Em mais uma etapa da campanha de imunização contra a COVID-19 de Belo Horizonte, trabalhadores da saúde com idades entre 43 e 49 anos começaram a ser vacinados a partir desta quinta-feira (15/4). E mesmo em meio ao alívio por receberam a primeira dose do imunizante, muitos deles aproveitaram o momento para criticarem a postura principalmente do governo federal no combate à pandemia.
De acordo com a PBH, apenas aqueles que fizeram o cadastro no site do Executivo municipal até a última sexta-feira (9/4) poderão receber a dose da vacina. Além disso, o profissional não pode ter apresentado sintomas do coronavírus nos últimos 30 dias nem ter tomado qualquer outra vacina no mesmo período.
Das 7h30 às 16h30, nove pontos exclusivos de vacinação foram disponibilizados pela prefeitura para receber o grupo. No posto drive-thru do Shopping Del Rey, inaugurado nesta semana como mais um reforço na campanha na capital, e o primeiro com este formato na regional Pampulha, o movimento foi agitado pela manhã. A reportagem do Estado de Minas flagrou uma longa fila de veículos à espera do atendimento.
Enquanto ainda aguardava em seu carro para receber a primeira dose da vacina no estacionamento do centro comercial, a pesquisadora Carina Marconari de Souza, de 48 anos, relatou o sentimento de alívio e ansiedade ao estar prestes a ser imunizada contra o vírus.
Segundo a profissional da saúde, um misto de pensamentos passa pela cabeça neste momento. “A sensação com certeza é de alívio, mas, ao mesmo tempo, é de tristeza em saber que nem todas as pessoas estão sendo vacinadas neste momento. O que eu desejaria para todos os brasileiros é a vacina agora, é vacina já.”
Carina atualmente trabalha na sede mineira da instituição de pesquisa Fiocruz, realizando estudos sobre a doença da leishmaniose. Ela avalia o momento crítico que o país vive com a pandemia como um fator da irresponsabilidade do governo federal.
“É um completo desgoverno e um completo descaso. Nós possuímos o maior poder de vacinação do mundo. Somos um dos países mais bem organizados em vacinação do mundo, mas o mais lento no caso do coronavírus”, disse a pesquisadora.
Acompanhada pelo marido, a fisioterapeuta Ana Paula Almeida, de 45 anos, foi outra profissional da área a ser vacinada no drive-thru do Del Rey. Durante a pandemia, o casal, que atua na mesma área, viu a rotina de trabalho ser transformada, principalmente com seus pacientes idosos.
Com a primeira etapa da imunização completa, a médica fala que o medo da contaminação, para si mesma e as pessoas ao seu redor, agora é um pouco menos ameaçador.
“Por ser uma responsabilidade muito grande, ficamos com o coração apertado o tempo todo. Apesar de termos toda a formação para saber sobre os cuidados que têm que ser tomados, você fica mais tranquila que não vai levar nada para sua família e que pode atender seus pacientes com segurança”, relata Ana Paula.
“Por ser uma responsabilidade muito grande, ficamos com o coração apertado o tempo todo. Apesar de termos toda a formação para saber sobre os cuidados que têm que ser tomados, você fica mais tranquila que não vai levar nada para sua família e que pode atender seus pacientes com segurança”, relata Ana Paula.
Para o engenheiro de departamentos médicos, Afonso Jorge, de 44 anos, a imunização foi um momento que demorou para chegar. Segundo o profissional, até o dia da segunda dose, programada para 13 de maio, os cuidados com a prevenção da COVID-19 serão redobrados.
"É uma questão de massa. Ainda estamos com o número de pessoas vacinadas muito abaixo da quantidade da população. Temos que continuar nos cuidandos do mesmo jeito", disse Afonso.
Trabalhadores do CRM-MG sem vacina
No ponto de imunização da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, na Região Centro-Sul, trabalhadores do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) ficaram aborrecidos após serem barrados no local na vacinação.
Segundo o motorista Roberto Pereira dos Santos, de 55, e outros trabalhadores que foram ao posto para receber a primeira dose do imunizante, os profissionais do Conselho preenchem os requisitos para o grupo prioritário, mas não constam na lista de cadastro de vacinação da PBH.
“Na listagem de estabelecimentos da saúde não consta o CRM-MG, mas tem a opção de colocar ‘outros’, que é o que colocamos no cadastro. Quando chegamos para ser vacinados, eles não estão reconhecendo que fazemos parte do gestores da saúde. Vou continuar aguardando aqui uma possível resposta”, disse o motorista.
Em resposta ao questionamento dos profissionais do CRM-MG, a representante da mantenedora, Anna Paola Moura, que coordena a vacinação na faculdade nesta quinta-feira (15/4), informou ao EM que todos aqueles contemplados na listagem de prioridades do governo federal estão sendo imunizados.
“Isso é uma questão do Ministério da Saúde que, dentro das diretrizes, não considera os profissionais que trabalham em conselhos, que não são de estabelecimentos da saúde, a se vacinar neste momento. Estamos aguardando a vacina para todos os brasileiros”, relatou a representante.
Onde vacinar
A vacinação para os trabalhadores da saúde será realizada até esta sexta-feira (16/4). Quem não conseguir se imunizar nessas duas datas, deve procurar esses pontos de aplicação das injeções.
Para o momento da imunização, é necessário que o profissional leve documento de identificação com foto, registro no conselho profissional e documento que comprove a veiculação ativa do trabalhador com serviço de saúde localizado em Belo Horizonte. A lista completa da documentação pode ser acessada no portal da PBH.
Confira onde pontos de imunização estão funcionando:
Unidades de saúde
- Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (Alameda Ezequiel Dias, 275 – Centro)
- Escola de Saúde Pública (Rua Uberaba, 2.061 – Barro Preto).
Postos drive-thru
- BHTrans (Avenida Engenheiro Carlos Goulart, 900 – Buritis)
- Corpo de Bombeiros (Rua Piauí, 1.815 – Funcionários)
- Minas Shopping (Avenida Cristiano Machado, 4.000 – União)
- Shopping Estação BH (Avenida Vilarinho, acesso pelo estacionamento G1 – Vila Clóris)
- Shopping Del Rey (Avenida Presidente Carlos Luz, 3.001 – Alto Caiçaras).
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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