Jornal Estado de Minas

LUTO NO JORNALISMO

Morre, aos 93 anos, o jornalista Fábio Doyle


O jornalismo perdeu na noite dessa segunda-feira (19/4) um dos mais importantes profissionais de Minas Gerais. Morreu aos 93 anos o jornalista, advogado e  escritor, membro da Academia Mineira de Letras (AML), Fábio Proença Doyle, vítima de embolia pulmonar após duas semanas travando uma luta contra uma bronquite.




 
Seu último artigo havia sido publicado no mesmo dia nas páginas do jornal Estado de Minas, do qual era colunista. Foi também do Conselho Editorial do jornal e editor-geral do jornal Diário da Tarde por mais de quatro décadas.
 
Em depoimento ao EM, o filho Fábio Márcio, também jornalista e economista, lembrou com emoção o pai dedicado, que foi "um homem que amava a vida. Tinha orgulho do Diário da Tarde, onde trabalhava com uma equipe coesa. Um pai muito presente, altruísta e aberto, um enorme coração. Uma ética irreparável, sempre disposto a ajudar as pessoas em sua volta. Ele gozava de muita saúde em seus 93 anos, ainda escrevia com carinho e dedicação ao Estado de Minas em sua coluna semanal, às segundas-feiras. Tinha orgulho de ser fundador do curso de direito do Uni-BH".
 
“Minas perde um dos maiores jornalistas que já tivemos. Um crítico forte, mordaz, mas que sabia reconhecer os acertos dos governantes. Dono de bom senso, tinha grande facilidade para fazer amigos. Particularmente, perdi um grande amigo e um enorme colaborador. Estamos todos de luto", afirmou o diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa.




 
Fábio Doyle nasceu em Belo Horizonte em 14 de janeiro de 1928, filho de Ernani Doyle Silva, estatístico, e de Maria Hortência Proença Doyle.

Casado com Rachel Silva Proença Doyle, deixa os filhos Tânia, Fábio Márcio e Marília, cinco netos e sete bisnetos.

O corpo foi velado e sepultado no Cemitério Parque da Colina, em cerimônia reservada aos familiares.

Carreira 

 
Repórter-auxiliar do EM, foi admitido em 1º de junho de 1948 e efetivado em 1º de setembro daquele ano. Quando estudante de direito, cobria a área judiciária. Depois, foi redator da editoria de política e colunista parlamentar.

Em 1961, ele foi nomeado redator-chefe do Diário da Tarde, sendo promovido, sucessivamente, a diretor de redação e editor-geral.

Em julho 2007, foi indicado para integrar o Conselho Editorial do EM.

Foi redator da sucursal de O Globo em Belo Horizonte e redator político do Correio da Tarde, na capital mineira. 




 
Na área sindical e de representação da classe, foi secretário do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de 1953 a 1954. Presidente do Centro dos Cronistas Político-Parlamentares, de 1959 a 1961, presidente da Associação Mineira de Imprensa (AMI), de 1966 a 1971, construindo e inaugurando, em sua administração, em 1969, a sede própria da AMI, na Rua da Bahia. 
 
Foi presidente do Conselho Deliberativo e Superior da AMI, desde 1971, e Conselheiro da Federação de Jornalistas de Língua Portuguesa, eleito em Ilhéus, Bahia, em 1983. Fez parte da Comissão Especial do Centenário da Associação Brasileira de Imprensa ABI. 

Atividades na área jurídica

Aprovado, em 1953, em terceiro lugar em concurso público para ingresso no Ministério Público do Estado, em 1957, ele obteve o segundo lugar para o cargo de procurador da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte – do qual se aposentou em 1992, como secretário municipal adjunto.



Foi assistente-jurídico da capital entre 1963 e 1965 e assessor jurídico da Secretaria da Fazenda Municipal de 1968 a 1971. 
 
Designado pelo prefeito Luiz Verano, foi o responsável pela elaboração da Constituição Jurídica da Metrobel, entidade criada com a finalidade de construir e administrar a primeira linha do metrô de superfície da cidade.

Foi coordenador de debates do Ciclo de Estudos de Criminologia sobre o tema “Menor anti-social e cultura da violência”, promovido pelo Instituto de Criminalística da Universidade Católica de Minas Gerais.

Participou, como membro e presidente, de diversas comissões de inquérito e de concorrência pública na Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
 
Fábio Doyle era professor titular de Teoria Geral do Estado e coordenador geral do curso de direito do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH.

Em sua trajetória como escritor, publicou diversos livros, artigos, pareceres e monografias.




 
Era cidadão honorário da cidade de El Paso, Texas, EUA, em 1967, e medalha de Mérito “Assis Chateaubriand”, concedida em 16 de novembro de 1968, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Brasília.

Além disso, recebeu o título de “Personalidade Artística de 1969”, conferido pelo Conselho de Extensão da UFMG. 
 
Recebeu títulos, diplomas e medalhas, entre eles a "Grande Medalha da Inconfidência", conferida pelo governo de Minas em 21 de abril de 2000; a “Medalha do Mérito Legislativo”, conferida pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 14 de dezembro de 1983; a “Medalha do Mérito de Brasília, DF”, conferida pelo governo do Distrito Federal, em 1985; e a “Medalha Santos Dumont”, grau Ouro, concedida pelo governo de Minas, em 23 de outubro de 1986.
 
Amigos e ex-colegas repercutem morte de Fábio Doyle 

Ex-secretário de cultura de Minas Gerais, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MG, o jornalista Washington Mello enviou ao EM nota em que demonstra sua admiração a Fábio Doyle.



"Fábio Doyle, jornalista exemplar, acadêmico imortal e admirado, amigo dos amigos, incentivador de jovens talentos do jornalismo, chefe-companheiro e apaixonado pelas causas jurídicas, tinha um lema que ostentava com orgulho: "nunca menti, em toda, a minha vida". Com a sua morte, Fábio leva embora a honra que sentia de ter sido diretor de  redação do  'Diário da Tarde' e por ter vivido 60 anos dentro dos Diários Associados. Seu exemplo fica, porque imortal ele  será sempre, para as letras, a cultura e o jornalismo."
 
Em sua conta no Facebook, o jornalista e ex-professor da PUC-Minas, Carlos Felipe Horta escreveu: "Aos 93 anos, continuava a escrever e seus artigos nas páginas de opinião do Estado de Minas demonstravam, em todas as letras, a sua capacidade de discernir, analisar e opinar sobre temas e assuntos, mesmo os mais conflitantes entre si".

O presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, lamentou a morte de Fábio Doyle: “Fábio foi um dos jornalistas mais importantes da imprensa mineira. Dono de uma extensa e vitoriosa carreira, marcou época, tanto no “Diário da Tarde” quanto no “Estado de Minas”, pela qualidade de seu trabalho e o vigor de suas opiniões. Sua atuação como advogado, como professor de Direito e como presidente da Associação Mineira de Imprensa também foi notável. Ele deixa lacuna difícil de preencher”.


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