerações em uma área que, antes da pandemia, era tradicionalmente utilizada para lazer. Espero que a população compreenda e colabore para que possamos sair o mais rápido desta situação”, destacou o comandante.
Mesmo sem os riscos de aglomerações devido à pandemia, a represa de Vargem das Flores traz vários desafios, por ser responsável por 8% do abastecimento da Grande BH, ser área de preservação ambiental e contar com muitas ocupações irregulares, descartes de lixo e entulho ilegais.
A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e as secretarias de Meio Ambiente de Betim e Contagem constataram em vistoria no último ano que o reservatório sofre várias agressões ao meio ambiente - na cabeceira e nas nascentes.
Os principais problemas constatados são a ocupação irregular de terrenos do parque onde fica a represa, queimadas, desmatamentos, lixo nas lagoas, esgoto a céu aberto e denúncias de não tratamento do esgoto.
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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A lagoa é um importante balneário turístico entre os municípios de Contagem e Betim, mas está interditada desde 30 de dezembro, em função das medidas restritivas de combate à COVID-19. Nesta tarde ensolarada de sábado (3/4), o ambiente estava perfeito para que carros estacionassem ao largo do reservatório, podendo repetir cenas comuns nessa época, com aglomerações, som alto para os pancadões, dança, álcool e banho na água doce.
No entanto, os quatro bloqueios implementados pelas duas forças municipais impedem o acesso a quem não mora nos sítios e condomínios da região, bem como quem resolve estacionar em uma das áreas e estabelecer ali um piquenique ou churrasco.
O som que predomina nesta Semana Santa, em vez de funk e sertanejo, é o do canto dos pássaros. Os único que ainda se arriscam na beira da água, mesmo com as restrições, são alguns poucos pescadores, que ficam postados em locais discretos, pulverizados pelos remansos da Vargem das Flores.
"Se a guarda me mandar embora, eu vou. Ontem (sexta-feira), tiraram todo mundo que estava aqui. Tinha chegado muita gente, mas não durou nem meia hora", afirma o operador de carga e descarga Adilson Júlio dos Santos, de 43 anos, morador de Betim.
Ele afirma concordar com as restrições, mas por outro lado insiste em pescar mesmo com a proibição. "Ando muito estressado com a pandemia. Só indo de casa para o serviço e do serviço para casa. Meu hobby sempre foi a pesca. Daí, acordo de madrugada e venho para a Vargem das Flores por volta das 5h para pescar e distrair um pouco. Aqui não tem aglomeração assim", considera.
Escondido por um barranco fora da linha de visão das estradas usadas pelas guardas, o Adilson montou um espaço com linhas de espera e um celular tocando música bem baixo, para passar o tempo, enquanto tenta fisgar algum peixe. "Gosto de festa, mas não estamos na época por causa do vírus. Venho aqui, mas não tenho sossego. Passo o tempo todo olhando para ver se algum guarda municipal vem aqui me mandar ir embora. Nem a pescaria na pandemia tem sido como antes", desabafa.
O operador de produção de Betim, Gilson de Oliveira, de 41, levou a mulher e o filho para a pescaria em um remanso mais afastado da lagoa. "Esse é um momento que a gente esquece um pouco da pandemia, desse tanto de gente que está adoecendo e morrendo. Mas só fica a família. Quem pesca não fica de aglomeração, até porque senão o peixe não morde a isca", disse.
Nos sítios que cercam a represa e condomínios, aos poucos mais e mais gente chega. O motorista de aplicativo de transportes Ênio Martins, de 27 anos, conta que tem sido muito acionado em Betim para levar famílias e amigos para propriedades no balneário. "A gente não vê, mas essas casas estão cheias. Tem famílias, gente que mora junto, mas tem muita farra acontecendo mesmo com a pandemia", afirma, pouco depois de deixar um pai e quatro filhas em uma casa de fim de semana, sendo seguido pelo restante da família em um táxi que vinha atrás.
Sem os visitantes, comerciantes reclamam de prejuízos. Um dono de uma mercearia, no lado do lago, afirma que mesmo podendo fazer entregas teve de explicar para os guardas que o trabalho dele é permitido. "Quando vem gente aqui e compra cerveja para levar para seu sítio ou para outro lugar, os guardas municipais vêm e mandam as pessoas sair. Não deixam ninguém nem esperando as outras pessoas que estão com elas comprar. Assim não vou aguentar. Sou trabalhador e uma hora a gente acaba perdendo a paciência e fazendo uma besteira, porque as contas estão chegando e a pressão está subindo", reclamou.
A atuação das guardas conta com o apoio da Polícia Militar e da Marinha do Brasil. De acordo com o comandante da Guarda Civil de Contagem, Wedisson Luiz, o nado, a pesca e uso de embarcações não oficiais continuam proibidos na orla. “A corporação estará presente para evitar que situações como as descritas acima possam ocorrer. O objetivo é evitar aglomerações em uma área que, antes da pandemia, era tradicionalmente utilizada para lazer. Espero que a população compreenda e colabore para que possamos sair o mais rápido desta situação”, destacou o comandante.
Mesmo sem os riscos de aglomerações devido à pandemia, a represa de Vargem das Flores traz vários desafios, por ser responsável por 8% do abastecimento da Grande BH, ser área de preservação ambiental e contar com muitas ocupações irregulares, descartes de lixo e entulho ilegais.
A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e as secretarias de Meio Ambiente de Betim e Contagem constataram em vistoria no último ano que o reservatório sofre várias agressões ao meio ambiente - na cabeceira e nas nascentes.
Os principais problemas constatados são a ocupação irregular de terrenos do parque onde fica a represa, queimadas, desmatamentos, lixo nas lagoas, esgoto a céu aberto e denúncias de não tratamento do esgoto.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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