Mangueiras, panos, esponjas e baldes com desinfetante nas mãos de um mutirão que higieniza as lojas. Caminhões frigoríficos abrem os baús para o reforço de estoque dos restaurantes. Espaçamentos demarcados em corredores e caixas. O feriado do Dia de Tiradentes, nesta quarta-feira (21/4), é de mobilização dos trabalhadores para receber o retorno dos clientes nesta quinta, primeiro dia da reabertura das atividades não essenciais em Belo Horizonte (veja as regras abaixo).
Leia Mais
COVID-19: Loja é multada por aglomeração em Poços de CaldasBH terá oito novas linhas de ônibus durante pandemiacoronavirusbhCOVID-19: Brasil registra 3.472 mortes em 24h e ultrapassa 380 mil óbitosOpas alerta sobre vacinas anticovid falsas no Brasil, Argentina e México“Todos estamos colaborando. A loja vai ficar 'um brinco'. Quase 40 dias fechados foi difícil demais. Agora, com a proximidade do Dia das Mães, vamos aproveitar ao máximo para recuperar as vendas”, disse.
O estabelecimento fica na Avenida Úrsula Paulino, um importante corredor comercial da região. Mesmo às vesperas de abertura das portas, ainda hoje atividades não essenciais continuaram em funcionamento clandestino, como lojas de roupas e manicures à meia porta, tentando burlar a fiscalização.
Quem aguardou a liberação legal ficou aliviado. “Para nós, foram tempos de muita dificuldade. Apertamos as economias da casa. Luz e água subiram demais com todo mundo preso. Mas, agora, vamos recuperar, se Deus quiser”, afirma a auxiliar de serviços gerais de um comércio de roupas, Cleusa da Silva, de 54.
A movimentação de preparação das lojas atraiu muitas pessoas que acharam que já estava ocorrendo a reabertura das atividades. “Estou procurando uma cozinha de brinquedo para a minha filha, de 2 anos. Vi que a portinha da loja estava aberta e pensei que poderia comprar, mas os atendentes me pediram para sair, porque estavam só higienizando para amanhã”, disse o pedreiro Pablo Valadares, de 28.
Ao lado de Pablo, a mulher dele, Naiane dos Santos Silva, de 21, também aguarda com ansiedade a reabertura, pois vai poder reabrir o seu salão de beleza. “Mesmo assim não acho que os clientes vão voltar todos Fenika vez. As pessoas estão com muito medo. Principalmente porque nem todos estamos vacinados. Mas vai ser um alívio voltar a trabalhar”, disse.
Pelas ruas do hipercentro da capital, quase todas as portas fechadas exibem cartazes divulgando os canais de compras pelas redes sociais e telefones das atividades que retoram com a flexibilização. Alguns estabelecimentos conseguiram liminares para manter o funcionamento, ainda que com redução de público, por venderem também itens essenciais, como lojas de festas e armarinhos conjugados com armazéns.
Dois desses estabelecimentos, na Rua dos Caetés, conseguiram manter funcionários e agora já pretendem contratar. "Com as liminares conseguimos manter 10 funcionários, mas podemos abrir mais cinco vagas em breve e abrir mais duas lojas. Esperamos que, com a reabertura, tenhamos uma procura ampliada em 20% a 30%. Reforçamos o estoque e preparamos a loja para receber as pessoas com promoções", disse o gerente do armarinho, que preferiu não se identificar para evitar o que definiu como "polêmicas".
O movimento de caminhões desembarcando mercadorias para os bares e restaurantes da Rua Rio de Janeiro foi uma constante mesmo durante o feriado. "Os comerciantes estão animados. por isso trabalhamos mesmo no feriado para trazer alimentos congelados e compensar o paradeiro que a pandemia trouxe", disse o motorista de caminhão-frigorífico, Carlos Alberto das Graças, de 42.
A clientela das outras lojas e os próprios lojistas retornando animaram os negócios do setor de alimentação na Região Central. "Fizemos compras para poder aumentar a nossa capacidade de servir pratos agora que o movimento deve retornar ao Centro. Acho que nesse primeiro momento devemos ter uma ampliação de 30%, mas, se as coisas melhorarem, a gente amplia mais", afirma Daniel Carlos Amaral de Almeida, proprietário do restaurante Mineirinho 2, um tradicional fornecedor de refeições a trabalhadores da região e que estava sobrevivendo apenas de delivery e retiradas na porta.
Abre e fecha
Na segunda-feira (19/4), o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), anunciou a flexibilização de atividades restritas para controlar a COVID-19, como a abertura das atividades comerciais não essenciais a partir desta quinta-feira (22/4).
A decisão pode ser tomada após três dias de reuniões - entre as últimas quarta e sexta-feira - com o Comitê de Combate à COVID-19 da Prefeitura de BH. Essa reabertura, foi possível com o controle dos índices de disseminação da doença, ocupação de leitos hospitalares (clínicos e UTI), volume de pacientes aguardando vagas e estoque de medicamentos para intubação.
No último sábado (17/4), BH foi uma das cidades a deixar a onda roxa do plano Minas Consciente, do governo estadual. A fase mais restritiva do programa estadual obriga que os municípios permitam o funcionamento somente de serviços essenciais. A capital mineira agora está na onda vermelha, que autoriza a flexibilização. Contudo, essa é apenas uma orientação e não uma imposição a cada município.
Desde 13 de março, BH está praticamente fechada em decorrência da evolução dos casos do novo coronavírus. Praças públicas e pistas de atividades ao ar livre e funcionamento de certos serviços que estavam liberados, como retirada de comida na porta de restaurantes, são algumas das proibições mais recentes.
Somente serviços considerados essenciais podem funcionar na capital desde 6 de março. Esse foi o quarto fechamento do comércio na cidade, com o começo da pandemia.
A cidade chegou a ter também toque de recolher das 20h às 5h, a partir de 16 de março, medida proporcionada pela onda roxa do Minas Consciente. Contudo, a alternativa para conter a pandemia foi barrada após decisão judicial e posteriormente excluída do programa.
Reabertura
Confira horários de funcionamento do comércio com a flexibilização
- Comércio varejista
Segunda-feira a sábado (9h e 20h)
- Comércio atacadista da cadeia varejista, exceto de recicláveis
Segunda-feira a sábado (5h e 17h)
- Cabeleireiros, manicures e pedicures
Segunda-feira a sábado (sem restrição)
- Estética e cuidados com a beleza
Segunda-feira a sábado (sem restrição)
- Galerias de lojas e centros de comércio
Segunda-feira a sábado (9h e 20h)
- Interior de shopping centers
Segunda-feira a sábado (10h e 21h)
- Atividades no formato drive-in
Segunda-feira a sábado (14h e 23h59min)
- Atividades de condicionamento físico como academia
Segunda-feira a sábado (sem restrição)
- Serviços de alimentação, para consumo no local
Segunda-feira a sábado (11h e 16h)
- Entrega em domicílio e retirada
(sem restrição)
- Comércio de alimentos em veículo automotor
Segunda-feira a sábado (11h e 16h)
- Atividades presenciais em escola para ensino de direção, língua, esportes e cultura
Segunda-feira a sábado (sem restrição)
- Atividades presenciais em creche e escola de ensino infantil
Segunda-feira a sábado (sem restrição)
Fonte: PBH
O que é um lockdown?
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
- CoronaVac/Butantan
- Janssen
- Pfizer
Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Entenda as regras de proteção contra as novas cepas