O garoto João Pedro Justino, de 6 anos, que contraiu a COVID-19 no início de março, em Guanhães, no Vale do Rio Doce, voou muito alto neste domingo (18/4). Subiu e brilhou. “Ele virou uma estrelinha”, disse sua irmã, Adriana Baroni, que tem muitas razões para acreditar que seu pequeno irmão brilha, lá em cima, no céu.
Tomada pela emoção, citou apenas uma razão, entre muitas, para acreditar. “Ele era um anjinho puro, que não tinha maldades no coração”, disse.
O pequeno João Pedro, cuja história comoveu os moradores de Guanhães, já tinha se livrado da doença e deixado a UTI COVID-19 do Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte. Foi transferido para uma UTI que não tratava a COVID-19, em 7 de abril, e acendeu a esperança em uma imensa torcida, formada pelos seus familiares e moradores de sua cidade. Todos torciam para ele voltar logo.
João Pedro contraiu a COVID-19 nas idas e vindas às clínicas, hospitais e consultórios médicos. Ele tinha uma comorbidade grave, a síndrome de Prader-Willi, doença genética que causa efeitos diversos. Em João Pedro, o problema foi a compulsão alimentar. Obeso, chegou a pesar 70 quilos e sempre teve dificuldades para respirar. Vivia com o suporte respiratório de balas (pequenos cilindros) de oxigênio, fornecidos a ele pela Prefeitura de Guanhães.
Apesar da doença, o garoto sempre apresentava uma alegria contagiante. Gostava de montar em cavalos, conversar com as pessoas e observar os trabalhadores manejando roçadeiras elétricas. Ele até imitava esses profissionais, usando uma vassoura, como se fosse uma roçadeira. Instrumentos musicais também fascinavam o garoto, que gostava de música.
Mas o novo coronavírus minou a respiração de João Pedro, que já era curta. E foi no momento crítico da pandemia, quando não havia leitos de UTI para pacientes com COVID-19 disponíveis no SUS, na região centro-nordeste de Minas, que ele foi infectado pelo novo coronavírus. Foi transferido para Belo Horizonte por meio de uma ação do Ministério Público de Minas Gerais, conduzida de forma obstinada pelo promotor de justiça Luciano Sotero Santiago, que atua em Guanhães.
À época, em uma chamada de vídeo transmitida pelas redes sociais da Prefeitura de Guanhães, o promotor, ao alertar a população para os cuidados que todos devem ter para não se contaminar, disse que chorou ao ver o drama do pequeno João Pedro, que precisava ser intubado com urgência, mas em Guanhães não havia um leito vago. O promotor se desdobrou para conseguir uma vaga em Belo Horizonte. E conseguiu, no dia 12 de março.
Dever cumprido
Apesar de todas as adversidades impostas pelo colapso na saúde em Minas Gerais, o garoto João Pedro teve assistência e apoio de muitas pessoas que o amavam. Como os profissionais de saúde do Hospital Regional Imaculada Conceição, de Guanhães, que sempre cuidaram do garoto João durante as suas muitas internações.
O pessoal do HIC atesta que a mãe de João Pedro, Anadete Belizário, sempre se mostrou dedicada a cuidar do filho de uma forma jamais vista. Reconhecem que vai restar a todos – família, equipe médica e gestores da saúde – a certeza do dever cumprido. E a saudade de um menino especial.
Guanhães está comovida com desfecho do drama que envolveu o garoto. O sentimento de Flaviano Rodrigues, motorista da Prefeitura de Guanhães, que por diversas vezes levou o garoto e a mãe até Belo Horizonte para tratamento médico, é uma pequena mostra dessa comoção.
“Nossa, o João Pedro era um menino muito alegre. Eu gostava de ir com ele pra Belo Horizonte. Ele brincava o tempo todo e nos alegrava nas viagens. Nem tenho palavras pra descrever esse momento triste que todos nós estamos passando aqui em Guanhães. Só quero guardar nas minhas lembranças os momentos bons que vivi com o meu amigo João Pedro”, disse Flaviano, muito emocionado.
O corpo do pequeno João será velado nesta segunda-feira, em Guanhães, cidade onde será sepultado. O garoto, que gostava de música, não teve tempo de conhecer a singela composição de Toquinho e Elifas Andreato, “Gente tem sobrenome”. Na letra, os compositores dizem “todo brinquedo tem nome: bola, boneca e patins; brinquedos não têm sobrenome, mas a gente sim”.
João Pedro se foi sem conhecer a música e a letra desses músicos e poetas. Mas voou muito alto para contrariar a lógica da lógica dos versos de Toquinho e Elifas. Para eles, coisas, como estrelas, não têm sobrenome. Mas têm, sim.
João Pedro Justino, como disse sua irmã Adriana, é a mais nova estrelinha a brilhar no céu. “Hoje o céu está em festa e ele vai iluminar a gente”, disse a irmã Adriana, dizendo que sempre vai buscar o conforto, olhando pro céu pra ver a estrelinha, "o anjinho puro, que não tinha maldades no coração".
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- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
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Em casos graves, as vítimas apresentam
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Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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