Os cientistas do Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) devem realizar ensaio clínico da candidata à vacina do tipo quimera protéica em 40 mil voluntários. Os pesquisadores esperam que os testes em humanos comecem ainda em 2021 para que a vacina totalmente nacional esteja pronta em 2022.
O estudo da vacina quimera protéica do CTVacinas é um das três pesquisas mais promissoras para o desenvolvimento de um imunizante com tecnologia preferencialmente nacional. As três candidatas mais adiantadas e autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são a Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP); a ButanVac, produzida pelo Instituto Butantan, e a vacina do tipo quimera proteica da UFMG.
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“Quimera é uma palavra que a gente usa, porque a proteína que estamos produzindo é, na verdade, uma proteína artificial, uma mistura de diferentes proteínas do vírus que causa a COVID-19. A classificação mais geral é que ela é uma vacina de subunidade constituída de proteína de vírus recombinante”, explica o professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas, Flávio Fonseca, um dos pesquisadores do CT Vacinas.
As etapas da vacina da UFMG
O pesquisador explica que os ensaios clínicos são divididos em três fases: fase 1 tem o objetivo de demonstrar a segurança; fase dois, a imunogenicidade e fase 3 visa a eficácia da vacina. A fase 1 e 2 são realizadas concomitantemente e a fase 3. A fase 1 e 2 levam três meses e envolvem 500 voluntários. A fase 3, que só pode ser conduzida depois da fase 1 e 2, leva seis meses e envolve número maior: entre 30 mil e 40 mil voluntários.Os testes em macacos estão no início e respeitam os protocolos de segurança e cuidados para os animais, que foram liberados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Estamos realizando esses testes em macacos, porque foi um pedido da Anvisa para que a gente pudesse encaminhar esse dossiê dos estudos feitos até agora para que possa autorizar os ensaios em seres humanos”, afirma Flávio.
Ele ressalta que a imunização funcionou muito bem nos testes em camundongos e hamster. “Nas duas espécies, os animais ficaram protegidos sem apresentar efeitos colaterais. Esperamos que também aconteça nos experimentos com macacos”, avalia. A professora Santuza Teixeira, uma das pesquisadoras do CTVacinas ressalta que tudo está sendo feito dentro do tempo necessário para garantir a segurança e eficácia do imunizante.
Pedido de garantia por mais recursos
Na reunião na Assembleia Legislativa, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, pediu ajuda dos deputados de Minas para garantir recursos para a realização dos ensaios clínicos de modo que a vacina fique pronta em 2022. “As pessoas acham que são valores altos (R$ 30 milhões), mas se compararmos com o preço da tecnologia que temos importado, inclusive vacinas que estão escassas e que a gente não consegue ter acesso a elas, é estrondosa a diferença do preço da tecnologia nacional”, diz. Ela reafirma que comparativamente é muito mais em conta investir na vacina nacional do que importar vacinas e insumos.
A reitora defende como fundamental investir em tecnologia nacional no contexto da escassez de vacinas no mercado internacional e a necessidade de vacinar toda a população, anualmente, contra a COVID-19 em decorrência das variantes do novo coronavírus. “Por isso é tão importante a gente investir numa vacina que seja 100% de tecnologia brasileira.”
Parcerias em outras vacinas
A UFMG, em parceria com outras instituições de pesquisa, participou da realização da fase 3 dos ensaios clínicos de outras vacinas, a Coronavac (Sinovac Biotech) e Janssen Pharmacêutica (Johnson & Johnson). “Temos muita experiência na realização da fase 3. Isso ajuda muito no desenvolvimento que estamos fazendo”, ponderou a reitora.Ainda estão em estudo pela UFMG candidatas a vacina bivalente (Influenza%2bCOVID-19) e (BCG COVID-19), RNA Mensageiro, MVA SARS-CoV2 e Ad5 SARS-CoV. Ainda há outras quatro pesquisas de imunizantes realizadas por universidades mineiras: Universidade Federal de Viçosa em parceria com a Fiocruz (partículas do vírus; levedura de cerveja; e febre amarela) e Universidade Federal de Juiz de Fora (gotas com bactérias probióticas).
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
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Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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