Em mais uma etapa da campanha de imunização contra a COVID-19 de Belo Horizonte, trabalhadores da saúde com idades entre 43 e 49 anos começaram a ser vacinados a partir desta quinta-feira (15/4). E mesmo em meio ao alívio por receberam a primeira dose do imunizante, muitos deles aproveitaram o momento para criticarem a postura principalmente do governo federal no combate à pandemia.
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Enquanto ainda aguardava em seu carro para receber a primeira dose da vacina no estacionamento do centro comercial, a pesquisadora Carina Marconari de Souza, de 48 anos, relatou o sentimento de alívio e ansiedade ao estar prestes a ser imunizada contra o vírus.
Segundo a profissional da saúde, um misto de pensamentos passa pela cabeça neste momento. “A sensação com certeza é de alívio, mas, ao mesmo tempo, é de tristeza em saber que nem todas as pessoas estão sendo vacinadas neste momento. O que eu desejaria para todos os brasileiros é a vacina agora, é vacina já.”
Carina atualmente trabalha na sede mineira da instituição de pesquisa Fiocruz, realizando estudos sobre a doença da leishmaniose. Ela avalia o momento crítico que o país vive com a pandemia como um fator da irresponsabilidade do governo federal.
“É um completo desgoverno e um completo descaso. Nós possuímos o maior poder de vacinação do mundo. Somos um dos países mais bem organizados em vacinação do mundo, mas o mais lento no caso do coronavírus”, disse a pesquisadora.
Acompanhada pelo marido, a fisioterapeuta Ana Paula Almeida, de 45 anos, foi outra profissional da área a ser vacinada no drive-thru do Del Rey. Durante a pandemia, o casal, que atua na mesma área, viu a rotina de trabalho ser transformada, principalmente com seus pacientes idosos.
Com a primeira etapa da imunização completa, a médica fala que o medo da contaminação, para si mesma e as pessoas ao seu redor, agora é um pouco menos ameaçador.
“Por ser uma responsabilidade muito grande, ficamos com o coração apertado o tempo todo. Apesar de termos toda a formação para saber sobre os cuidados que têm que ser tomados, você fica mais tranquila que não vai levar nada para sua família e que pode atender seus pacientes com segurança”, relata Ana Paula.
“Por ser uma responsabilidade muito grande, ficamos com o coração apertado o tempo todo. Apesar de termos toda a formação para saber sobre os cuidados que têm que ser tomados, você fica mais tranquila que não vai levar nada para sua família e que pode atender seus pacientes com segurança”, relata Ana Paula.
Para o engenheiro de departamentos médicos, Afonso Jorge, de 44 anos, a imunização foi um momento que demorou para chegar. Segundo o profissional, até o dia da segunda dose, programada para 13 de maio, os cuidados com a prevenção da COVID-19 serão redobrados.
"É uma questão de massa. Ainda estamos com o número de pessoas vacinadas muito abaixo da quantidade da população. Temos que continuar nos cuidandos do mesmo jeito", disse Afonso.
Trabalhadores do CRM-MG sem vacina
No ponto de imunização da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, na Região Centro-Sul, trabalhadores do Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) ficaram aborrecidos após serem barrados no local na vacinação.
Segundo o motorista Roberto Pereira dos Santos, de 55, e outros trabalhadores que foram ao posto para receber a primeira dose do imunizante, os profissionais do Conselho preenchem os requisitos para o grupo prioritário, mas não constam na lista de cadastro de vacinação da PBH.
“Na listagem de estabelecimentos da saúde não consta o CRM-MG, mas tem a opção de colocar ‘outros’, que é o que colocamos no cadastro. Quando chegamos para ser vacinados, eles não estão reconhecendo que fazemos parte do gestores da saúde. Vou continuar aguardando aqui uma possível resposta”, disse o motorista.
Em resposta ao questionamento dos profissionais do CRM-MG, a representante da mantenedora, Anna Paola Moura, que coordena a vacinação na faculdade nesta quinta-feira (15/4), informou ao EM que todos aqueles contemplados na listagem de prioridades do governo federal estão sendo imunizados.
“Isso é uma questão do Ministério da Saúde que, dentro das diretrizes, não considera os profissionais que trabalham em conselhos, que não são de estabelecimentos da saúde, a se vacinar neste momento. Estamos aguardando a vacina para todos os brasileiros”, relatou a representante.
Onde vacinar
A vacinação para os trabalhadores da saúde será realizada até esta sexta-feira (16/4). Quem não conseguir se imunizar nessas duas datas, deve procurar esses pontos de aplicação das injeções.
Para o momento da imunização, é necessário que o profissional leve documento de identificação com foto, registro no conselho profissional e documento que comprove a veiculação ativa do trabalhador com serviço de saúde localizado em Belo Horizonte. A lista completa da documentação pode ser acessada no portal da PBH.
Confira onde pontos de imunização estão funcionando:
Unidades de saúde
- Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais (Alameda Ezequiel Dias, 275 – Centro)
- Escola de Saúde Pública (Rua Uberaba, 2.061 – Barro Preto).
Postos drive-thru
- BHTrans (Avenida Engenheiro Carlos Goulart, 900 – Buritis)
- Corpo de Bombeiros (Rua Piauí, 1.815 – Funcionários)
- Minas Shopping (Avenida Cristiano Machado, 4.000 – União)
- Shopping Estação BH (Avenida Vilarinho, acesso pelo estacionamento G1 – Vila Clóris)
- Shopping Del Rey (Avenida Presidente Carlos Luz, 3.001 – Alto Caiçaras).
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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