Jornal Estado de Minas

SEGUNDA DOSE ESQUECIDA

Atraso na busca por reforço contra a COVID-19 preocupa Ministério da Saúde



Um levantamento feito pelo Estado de Minas com base nos dados do vacinômetro da Secretaria de Estado da Saúde indica que mais de 500 mil mineiros já poderiam ter completado o esquema vacinal contra a COVID-19, levando-se em conta o intervalo entre as doses, mas ainda não o fizeram. A constatação de que a mesma situação ocorre também em outros estados levou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a fazer um apelo ontem aos que não completaram o esquema vacinal para evitar que o esforço de imunização se perca.





“Muitos tomaram a primeira dose da vacina para a COVID-19. E nós fazemos um esforço muito grande para conseguir essas vacinas. É preciso que aqueles que ainda não tomaram a segunda dose, e são muitos, procurem as salas de imunização dos municípios, para a segunda dose. Senão o esforço, que é tão cobrado, e devidamente cobrado, se perde. Aos brasileiros que já tomaram a primeira dose, não deixem de tomar a segunda, porque só assim vamos superar essa emergência sanitária", disse o ministro.
 
O painel com dados da campanha em Minas aponta que 2,15 milhões de pessoas receberam a primeira dose de imunizante e apenas 727.451 foram vacinados com a segunda dose. Isso significa que 1,42 milhão de pessoas ainda precisam completar o esquema no estado. Uma parcela desse total aguarda o intervalo exigido para tomar a segunda dose, mas, como o levantamento mostrou,500.145 já poderiam ter recebido a segunda injeção.
 
Os números de vacinação no estado são considerados baixos se levarmos em conta a população total de Minas. Dos 21,29 milhões de habitantes – população estimada em 2020 pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) –, 10,89% receberam a primeira dose e apenas 3,42% o reforço, de acordo com o painel COVID-19 Brasil. Essa diferença entre o percentual dos vacinados com a primeira dose e o número dos que receberam a segunda pode significar um absenteísmo, ou seja, o não comparecimento aos postos de vacinação.




 
Muitas pessoas ainda não tomaram a segunda dose devido ao intervalo necessário entre uma dose e outra. Para a Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, o prazo indicado para completar o esquema vacinal é de até 28 dias. Para a vacina da Astrazeca/Oxford, que tem parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o prazo é maior, de 90 dias.

Metodologia


Para fazer o levantamento, a reportagem considerou a aplicação da Coronavac, que representa 77,28% das doses envidas a Minas Gerais pelo Ministério da Saúde (3,96 milhões das 5,13 milhões de doses recebidas). Em seguida, foram identificados os grupos prioritários que já estão com as datas liberadas para receber a segunda dose: idosos em instituição de longa permanência; indígenas aldeados; pessoas de 80 a 84 anos; de 85 a 89; mais de 90 anos; e trabalhadores da saúde. Em cada um desses grupos, foi calculada a diferença entre as pessoas que tomaram a primeira dose e as que receberam a segunda para saber quantas não completaram o esquema vacinal dentro do prazo.
 
O grupo com maior contingente é o de trabalhadores da saúde. Até o momento, foram vacinados com a segunda dose 314.782 pessoas, de um total de 551.598 que receberam a primeira injeçãinal – ou seja, o percentual de pessoas que tomaram o imunizante dentro do universo apto para recebê-lo é do. Ou seja, 236.816 ainda não completaram a imunização, embora já pudessem fazê-lo. Nesse grupo, a cobertura vace 82,39% na primeira e de 47,02% na segunda dose.




 
O segundo grupo engloba pessoas de 85 a 89 anos. Nele, 146.050 pessoas tomaram a primeira dose 61.008, a segunda. Ainda não completaram o esquema vacinal 85.042, o que equivale a 58,2% dos que receberam a primeira injeção. No universo dessa faixa etária, a cobertura vacinal, por ora, é de 93,87% para a primeira dose e 39,21% para a segunda. Na lista de prioritários, o grupo com menor diferença entre a aplicação das duas doses são os indígenas aldeados. Apenas 508 ainda não receberam a segunda dose, o que representa 7,12% do total que recebeu a primeira dose.
 
A reportagem solicitou à Secretaria de Estado de Saúde os dados de pessoas em Minas que ainda não receberam a segunda dose, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Confira a situação da vacinação contra a COVID-19 entre os grupos prioritários em Minas (foto: Arte EM)


Na capital


O EM também solicitou a informação à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, que enviou uma nota. A SMS informou que a aplicação da segunda dose segue em andamento no município. No último sábado (10/4), cerca de 13,5 mil pessoas de 76 e 75 anos receberam a segunda dose da vacina contra a COVID, o que representa 50% do público. A aplicação da segunda dose para esse público continuava sendo feita ontem.
 
Ainda há idosos a partir de 77 anos recebendo a segunda dose e outros, que foram imunizados com a Oxford, que vão completar o esquema vacinal em maio. Desta forma, ainda não é possível ter dados para cálculo da cobertura vacinal, visto que a imunização prevê aplicação das duas doses.




 
A nota informou ainda que o registro de aplicação das vacinas é feito no sistema do Ministério da Saúde, cuja estratificação por faixa etária contempla grupos em momentos distintos de vacinação. Além disso, os registros ainda estão sendo atualizados em função da instabilidade do sistema de informações.
 
Entre os idosos de 75 a 79 anos, por exemplo, a cobertura vacinal da segunda dose está em 22,6%, ou seja 77,4% ainda não tomaram a segunda dose. "A vacinação ainda está em andamento, portanto, o dado ainda não pode ser considerado como indicador de absenteísmo", afirmou a SMS.
 
A secretaria ainda informou que, para garantir que a população complete o esquema vacinal, a prefeitura, por meio das equipes de saúde, tem reforçado as orientações e feito contato com as famílias, para alertar sobre a data da vacinação.



O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.

Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.





  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:






audima