Jornal Estado de Minas

SAÙDE

Santa Casa de Montes Claros desmente falta de anestésicos para cirurgias

O drama enfrentado nos hospitais em Minas Gerais diante do agravamento da pandemia da COVID-19 não se restringe à superlotação e falta de vagas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com complicações decorrentes do coronavirus. O sofrimento também é vivido por pessoas com outras doenças, que precisam de ser submetidas a cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas o caso não tem urgência.




Essas pessoas estão sendo obrigadas a esperar pelo tratamento por causa da suspensão temporária das cirurgias eletivas pelo SUS, medida adotada pela Secretaria de Estado de Saúde. Apenas as cirurgias de urgência, como as cardíacas e oncológicas, estão mantidas.

A dificuldade com a suspensão das cirurgias eletivas é verificada na Santa Casa de Montes Claros, maior hospital do Norte de Minas credenciado ao SUS e que, como outras instituições, enfrenta um outro problema em meio à pandemia: a escassez de anestésicos. 

Nesta quinta-feira (8/4), um morador dirigiu uma mensagem ao governador Romeu Zema (Novo) por meio de uma rede social do EM, dizendo que cirurgias oncológicas estão sendo suspensas na Santa Casa de Montes Claros.

"Governador, as cirurgias oncológicas estão sendo canceladas na Santa Casa em Montes Claros por falta de anestésico. Pelo amor a Deus (sic) faça alguma coisa, pois câncer sem tratamento a tempo é uma sentença de morte", escreveu o internauta.



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A Santa Casa de Montes Claros desmentiu que esteja ocorrendo o cancelamento de cirurgias da área oncológica no hospital devido à falta de remédios.

“No momento, não há falta de medicamentos ou anestésicos para atendimento aos pacientes. Todas as cirurgias de urgência, inclusive oncológicas, estão sendo realizadas plenamente”, informou.

A  instituição comunicou que “somente as cirurgias eletivas que podem ser reagendadas é que estão sendo provisoriamente suspensas”. Informou que a cirurgias podem ter as datas mudadas “diante do risco de desabastecimento, tendo em vista que está ocorrendo uma drástica redução no fornecimento pela indústria e distribuidores de bloqueadores neuromuscalres e anestésicos, problema esse quem vem ocorrendo há aproximadamente 15 dias”. 

Por outro lado, o hospital anunciou que “está em busca incessante para aquisição dos insumos e devida regularização dos seus estoques para retomada plena dos procedimentos”. 

Na tarde desta quinta, a secretária municipal de Saúde de Montes Claros, Dulce Pimenta, disse que a realização de procedimentos cirúrgicos na rede privada contratada ou conveniada ao SUS está suspensa desde o dia 16 de fevereiro de 2021, por resolução da Secretaria de Estado de Saude, por causa da pandemia. 



Porém, as internações para cirurgias oncológicas e cardíacas “continuam sendo autorizadas regularmente, sem represamento”. A secretária de Saúde da cidade-polo do Norte do estado alertou ainda que caso algum usuário tenha uma cirurgia eletiva oncológica ou cardíaca, ou atendimento de urgência, negados por algum hospital conveniado ao SUS deve denunciar o caso de imediato.

A denúncia, disse Dulce Pimenta, deve ser formalizada junto à Secretaria Municipal de Saúde, através da ouvidoria do SUS, presencialmente, ou pelo telefone 0800 030 4302, podendo ainda ser feita por e mail ouvidoriasaude@montesclaros.mg.gov.br, para a tomada de providências. 

 

O que diz a Secretaria de Estado de Saúde

No inicio da noite desta quinta-feira, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) reafirmou, por meio de nota, que a Deliberação 130, que estabelece os protocolos da onda roxa – medida mais restritiva do Plano Minas Consciente – “não cancela as cirurgias oncológicas”.





Destaca que as cirurgias oncológicas e cardíacas “são consideradas como essenciais e autorizadas, de maior gravidade, cujo atraso do procedimento possa levar a óbito do paciente”.

Por outro lado, diz a pasta, “já as cirurgias eletivas, tanto na rede pública quanto na particular, estão suspensas em decorrência da pandemia da COVID-19, para um controle mais efetivo do estoque de medicamentos para o tratamento da COVID-19". 

“Isso porque o estoque de sedativos utilizados na intubação do paciente da COVID-19 encontra-se em nível não recomendável para o enfretamento da pandemia. As unidades hospitalares de Minas Gerais, que trabalhavam com estoque de 60 dias ou mais, enfrentam dificuldades no abastecimento”, diz a nota.

A secretaria alegou que o Ministério da Saúde mudou o procedimento para a requisição administrativa desses insumos. No entanto, “não consegue distribuir em tempo hábil para todos os estados”. 

A SES informou ainda que  o governo do estado “tem buscado solucionar o problema de forma paliativa, remanejando o estoque atual".





Alem disso, a pasta destacou que, no caso das “instuições que têm aumento abrupto de consumo” dos sedativos, a Secretaria está disponibilizando kits intubação — bloqueadores neuromusculares para manter a sedação de pacientes com COVID-19. 

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