Jornal Estado de Minas

COVID-19

COVID-19: UFMG convocará 40 mil voluntários para testar vacina mineira


Os cientistas do Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) devem realizar ensaio clínico da candidata à vacina do tipo quimera protéica em 40 mil voluntários. Os pesquisadores esperam que os testes em humanos comecem ainda em 2021 para que a vacina totalmente nacional esteja pronta em 2022.




 
O estudo da vacina quimera protéica do CTVacinas é um das três pesquisas mais promissoras para o desenvolvimento de um imunizante com tecnologia preferencialmente nacional. As três candidatas mais adiantadas e autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são a Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP); a ButanVac, produzida pelo Instituto Butantan, e a vacina do tipo quimera proteica da UFMG.
 
Para a realização das fases 1 e 2 do estudo clínico pela UFMG, é necessário investir R$ 30 milhões. Em uma reunião remota na Assembleia Legislativa, em 14 de abril, o presidente da Casa, o deputado Agostinho Patrus (PV), garantiu que a universidade receberá o recurso. O parlamentar informou que o dinheiro pode vir de emenda parlamentar destinando parte do acordo da Vale com o Governo de Minas de reparação aos danos do rompimento da barragem da empresa em Brumadinho.
 
Na semana passada, os pesquisadores do CTVacinas iniciaram os pré-testes, com a imunização em macacos. Até o momento, a candidata à vacina tem apresentado bons resultados em animais, o que deixa os cientistas esperançosos para realizar, em breve, o ensaio clínico. A UFMG desenvolve sete pesquisas de candidatas às vacinas contra a COVID-19. A mais avançada é a quimera proteica, uma vacina recombinante.






“Quimera é uma palavra que a gente usa, porque a proteína que estamos produzindo é, na verdade, uma proteína artificial, uma mistura de diferentes proteínas do vírus que causa a COVID-19. A classificação mais geral é que ela é uma vacina de subunidade constituída de proteína de vírus recombinante”, explica o professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas, Flávio Fonseca, um dos pesquisadores do CT Vacinas.
 

As etapas da vacina da UFMG

O pesquisador explica que os ensaios clínicos são divididos em três fases: fase 1 tem o objetivo de demonstrar a segurança; fase dois, a imunogenicidade e fase 3 visa a eficácia da vacina. A fase 1 e 2 são realizadas concomitantemente e a fase 3. A fase 1 e 2 levam três meses e envolvem 500 voluntários. A fase 3, que só pode ser conduzida depois da fase 1 e 2, leva seis meses e envolve número maior: entre 30 mil e 40 mil voluntários.
 
Os testes em macacos estão no início e respeitam os protocolos de segurança e cuidados para os animais, que foram liberados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “Estamos realizando esses testes em macacos, porque foi um pedido da Anvisa para que a gente pudesse encaminhar esse dossiê dos estudos feitos até agora para que possa autorizar os ensaios em seres humanos”, afirma Flávio.




Uma das pesquisadoras do CTVacinas, a professora Santuza Teixeira diz que estudos estão feitos no tempo necessário para garantir segurança e eficácia (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press - 12/01/21)


Ele ressalta que a imunização funcionou muito bem nos testes em camundongos e hamster. “Nas duas espécies, os animais ficaram protegidos sem apresentar efeitos colaterais. Esperamos que também aconteça nos experimentos com macacos”, avalia. A professora Santuza Teixeira, uma das pesquisadoras do CTVacinas ressalta que tudo está sendo feito dentro do tempo necessário para garantir a segurança e eficácia do imunizante.

Pedido de garantia por mais recursos

Na reunião na Assembleia Legislativa, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, pediu ajuda dos deputados de Minas para garantir recursos para a realização dos ensaios clínicos de modo que a vacina fique pronta em 2022. “As pessoas acham que são valores altos (R$ 30 milhões), mas se compararmos com o preço da tecnologia que temos importado, inclusive vacinas que estão escassas e que a gente não consegue ter acesso a elas, é estrondosa a diferença do preço da tecnologia nacional”, diz. Ela reafirma que comparativamente é muito mais em conta investir na vacina nacional do que importar vacinas e insumos.
 
A reitora defende como fundamental investir em tecnologia nacional no contexto da escassez de vacinas no mercado internacional e a necessidade de vacinar toda a população, anualmente, contra a COVID-19 em decorrência das variantes do novo coronavírus. “Por isso é tão importante a gente investir numa vacina que seja 100% de tecnologia brasileira.”





Parcerias em outras vacinas

A UFMG, em parceria com outras instituições de pesquisa, participou da realização da fase 3 dos ensaios clínicos de outras vacinas, a Coronavac (Sinovac Biotech) e Janssen Pharmacêutica (Johnson & Johnson). “Temos muita experiência na realização da fase 3. Isso ajuda muito no desenvolvimento que estamos fazendo”, ponderou a reitora.
 
Ainda estão em estudo pela UFMG candidatas a vacina bivalente (Influenza%2bCOVID-19) e (BCG COVID-19), RNA Mensageiro, MVA SARS-CoV2 e Ad5 SARS-CoV. Ainda há outras quatro pesquisas de imunizantes realizadas por universidades mineiras: Universidade Federal de Viçosa em parceria com a Fiocruz (partículas do vírus; levedura de cerveja; e febre amarela) e Universidade Federal de Juiz de Fora (gotas com bactérias probióticas).

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.



Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).





  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.





Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.



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