A corrida para imunizar toda a população contra a COVID-19 tem encontrado obstáculos burocráticos que interferem diretamente nas intenções de compras governamentais. A Sputnik V, por exemplo, é uma das mais baratas do mercado, mas, por falta de informações técnicas, ainda não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Apesar desses entraves, a prefeitura de Betim afirma que aguarda a chegada deste imunizante até 30 de abril. A vacina russa segue sem previsão de ser usada pelo Ministério da Saúde.
A prefeitura de Betim anunciou em 11 de março a compra de 1,2 milhão de doses da Sputnik V, desenvolvida pelo Centro de Pesquisas Gamaleya. O acordo foi firmado de forma independente entre o município e os representantes russos. O valor da compra foi de 11,6 milhões. Este imunizante é aplicado em duas doses, com intervalo de 21 dias entre cada aplicação.
Em 1º de abril, a prefeitura publicou decreto para as empresas do município realizarem cadastros de categorias previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI). Além das empresas e indústria, todo o setor privado de Educação (do pré-escolar ao Ensino Superior) precisa se cadastrar. A intenção é vacinar todos os profissionais, mesmo aqueles que moram em outras cidades, mas que trabalhem em Betim.
Será necessário a empresa relatar número de colaboradores, nomes e comprovar vínculo empregatício com CNPJ de Betim.
A partir da próxima sexta-feira (9/4), haverá o cadastro do plano de imunização B, que pegará toda a população da faixa etária de 59 a 18 anos, comércio atacadista e varejista e demais serviços de qualquer natureza.
Em vídeo, o prefeito Vittorio Medioli confirmou a espera das vacinas em abril. “Nós colocamos o pedido no exterior, foi confirmado, veio o contrato e esperamos poder receber neste mês de abril. Nós temos preparados 10 pontos na cidade que servirão para a imunização acelerada. Estamos preparando um plano para em 30 dias imunizar toda a população de Betim”, disse.
Betim é apenas uma das cerca de 100 cidades mineiras que entraram em contato com o consulado russo em Minas Gerais para a aquisição das vacinas. O total de doses negociadas, segundo o consulado, é de 15 milhões de unidades. Contudo, as doses só chegariam a partir do segundo semestre de 2021.
Belo Horizonte, porém, descartou a possibilidade de compra da Sputnik V, já que os imunizantes estariam previstos para chegar à capital mineira somente em setembro.
A prefeitura de Betim foi questionada sobre detalhes do contrato e se haveria um plano B, caso a vacina não consiga a autorização da Anvisa. As perguntas não foram respondidas, mas, por nota, a assessoria de comunicação informou que a compra está mantida e que há um acordo de confiabilidade e que, por esta razão, a prefeitura não pode divulgar detalhes da negociação.
“A gestão municipal pode adiantar apenas que a compra foi realizada e a chegada dos imunizantes à cidade está prevista para até o dia 30 de abril”, diz a nota.
Anvisa prevê missão à Rússia para inspecionar fabricação da Sputnik V
O diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, disse que a agência vai enviar uma missão à Rússia para inspecionar a fabricação da vacina Sputnik V. Segundo Torres, o Brasil já tem autorização da Rússia para visitar as instalações de produção de insumos e da própria vacina.
A União Química, que fabricará o imunizante russo no Brasil, também está de olho na aprovação da Anvisa para começar a produção. A empresa já fechou um acordo com o governo russo para fabricar e distribuir o imunizante no Brasil e na América Latina. A aprevisão da empresa é de 8 milhões de doses por mês, após a autorização.
Na noite de terça-feira (6/4), a Anvisa divulgou uma nota em que diz que vai buscar de forma proativa informações que busquem superar aspectos técnicos do pedido de importação da Sputnik. Há pressão por parte de alguns governadores, que têm interesse na aquisição desse imunizante.
A agência vai avaliar o pedido de importação feito pelos estados com a garantia de qualidade necessária para a vacina e a buscar informações junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Agência Europeia de Medicamentos (EMEA). A Anvisa explicou que o "processo de importação excepcional é mais simples do que a avaliação para o uso emergencial ou para o registro de uma vacina".
No momento a Anvisa avalia o pedido de importação da Sputnik feito por 12 estados e é um processo independente e separado do pedido de uso emergencial, feito pelo laboratório União Química para a vacina Sputnik.
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