Jornal Estado de Minas

COVID 19

Jornalista morre em decorrência da COVID-19 em Montes Claros

Foi sepultado no final da  tarde desta segunda-feira (12/4), no Cemitério do  Bonfim, em Montes Claros, no Norte de Minas, o corpo do jornalista e empresário Américo Martins Filho, de 84 anos, vítima de complicações da COVID-19. Ele estava internado na Santa Casa de Montes Claros.





 

Fundador do “Jornal do Norte” (já extinto), Amério Martins Filho se notabilizou pela preservação da imprensa de Montes Claros e do Norte de Minas. Guardava os acervos de antigos jornais da cidade e da região, entre eles o do “Gazeta do Norte”, que circulou no início do Século XX. Os arquivos mantidos por ele se transformaram em fonte de pesquisa de professores e pesquisadores.

 

 

 

A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) divulgou nota de pesar, lamentando a morte do jornalista. Na nota, a Unimontes destaca que  Américo Martins ofereceu "grande contribuição   para a cultura e para a preservação da memória e da história regional", atendendo pesquisadores com a “cessão permanente de seu acervo histórico para consultas e amplas pesquisas nos jornais e revistas publicados ao longo de várias décadas na imprensa de Montes Claros e do Norte de Minas”.

 

O antigo “Jornal do Norte”, fundado por Américo Martins em 1979 e que circulou até a década de 2000, teve importante trabalho de investigação jornalística no duplo homicídio ocorrido em Montes Claros em 19 de  maio de 1981, que teve como vítimas o casal de namorados Fábio Martins da Rocha e Cláudia Maria Athayde Soares, o “crime do porta-malas”, que alcançou repercussão nacional.





 

O casal apareceu morto dentro do porta-malas de um chevette perto de uma torre de telefonia, próximo da BR 135 (estrada  Montes Claros/Bocaiuva. Depois, foi descoberto que os autores da  morte do  casal eram quatro detetives envolvidos na própria apuração do  crime.

 

Américo Martins documentou a última viagem do trem de passageiros que circulava entre Montes Claros e Monte Azul, ocorrida em 4 de setembro de 1996.

 

Ele organizou um grupo de historiadores, jornalistas e intelectuais para participar da “última viagem do trem do sertão”, que também foi documentada pelo Estado de  Minas, por intermédio  do jornalista Paulo Narciso.

 

Integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, ele também contribuiu com obras públicas na cidade. Por meio doações feitas por ele foi construído o monumento em homenagem aos tropeiros em uma das saídas do município.





 

Mas, o jornalista e empresário que foi vítima da COVID-19, teve outro feito importante: com esforço próprio, ele garantiu a implantação de serviços básicos de saúde, escola e outros  benefícios ao distrito de Santa Cruz, no município de Urucuia (também no Norte de  Minas),  região focalizada no livro “Grande Sertão: veredas”, obra-prima do escritor mineiro Guimarães Rosa.

 

Em abril de 2017, a reportagem do Estado de Minas percorreu a região do Urucuia e visitou o distrito de Santa Cruz ao percorrer os  “ caminhos” das veredas e  mostrar os impactos ambientais na região, quando foram completados 60 anos do lançamento da obra-prima de Guimarães Rosa.