João Marcos Silva Borges, 18 anos, estudante do SESI/SENAI José Bento Nogueira Junqueira, em São Gonçalo do Sapucaí, Sul de Minas, tirou 975 na prova de matemática e passou em cinco universidades. Ele trocou a primeira opção, engenharia ambiental, pela medicina, ao ver lado humano da profissão na pandemia. Borges escolheu a UFMG, em Belo Horizonte, para se tornar médico.
No intervalo de um mês, João Marcos viu sua vida mudar de rumo. Primeiro foram as convocações nas universidades Federal de Juiz de Fora (UFJF), de São Paulo (USP) e de Campinas (UNICAMP) para o curso de Engenharia Ambiental.
Em 29 de março, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para os candidatos. O jovem foi surpreendido ao saber que tinha alcançado a nota máxima das provas objetivas, registrada na área de matemática e suas tecnologias: 975.
Era o prenúncio de que ele conseguiria a tão sonhada vaga em medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) duas semanas depois, quando saiu o resultado do Sistema de Seleção Unificada (SISU), que utiliza as notas do ENEM.
“Comecei a me preparar do 1º para o 2º ano. Eu era dedicado, mas não tanto para o vestibular. Pensei ‘se eu não pegar firme, não vou pra frente’”, recorda, garantindo que, nos dias de prova, não ficava nervoso. “Nunca tive nervosismo pré prova, tive uma preparação tão boa, fiz tanta prova, que era só mais uma. Todo fim de semana fazia vestibular de uma faculdade diferente. Pesquisava no site da instituição, que eles disponibilizam provas antigas, baixava e fazia on-line”, conta.
Até o meio do ano passado, João Marcos estava certo de que cursaria engenharia ambiental. “A pandemia afetou muita gente. Vimos que a saúde tem um lado humano muito importante. Pensei, vai que eu consigo passar em medicina. Eu prefiro exatas, mas esse lado humano na convivência é essencial, a empatia com o outro”, explica.
Na escolha da UFMG para se matricular, pesou a comodidade de "uma cidade menor que a capital paulista" somada a excelência do curso de medicina ofertado pela universidade. Nascido em São Gonçalo do Sapucaí, município de 25 mil habitantes, ele considerou Belo Horizonte ambiente mais propício para desenvolver os estudos. O calendário oficial de matrículas na universidade ainda não foi divulgado e não há previsão para início das aulas.
Cerca de 2,5 milhões de estudantes fizeram o ENEM, aplicado, na versão impressa, nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. Para o calouro de medicina da UFMG, que lamenta não poder comemorar com muita gente, os dois anos que antecederam essa disputa exigiram dedicação, mas equilíbrio. “Final do dia fazia crossfit, baixava a energia. Era meu ponto de escape".