Depois que o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), chamou a greve dos professores da rede municipal de “esdrúxula e egoísta”, o sindicato que representa a categoria se pronunciou. Os docentes votaram pela chamada greve sanitária em 20 de abril por serem contra a volta às aulas presenciais sem o controle da pandemia da COVID-19 e sem que os profissionais da educação estejam vacinados. Eles querem que as aulas sejam realizadas de forma remota.
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Kalil: 'As crianças não são obrigadas a frequentar a escola'COVID-19: pais preferem manter filhos em casa e não aderem volta às aulasProfessores mantêm greve sanitária na rede pública de BHcoronavirusmgProfessores em Minas Gerais devem ser vacinados em junho, diz secretárioDúvidas rondam retorno das escolas infantis (Emeis) em Belo HorizonteNa véspera da volta às aulas, escolas infantis de BH têm cartazes de greveServidora de Emei tem suspeita de COVID-19, mas PBH garante volta às aulasKalil: 'Se eu tivesse obedecido o governo, não teria segunda dose'COVID-19: idosos de 69 anos já recebem a segunda dose da vacina em BHPouso Alegre autoriza retorno das aulas presenciais em escolas privadasCOVID-19: Minas já ultrapassa marca de 9 mil mortes em abrilCOVID-19: Polícia Civil ouve vereador que abriu caixão com facãoO prefeito questionou a legitimidade da greve e deu a entender que não descarta medidas duras. “Porque dentro da filosofia da greve sanitária, eles não teriam onde comprar pão, onde comprar comida, onde comprar remédios, como transitar na cidade. Então, é uma greve inventada. Essa palavra é nova, e absolutamente esdrúxula e egoísta. E como é uma greve esdrúxula e egoísta, será tratada com o rigor de uma greve esdrúxula e egoísta. Quanto às creches conveniadas, nós estamos tomando as providências legais para que devolvam o dinheiro que receberam antecipadamente para as reformas, e vamos estudar o descredenciamento dessas creches junto à prefeitura de Belo Horizonte”, declarou.
A prefeitura determinou o retorno às aulas dos alunos com idade até 5 anos a partir da próxima segunda-feira, 3 de maio, mas os trabalhadores da educação infantil já haviam sido convocados para retomar atividades internas presenciais no início desta semana.
Ainda ontem, desta fez em uma entrevista à Globo Minas, Alexandre Kalil disse que as crianças não são obrigadas a voltar às aulas, mas os funcionários das escolas sim. “As crianças não são obrigadas a frequentar a escola. Os servidores, sim, serão obrigados a estar à espera das crianças. Serão em três dias e dois dias e para a criança que nunca frequentou a escola, um dia. Será escalonada. Mas a criança não é obrigada a retornar à escola. Os professores, cuidadores, faxineiros que são obrigados a retornar”, disse o prefeito da capital.
Na tarde passada, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede BH) publicou, em seu site, uma resposta às declarações de Kalil.
“Usamos as palavras do próprio Prefeito em entrevistas anteriores onde alerta para não minimizarmos o que representa a morte de crianças. Não temos como garantir que crianças utilizarão máscaras corretamente, que não terão contato físico e que não irão trocar objetos com os colegas, escolas funcionando presencialmente irão gerar movimentação nas comunidades e no trânsito, o transporte escolar gera contaminação e nos bairros mais pobres, onde não tem transporte, uma mesma pessoa conduz crianças de várias famílias. A lista de problemas é enorme”, enfatiza o sindicato em um trecho da nota.
“Nossa greve não é egoísta, pelo contrário, é um ato responsável com as crianças e suas famílias, não temos o direito de mentir às comunidades escolares. Não existem condições de segurança, toda a dinâmica da pandemia aponta para isso. Mais de 400 contaminados por 100.000 habitantes, nem a Fiocruz e nem um órgão sério que estuda a pandemia entende como razoável a abertura de escolas com este índice de contaminação. Aliás, esta era a posição da Prefeitura até pouco tempo”, destaca o Sindi-Rede BH.
Pandemia em BH
Como o Estado de Minas mostrou nessa quarta, Belo Horizonte ultrapassou a marca de 1 mil mortes de COVID-19 somente no mês de abril. No balanço mais recente, mais 76 óbitos entraram para a conta. O número total é de 4.261 vidas perdidas – 1.037 só neste mês, o que representa 24,3% do total. A transmissão do coronavírus aumentou pelo quarto balanço em sequência. Agora, o RT está a um passo de chegar à zona de alerta, que é de 0,99.
O que é um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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