Jornal Estado de Minas

VACINAÇÃO CLANDESTINA

PF analisa vídeo em que falsa enfermeira fala de vacina por R$ 600; veja

Um vídeo que mostra a falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres, que aplicou supostas vacinas contra a COVID-19 em empresários de Belo Horizonte, em março, saindo de um prédio na Região Oeste da capital mineira, está sendo analisado pela Polícia Federal. Nas imagens, a cuidadora de idosos disse para um homem que a dose do “imunizante” seria R$ 600. 





 

 


O vídeo mostra Cláudia Torres saindo do prédio de luxo após supostamente ter vacinado os moradores do local. As imagens são gravadas de dentro de uma guarita. Lá de dentro, um homem fala sobre a imunização e pergunta se a falsa enfermeira conseguia comprar doses em laboratório. Ela respondeu dizendo que “essa ainda não”. O rapaz, então, pergunta se é barato. Foi então que a cuidadora de idosos falou sobre o valor.

“É R$ 600”.

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Cláudia, então, deixa de vez o prédio e é filmada subindo a rua, enquanto o homem diz: “Essa é a mulher que está dando vacina nos moradores. R$ 600 cada um”.

Caso divulgado no início do mês


No dia 6 de abril, a "Rádio Itatiaia" divulgou que o esquema clandestino de vacinação contra a COVID-19 teria começado no dia 5 de março, em um condomínio do Bairro Gutierrez. Pelo menos três famílias teriam recebido aplicações a R$ 600 cada.





A rádio afirma que há registros de Cláudia Mônica Pinheiro Torres - que se apresentava como enfermeira, segundo as investigações - entrando no prédio nos dias 5, 17 e 22 de março, antes do caso da vacinação em uma garagem de ônibus, que veio à tona em uma reportagem da revista Piauí. Um vídeo obtido pela reportagem mostra a suspeita entrando no prédio do Gutierrez.

Entre os vacinados estaria o dono de um haras no interior de Minas que, de acordo com a reportagem da "Itatiaia", pode ser o elo entre a mulher e os empresários da Saritur, onde teria ocorrido a vacinação clandestina.

Entenda o caso


Cláudia teria sido contratada pelos irmãos Robson Lessa e Rômulo Lessa, donos da Saritur, para aplicar a suposta vacina contra a COVID-19 em um grupo superior a 80 pessoas. O suposto imunizante teria sido fornecido pela mulher.





Segundo a revista Piauí, em reportagem publicada em 24 de março, Cláudia cobrava R$ 600 por doses do que afirmava ser da vacina. O filho da falsa enfermeira prestou depoimento à PF na tarde passada (05/04). A suspeita é de que ele seja o responsável pelo recebimento dos pagamentos, que ocorriam, muitas vezes, via Pix, o que pode facilitar as investigações.

Uma das pessoas que teria recebido a aplicação, segundo a revista, é o ex-senador Clésio Andrade. A PF apreendeu uma lista com mais de 80 nomes de pessoas que teriam passado pelo procedimento, mas o nome de Clésio Andrade não consta nela.

Ele seria ouvido na sede da PF em Belo Horizonte hoje, mas o depoimento dele foi suspenso, segundo a defesa

A cuidadora chegou a ser presa durante a Operação Camarote, desencadeada no mês passado, mas foi liberada e teve a prisão suspensa.





Soro no lugar de vacina


Diligências feitas pela Polícia Federal encontraram na casa de Cláudia de Freitas ampolas de soro fisiológico. A suspeita é que era isso que vinha sendo aplicado nas pessoas que contratavam seus serviços.

Na ocasião, as autoridades constataram que a mulher, que na verdade é uma cuidadora de idosos, atendia também em domicílio.

De acordo com as investigações, um dos bairros em que ela mais fez 'atendimentos' – em casas e apartamentos – foi o Belvedere, de classe alta, no Centro-Sul de BH.

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