A Polícia Civil apresentou nesta terça-feira (20/4) o resultado de uma operação que terminou com a prisão de uma mulher de 41 anos e três homens com idades entre 50 e 60 anos, por favorecimento à prostituição e estupro de vulnerável. A vítima é uma menina de 14 anos, filha da mulher.
A adolescente teria começado a se prostituir no ano passado com conhecimento dela. Os homens presos eram “clientes” estudante e da mãe, que também é garota de programa.
A adolescente teria começado a se prostituir no ano passado com conhecimento dela. Os homens presos eram “clientes” estudante e da mãe, que também é garota de programa.
Em entrevista coletiva virtual na manhã desta terça (20/4), a delegada Ariadne Elloíse Coelho disse que os envolvidos foram presos temporariamente na quinta-feira, dia 15, e ontem, em Betim, na Grande BH, na primeira fase da operação Predadores.
As investigações começaram em janeiro, quando chegaram denúncias sobre o caso no Disque 100. Essas testemunhas afirmavam que a mulher aliciava a própria filha para esses homens.
Depois de ouvir diversas pessoas no bairro (cujo nome não foi revelado), a polícia chamou mãe e filha à delegacia. Inicialmente, elas negaram tudo. A adolescente só disse que um dos suspeitos identificados, o mais velho, passou a mão no corpo dela e ofereceu dinheiro.
Depois de ouvir diversas pessoas no bairro (cujo nome não foi revelado), a polícia chamou mãe e filha à delegacia. Inicialmente, elas negaram tudo. A adolescente só disse que um dos suspeitos identificados, o mais velho, passou a mão no corpo dela e ofereceu dinheiro.
Após o resultado de um exame de corpo de delito, a Polícia Civil instaurou um inquérito e apreendeu os celulares da menina, da mãe e desse suspeito. No cumprimento desse mandado judicial, foram apreendidos na casa da família diversos preservativos, lingeries e fantasias fetichistas.
Os aparelhos celulares da vítima, da mãe e do suspeito também foram apreendidos.
“Com a quebra do sigilo autorizada pela Justiça e o acesso ao conteúdo dos celulares foi possível constatar diversas mensagens trocadas entre os envolvidos, em que havia a comprovação de uma negociação dos programas sexuais realizados pela garota, bem como mensagens da mãe orientando a própria filha a como pedir dinheiro e alimentos aos homens em troca desses favores sexuais”, diz Ariadne Elloíse.
“Com a quebra do sigilo autorizada pela Justiça e o acesso ao conteúdo dos celulares foi possível constatar diversas mensagens trocadas entre os envolvidos, em que havia a comprovação de uma negociação dos programas sexuais realizados pela garota, bem como mensagens da mãe orientando a própria filha a como pedir dinheiro e alimentos aos homens em troca desses favores sexuais”, diz Ariadne Elloíse.
Os três homens foram encaminhados ao Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Contagem, e a mãe está no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, em Belo Horizonte.
Conforme a delegada, dois homens confirmaram ter abusado da menina mediante pagamento e que havia a intermediação e pedido de dinheiro por parte da mãe dela, que também os atendia.
“A mãe da adolescente confirmou saber dos encontros sexuais com a filha, porém ela negou ter obrigado ou agenciado esse tipo de negócio. A adolescente diz que iniciou a prostituição no início da pandemia, no ano passado, quando as aulas foram interrompidas, para tentar sustentar a família, ajudar a genitora. E essa decisão foi comunicada à mãe dela, que disse ‘você que sabe, minha filha’”, explica a delegada.
Os abusos ocorriam nas casas desses homens, que viviam sozinhos, ou dentro de carros e locais afastados. Nas trocas de mensagens, segundo a delegada, havia negociação de favores sexuais, pedidos de dinheiro da adolescente para os homens. Também havia mensagens dos homens para a mãe perguntando se “a menina estava disponível”, da mulher para a filha orientando-a a pedir dinheiro para comprar alimentos, entre outras coisas.
“Um dos suspeitos chegou a gastar com a menina mais de R$ 2 mil em um mês, ele até reclama em uma das mensagens. Ele falou que tinha medo porque, na primeira relação sexual ele fala que não sabia que ela era menor, mas que depois a mãe o procurou xingando e falando que ela era menor. E ele se sentiu ‘preso’ nessa situação porque a mãe da menina pedia dinheiro, às vezes a própria adolescente pedia dinheiro. Com medo de ser denunciado, passou a dar cada vez mais dinheiro e presentes, outros bens materiais”, diz a delegada.
Apoio à vítima
“A justificativa dela é de sustentar e ajudar a mãe no cuidado da família. Mas eu acho que é complicado, ela aprendeu e age naturalmente. Eu conversei com essa menina, ela já normalizou a situação. Então, acho que se não tiver um acompanhamento e até um oferecimento de oportunidades para essa adolescente, é até complicado sair desse círculo vicioso. Porque prendemos alguns homens, mas no futuro ela pode achar outros ‘clientes’”.
A policial reforça o papel da sociedade no acolhimento tanto da vítima quanto do irmão mais novo. “Acho que tem que ter um acompanhamento muito forte, de assistência social mesmo e psicológica da adolescente para ela conseguir superar e ver que não precisa vender o corpo para conseguir o que ela quer, como um celular, um secador de cabelo, enfim. Acho que só o papel da Polícia Civil, ficar só nisso da punição, é muito pouco. Enquanto sociedade a gente tem que fazer mais por essa garota e por essa criança, o irmão da vítima.
As investigações continuam. A Polícia Civil agora tentar identificar outros homens que teriam envolvimento no caso desta adolescente. A menina tem um irmão de 10 anos. Após a prisão da mãe, eles foram encaminhados aos cuidados de parentes e são acompanhados pelo Conselho Tutelar.