Jornal Estado de Minas

PANDEMIA EM MINAS

De frente para o colapso, vacina contra a COVID-19 opõe Zema e Kalil


O governador Romeu Zema (Novo) admitiu ontem o risco de que pacientes intubados saiam da sedação por falta de medicamentos, tendo em vista o nível crítico ao qual chegou a escassez de remédios nos hospitais do estado. Unidades de saúde que costumavam trabalhar com estoques para dois meses preveem prazo máximo de um a três dias de disponibilidade dos sedativos. O problema foi tratado por Zema durante entrevista em que fez um balanço sobre as medidas de enfrentamento à COVID-19 em Minas e falou sobre a campanha de vacinação. Em tom de crítica, ele afirmou que há prefeituras estocando imunizantes contra o coronavírus e apelou para que o trabalho não seja interrompido.





Belo Horizonte foi uma das cidades que suspendeu a imunização no fim de semana, com o argumento de que os profissionais de Saúde necessitavam de descanso. A crítica do governador gerou resposta ontem mesmo do prefeito de BH, Alexandre Kalil. Horas depois da declaração do governador, Kalil publicou em sua conta no Twitter taxa percentual de vacinação na capital, de 13,97% da população, superior a do estado e do Brasil. A postagem foi acompanhada da frase “Esclarecimento sobre vacinação. Chega de polêmica sem planejamento”, escreveu o prefeito.


 
Ainda em relação à falta de sedativos, Romeu Zema disse que além da demanda muito alta, a escassez estaria ligada à mudanca de trâmites no Ministério da Saúde. “Esta sim é uma grande preocupação. As unidades hospitalares do estado que sempre trabalharam com estoque de 60 dias ou mais, hoje, muitas delas têm estoque para um dia, dois dias ou três dias. Estamos correndo o risco de pacientes intubados acordarem porque faltou sedativo, e sabemos que isso não pode ocorrer de forma alguma”, afirmou.
 
De acordo com Romeu Zema, o desabastecimento de sedativos ocorre devido ao fato de o Ministério da Saúde ter feito requisição administrativa desses insumos junto à indústria. Até poucas semanas atrás, cada unidade hospitalar fazia seu pedido diretamente na indústria. “Com essa requisição administrativa, o ministério passou a ter acesso a toda essa produção, e ele não tem conseguido distribuir na velocidade adequada”, afirmou.



O governador disse que busca parceiros para a compra de mais sedativos. “Temos tentado importar, temos tentado outros meios, mas é um insumo que está em falta. Precisamos deixar claro, hoje a situação é crítica, e amanhã podemos ter notícias desagradáveis com relação a isso caso o fornecimento não seja normalizado”.

Reserva


Instituições no estado enfrentam escassez de medicamentos fundamentais para o tratamento de pacientes que necessitam de ventilação mecânica (foto: Arte/Soraia Piva)
Ao pedir que a vacinação não seja interrompida, o governador de Minas sustentou que o estado não pode ser culpado por eventuais interrupções da campanha de imunização contra a COVID-19, porque tem distribuição as cargas de imunizantes em questão de horas. “A vacina resolve nosso problema quando ela está aplicada no braço de quem precisa, e não dentro do refrigerador, do congelador, aguardando para ser vacinado. Tanto é que nesta última semana, juntamente com Ministério Público, juntamente com Associação Mineira de Municípios, nós tomamos uma série de medidas para agilizar mais ainda esse processo”, disse.
 
Segundo Rome u Zema, a partir desse trabalho o governo identificou que em algumas prefeituras o processo estava mais ágil, enquanto em outras havia formação de estoque. “Nessas onde o processo está mais ágil, é onde estaremos direcionando essa reserva técnica. Quem está com maior velocidade, vai receber um pouco mais de vacina, não é muito, mas vai receber mais.”




 
A orientação do governo é de que a imunização seja mantida inclusive nos fins de semana. “Onde há fila e onde há disponibilidade de vacina, que é a grande maioria das prefeituras, que esse processo, inclusive, continue no final de semana. Quero salientar aqui que a distribuição estado para municípios tem acontecido em questão de horas”, afirmou.
 
Zema também disse que algumas prefeituras não buscam as remessas de vacinas a tempo e que o governo faz a entrega no tempo esperado. “O que tem ocorrido é: algumas prefeituras não buscam essas vacinas na velocidade em que poderiam. Outras não aplicam na velocidade em que poderiam, e nós ainda temos uma questão de informação. Algumas prefeituras aplicam vacina, mas não informam no sistema no tempo adequado”, complementou.
 
De acordo com o governador, será enviada aos municípios parcela de 5% de doses de vacinas estocadas na forma de reserva técnica. Ele explicou que a alteração no processo de distribuição dos imunizantes foi necessária para agilizar o processo. “A reserva técnica de 5%, que sempre foi estocada, agora será enviada aos municípios para que haja maior disponibilidade de vacinas. Não é recomendado estocar doses neste momento”.




 

Desempenho


Ao ser questionado pelo Estado de Minas sobre os números altos de mortes provocadas pela COVID-19, o governador de Minas lamentou ontem o fato de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na visão de Zema, ter menosprezado a pandemia, especialmente quando os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus surgiram no país, em março de 2020. “Quando analisamos óbitos por milhão de habitantes, fica claro que o desempenho do Brasil não é bom, poderia ser muito melhor. Lamentamos muito que esse inimigo tão perigoso tenha sido menosprezado lá atrás”, disse Zema.
 
Apesar da crítica, Zema ponderou a excepcionalidade da COVID-19. O governador, que até então não assinou nenhuma das cartas formuladas por governadores contra as ações de Bolsonaro na pandemia, disse que poucos países lidaram bem com a pandemia e que até nações desenvolvidas sofrem nos dias de hoje, mesmo com mais de um ano completo da pandemia. *Estagiário sob supervisão da subeditora Marta Vieira
 

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.

Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).





  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.





Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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