As viagens de ônibus dos moradores de Pedro Leopoldo, Região Metropolitana de Belo Horizonte, que usam a linha 5297 – Pedro Leopoldo/Terminal Vilarinho – estão mais apertadas. Um comunicado na página do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) informa que entre 4 e 9 de abril as viagens foram reduzidas pela metade. O resultado é mais aglomeração de pessoas que dependem da linha para chegar ao trabalho na capital.
Segundo o servidor público, não adianta reclamar com a empresa porque o site está fora do ar há mais de 10 dias. Ele afirma que a mudança do quadro de horários ocorreu sem nenhum aviso a partir de 22 de março.
“Pago R$ 20 de passagem ida e volta todos os dias e, em tempos de pandemia em vez de aumentarem as linhas para evitar aglomeração, só vejo o contrário. Antes da mudança, nos dia úteis eram quatro viagens entre 5h10 e 5h45. Agora, são só duas nesse intervalo de tempo”, reclama.
Para registrar a aglomeração, Constantino gravou um vídeo às 7h15 desta terça-feira (6/4). Segundo ele, quem pega trabalho às 9h em BH e quer chegar na hora certa só tem duas opções de viagem: 7h15 e 7h45.
A mudança no quadro de horários, com retirada de uma viagem, piorou a situação.
A mudança no quadro de horários, com retirada de uma viagem, piorou a situação.
De acordo com a deliberação do Comitê extraordinário COVID-19 N° 99, a mais atualizada sobre a situação do transporte público de passageiros em Minas Gerais, a lotação dos ônibus não pode exceder a metade da capacidade de passageiros sentados e não pode haver passageiro em pé.
Caso os passageiros fiquem em pé, a distância entre cada um deles deve ser de 1,5 metro.
Caso os passageiros fiquem em pé, a distância entre cada um deles deve ser de 1,5 metro.
Mas não é o que a desenhista técnica Rita de Cassia Aparecida Ferreira presencia quando precisa ir a BH. Ela também aponta não haver desinfecção entre as viagens, nem a oferta de álcool em gel. “O mesmo ônibus que sai de Pedro Leopoldo é o que volta, o famoso bate e volta”, conta.
A desenhista ainda diz que o ônibus do transporte coletivo intramunicipal que também pertence à Expresso UNIR anda com a capacidade máxima de lotação e não tem cumprido os decretos municipais e estaduais sobre aglomeração no transporte público.
Rita usa com frequência a linha 180 Pedro Leopoldo/Morada dos Angincos.
Rita usa com frequência a linha 180 Pedro Leopoldo/Morada dos Angincos.
“Além da falta de respeito com os seres humanos em plena pandemia em não colocar mais ônibus, os motoristas da linha cobram a passagem e dirigem ao mesmo tempo, não tem mais trocador. Já fiz duas reclamações, mas até agora só vejo o descaso”, comenta.
A palavra da prefeitura
A Prefeitura de Pedro Leopoldo diz que, além de notificar a concessionária do transporte coletivo para rodar com 100% da frota e permitir somente passageiros sentados, determinou que a Expresso Unir apresente um estudo e uma proposta de alterações no quadro de horários, visando o aumento do número de ônibus nos horários de pico.
Existe a oferta de horários com tempo mínimo de espera entre 10 e 15 minutos, nos horários de maior movimentação de passageiros.
Existe a oferta de horários com tempo mínimo de espera entre 10 e 15 minutos, nos horários de maior movimentação de passageiros.
A prefeitura também informa que por meio Gerência Municipal de Trânsito e Transportes de Pedro Leopoldo (TransPL) vão ser intensificadas as orientações e as campanhas informativas, bem como a fiscalização.
Sobre as denúncias, afirma que já está acionando a empresa (Expresso Unir) para entender os motivos e solicitar soluções imediatas.
Sobre as denúncias, afirma que já está acionando a empresa (Expresso Unir) para entender os motivos e solicitar soluções imediatas.
Denúncias em aplicativo
O morador Kelsen Ribeiro tem um aplicativo chamado Busão do Povo em que recebe diariamente reclamações sobre a precariedade dos serviços de transporte na cidade.
Dados do aplicativo mostram que a linha 5297 recebeu 30 denúncias de usuários em 2021, sendo que 33% delas são referentes à superlotação e 23% sobre redução de veículos.
Dados do aplicativo mostram que a linha 5297 recebeu 30 denúncias de usuários em 2021, sendo que 33% delas são referentes à superlotação e 23% sobre redução de veículos.
De acordo com Kelsen, é de se indignar com a falta de compromisso, qualidade e eficiência prestada pelas concessionárias.
No caso da Expresso Unir, o contrato com o município terminou em dezembro de 2020, mas devido à pandemia da COVID-19, o prazo foi prorrogado de forma emergencial por 10 meses, até outubro de 2021.
No caso da Expresso Unir, o contrato com o município terminou em dezembro de 2020, mas devido à pandemia da COVID-19, o prazo foi prorrogado de forma emergencial por 10 meses, até outubro de 2021.
"Nunca reclamei no Ministério Público, mas vejo que, com a atuação desse Órgão na fiscalização do poder público, a situação da cidade pode melhorar".
O que diz o DER
O DER afirma que de março de 2020 até fevereiro deste ano, a empresa responsável pela linha foi autuada sete vezes pela equipe de fiscalização que atua com 13 fiscais em toda RMBH e conta com o apoio de outros 19 da Diretoria de Gerenciamento do Transporte Metropolitano (DGTM), além da Guarda Municipal e Polícia Militar.
Do dia 01 de janeiro deste ano o dia 5 de abril, o Atendimento ao Usuário do DER-MG recebeu 14 reclamações da linha 5297. As ocorrências foram sobre alteração de quadro de horários, descumprimento de ponto de embarque e desembarque, descumprimento de quadro de horários e superlotação.
Também informa que de acordo com dados extraídos do Sistema de Gerenciamento do Transporte Metropolitano da RMBH, entre 22 e 31 de março de 2021, a linha 5297 teve uma demanda média de 27 e de 19 passageiros, respectivamente nos trechos ida e volta, na faixa horária de 7h.
Considerando que essa linha utiliza veículos do tipo PADRON, o quantitativo de passageiros atende à Deliberação N° 99 do Comitê Extraordinário COVID-19.
Considerando que essa linha utiliza veículos do tipo PADRON, o quantitativo de passageiros atende à Deliberação N° 99 do Comitê Extraordinário COVID-19.
O DER salienta que o quadro de horários que está sendo operado desde a implantação dos quadros especiais da pandemia são os de nomenclatura “dia útil especial COVID-19”, “Sábado especial COVID-19” e “Domingo Especial COVID-19”.
O órgão alerta que a consulta por parte do usuário deve seguir essas nomenclaturas para não confundir os horários.
O órgão alerta que a consulta por parte do usuário deve seguir essas nomenclaturas para não confundir os horários.
Ainda segundo o DER, diante da situação atípica imposta pela pandemia, os quadros de horários das linhas de ônibus metropolitanos tiveram que ser reajustados a fim de encontrar equilíbrio econômico-financeiro.
Todas as linhas do transporte público metropolitano estão sendo monitoradas pelo DER-MG e pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), via Sistema de Gerenciamento do Transporte Metropolitano da RMBH, e sendo verificadas se atendem à capacidade máxima permitida na Deliberação N° 99.
Todas as linhas do transporte público metropolitano estão sendo monitoradas pelo DER-MG e pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra), via Sistema de Gerenciamento do Transporte Metropolitano da RMBH, e sendo verificadas se atendem à capacidade máxima permitida na Deliberação N° 99.
De acordo com a Seinfra, durante a pandemia diversas linhas já tiveram aumento em seus quadros de horários para que se adequassem às alterações de demanda.
Em contrapartida, as alterações de funcionamento do comércio e restrições na circulação de pessoas de acordo com o decreto da onda roxa em Minas Gerais também impactam na demanda.
Em contrapartida, as alterações de funcionamento do comércio e restrições na circulação de pessoas de acordo com o decreto da onda roxa em Minas Gerais também impactam na demanda.
A empresa Expresso Unir foi procurada, mas não atendeu às ligações.