O Brasil deu início à 23ª campanha de vacinação contra a gripe em 12 de abril, ao mesmo tempo em que promove a imunização contra a COVID-19. Porém, passadas três semanas, o número de pessoas que compareceram às unidades de saúde de Minas Gerais para receber o imunizante ainda está muito abaixo do esperado.
No estado, foram aplicadas 605.920 doses de vacina contra a influenza até agora, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
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Idoso reclama de falta de vacinas em centro de saúde de BH nesta sexta (30)Itabira suspende aplicação da CoronaVac por falta de dosesLíderes de tráfico de drogas são presos durante operação em MGCOVID: BH fecha abril com indicadores em alerta e recorde de casos e mortesA meta do Ministério da Saúde é que pelo menos 90% da população receba o imunizante contra a doença em 2021. No entanto, caso a vacinação continue nesse ritmo, o objetivo dificilmente será cumprido.
A dificuldade na realização de duas grandes campanhas ao mesmo tempo já era esperada por autoridades sanitárias e governantes. São recursos, demanda de profissionais da saúde e divulgação em dobro, destinados para duas doenças distintas, mas com risco e importância equivalentes.
O médico epidemiologista e professor de medicina da UFMG, Geraldo Cunha Cury, avalia a baixa adesão das pessoas na campanha contra a influenza neste ano como a junção de dois fatores: os receios da população para sair de casa no momento da pandemia da COVID-19 e a pouca divulgação da vacinação contra a gripe.
“As pessoas estão muito preocupadas com a COVID-19. Não tem vacinas suficientes para elas, isso gera muita confusão. Além disso, também surge a falta de divulgação da H1N1 na mídia e sobre a necessidade da sua vacinação. Funcionários da saúde estão sabendo que fazem parte do primeiro grupo? Acredito que muitos não. Falta um assessoramento nesta divulgação”, disse o especialista.
A importância da vacina contra o influenza
Segundo o epidemiologista, caso um surto de outras doenças respiratórias ocorra no atual momento onde o país vivencia um dos piores momentos da pandemia, não terá hospital disponível que aguente o fluxo de pacientes.
“As UTI’s estão cheias, os hospitais estão cheios. Com o sistema de saúde sobrecarregado, um surto de H1N1 agora seria um desastre. Não vão ter condições de atendê-los, esse é o maior problema. Não existe uma infraestrutura, seja na rede pública ou privada, para aumentar o atendimento na área das doenças respiratórias”, disse o médico.
A vacina contra a influenza adotada em 2021 no Sistema Único de Saúde (SUS) é trivalente, com proteção contra três cepas do influenza: H1N1, H3N2 e a linhagem B/Victoria.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), dentre os riscos que a gripe pode gerar estão doença pulmonar crônica (asma e doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC), cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença metabólica crônica, como diabetes, por exemplo.
O infectologista Geraldo Cunha destaca essa gravidade da doença, principalmente pelo potencial de mortalidade que uma piora no quadro de saúde de uma pessoa pode causar.
“A gripe é muito importante. Não é só a COVID que mata, a influenza também mata. A letalidade dela é tão grave quanto. Se chamarmos a atenção das pessoas para esse ponto, talvez possa estimular a maior adesão da população à campanha"
Onde vacinar
Até 9 de julho, a campanha acontecerá de forma escalonada, sendo dividida em três fases que contemplarão os grupos definidos pelo Ministério da Saúde.
A recomendação dos especialistas é de que as pessoas dos grupos prioritários para proteção contra as duas doenças tomem primeiro a vacina contra o coronavírus e aguardem o prazo de 14 dias para se imunizarem contra a gripe.
Confira a programação definida pelo órgão:
Primeira etapa (12/4 a 10/5)
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias)
- Gestantes e puérperas
- Trabalhadores de saúde
- Povos indígenas
Segunda etapa (11/5 a 8/6)
- Idosos com 60 anos ou mais
- Professores das escolas públicas e privadas
Terceira etapa (9/6 a 9/7)
- Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
- Pessoas com deficiência permanente
- Forças de segurança e salvamento
- Forças Armadas
- Caminhoneiros
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso
- Trabalhadores portuários
- Funcionários do sistema prisional
- Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas
- População privada de liberdade.