O advogado Bruno Agostini Ribeiro, que defende a falsa enfermeira Cláudia Pinheiro Torres de Freitas no processo que investiga a vacinação clandestina em BH, disse que ainda não pode opinar sobre o inquérito na noite desta segunda (5/4).
Ele voltou a afirmar que só poderá falar sobre a investigação após o encerramento dos trabalhos da Polícia Federal. “A partir de agora nós vamos começar a trabalhar no acompanhamento do inquérito. Até que ele termine, não tenho como dar uma opinião sobre o que tem no processo”, disse o advogado.
“É importante que a imprensa entenda que quando a defesa fala que 'não tem acesso às informações' é porque quando a Polícia Federal faz a investigação, ela vai dividindo em partes. Então, muitas vezes a defesa não tem acesso a essas partes”, explicou Bruno Agostini Ribeiro.
O advogado também defende Igor e Júnior, respectivamente filho e genro de Cláudia Pinheiro. Eles prestaram depoimento à PF na tarde desta segunda, mas não conversaram com a imprensa ao entrar e sair da sede da polícia.
Os dois foram indiciados por associação criminosa e falsificação. Imagem da PF mostra Júnior, o genro da falsa enfermeira, manuseando dinheiro obtido a partir da imunização irregular. A suspeita é que ele era responsável por operar a parte financeira do esquema.
Outra pessoa que prestou depoimento nesta segunda na PF foi a filha de Cláudia, Daniviele Torres. Ela também entrou e saiu da unidade da polícia sem conversar com os jornalistas.
Sobre os depoimentos dos seus clientes, o advogado Bruno Agostini também afirmou que não poderia comentar “questão de mérito”. “A situação deles é que estão à disposição da Polícia Federal para poder contribuir da forma que eles podem”, declarou.
Entenda o caso
Cláudia Pinheiro deixou a prisão nesse sábado (3/4). O caso veio à tona depois que a revista "Piauí" noticiou a imunização irregular de empresários de BH, ligados ao ramo do transporte, se vacinarem em uma garagem no Bairro Caiçaras, Região Noroeste de BH.
Segundo as apurações da PF, a suposta vacinação no local ocorreu nos dias 22 e 23. Pelo menos 80 pessoas passaram pelo local naquelas duas noites.
Os empresários Rômulo Lessa e Robson Lessa, da Saritur, prestaram depoimento à PF e afirmaram ter comprado o que acreditavam ser imunizantes de forma irregular.
Ao decorrer das investigações, que começaram a partir de uma operação da PF no último dia 26, os agentes descobriram que Cláudia aplicou soro fisiológico em seus "clientes", não vacinas contra a COVID-19.
Além dos empresários, Cláudia vendeu o serviço clandestino para moradores da zona nobre de BH. De acordo com as investigações, um dos bairros em que ela mais fez "atendimentos" – em casas e apartamentos – foi o Belvedere, de classe alta, no Centro-Sul da capital mineira.