O médico Delano Santiago se revoltou contra o protocolo instituído em Divinópolis, Região Centro-Oeste de Minas Gerais, para a testagem de pacientes com sintomas de COVID-19. Em um vídeo gravado no posto de saúde onde atua, no Bairro Bom Pastor, ele criticou o tempo mínimo estipulado para solicitar o exame.
Na gravação, feita nesta segunda-feira (26/4), Santiago foi para o meio do pátio de entrada da unidade saúde e desabafou entre os pacientes que aguardavam algum tipo de atendimento. Afirmou que se recusa a seguir as normas estabelecidas pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), que foram informadas por uma enfermeira naquele mesmo dia.
“Quero ver quem me obriga a seguir protocolo. Primeiro, o paciente está chegando ali, mais de 10 dias com síndrome gripal, estou pedindo o exame de COVID, sabe o que esta prefeitura está me mandando fazer? O secretário de Saúde, o prefeito que vocês adoram? Ele criou o protocolo dele de que o exame só pode ser feito, hoje é dia 26, só no dia 10”, revelou.
Para fazer o teste, segundo o médico, o paciente precisa aguardar 15 dias. “O cara vai transmitir o vírus dia 26, 27, 28, 29, 30. Até dia 10, já contaminou a cidade inteira”, afirmou. O médico também disse que se nega a dar atestado médico para síndrome gripal sem a testagem da COVID.
“Qual patrão vai aceitar um atestado de 10 dias? (...) Prefeito me obriga a dar atestado de 10 dias. Me obriga. Secretário de saúde, me obriga a dar atestado de 10 dias”, desafiou.
Santiago é médico concursado e também ex-vereador da cidade.
“Município segue protocolo”
Divinópolis estabeleceu o protocolo próprio com última versão atualizada em 18 de março deste ano. Ele foi criado pelo infectologista e também professor e pesquisador da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Gustavo Rocha.
Em nota, a prefeitura informou que as recomendações gerais de abordagem e manejo clínico também seguem diretrizes do Guia de Vigilância Epidemiológica em COVID-19 e normativas técnicas da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG).
O exame de testagem rápida, segundo o município, é coletado em usuários sintomáticos a partir do 14º dia do início dos sintomas devido ao período de janela imunológica. Independentemente do resultado (positivo ou negativo), o paciente permanece em isolamento e monitoramento por um período de 10 dias.
“O exame RT-PCR tem indicação de coleta entre o 3º e 7º dia a partir do início dos sintomas e segue as diretrizes da SES/MG quanto aos critérios para coleta: usuários hospitalizados, pessoas com condições clínicas de risco para complicações da COVID-19, profissionais de saúde, segurança pública, idosos e trabalhadores de serviços essenciais”, informou em nota.
O protocolo também estabelece que, em caso de diagnóstico de Síndrome Gripal (SG), todas as pessoas devem ficar em isolamento domiciliar por 10 dias, a partir da data de início dos sintomas.
Para os contatos domiciliares e próximos, o isolamento é de 14 dias após a última exposição potencial. Neste caso, há monitoramento pela equipe de saúde quanto a possível evolução para quadro sintomático.
O município ainda informou que a confirmação do diagnóstico pode seguir outros critérios, como laboratorial (biologia molecular através do RT-PCR e imunologia através da testagem rápida); clínico-epidemiológico; clínico-imagem; e clínico.
“A Semusa não tem medido esforços no sentido de garantir assistência de qualidade a todos os usuários suspeitos e confirmados para a COVID-19 bem como seus contatos, com vistas a evitar a disseminação do vírus e o adoecimento da população”, declarou.
Sobre o vídeo, a prefeitura declarou que “algumas pessoas estão utilizando o momento para politizar a situação”.
*Amanda Quintiliano especial para o EM
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