A história de um lugar pode ser contada de diversas formas. Por meio da fotografia de uma antiga casa em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é possível saber que um senhor que morou no bairro Lapinha conhecido como Barão da Lapinha foi um integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e participou da Segunda Guerra Mundial, na Itália.
As memórias do pracinha já não podem ser mais conhecidas por meio dos tijolos, do fogão à lenha nem do mobiliário. No local, está sendo construída uma nova casa, mas o registro fotográfico dessa transformação poderá ser visto no Festival Terras de Luzia.
As memórias do pracinha já não podem ser mais conhecidas por meio dos tijolos, do fogão à lenha nem do mobiliário. No local, está sendo construída uma nova casa, mas o registro fotográfico dessa transformação poderá ser visto no Festival Terras de Luzia.
De acordo com fotógrafo Lenynsson Cunha, a fotografia leva as pessoas a conhecerem a história de forma mais simplificada e pode proporcionar uma viagem ao passado e apontar um alerta sobre a importância do incentivo pelo poder público ao patrimônio arquitetônico da cidade.
"Farei um vídeo com 12 casarões da cidade com a participação da arqueóloga Rosângela Albano, coordenadora do Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (Caale). A fotografia vai nos levar a contar essa parte da história", informa Lenynsson.
Segundo ele, morto em 2017, o Barão da Lapinha contava que tomava cerveja com Juscelino Kubitschek. "A foto do Barão e tantas outras poderão ser vistas."
Para o fotógrafo, as transformações na arquitetura registradas pelas lentes em 2007 e agora em 2021 pretendem provocar levar o público a escavar na memória o que ficou esquecido e o que ainda está presente.
“Lagoa Santa iniciou um grande desenvolvimento com a transferência de voos para o aeroporto de Confins, com a construção da Linha Verde e o boom no mercado imobiliário da cidade. Quatorze anos depois, esse registro torna-se de grande importância, já que a maioria das casas não existe mais. Hoje, estamos voltando em algumas delas, vamos ver quais mudanças aconteceram com o passar do tempo, quantas histórias se mantiveram de pé e pensarmos sobre o que queremos deixar para o futuro.”
De acordo com o organizador do festival, Heverson Santos, a escolha do nome e local para a realização do festival remete à tradição histórica da cidade por ser considerada o berço dos estudos da paleontologia sul-americana.
"Terras de Luzia homenageia o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul e propõe um olhar permanente sobre a nossa história. O esqueleto batizado de Luzia foi descoberto nos anos 1970 em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta no município de Pedro Leopoldo, a 26 quilômetros de Lagoa Santa”, relembra Santos.
Ainda segundo o diretor, o trabalho de escavação se deu por meio de um antecessor que ascendeu a curiosidade e importância de investigar essas terras. “A presença de Peter Lund, o pai da paleontologia, é marcante na cidade e, por isso, o local onde será exibida a programação do evento foi a casa onde morou o ilustre dinamarquês que doou o imóvel à cidade e onde, desde 1914, funciona a escola Municipal Doutor Lund.”
Heverson Santos afirma que nos quatro dias de festival, que inicia nesta quinta-feira (06/05) e vai até domingo 9 de maio, o público poderá ver em formato 100% on-line, com transmissão pelo YouTube, exibições de documentários, mostra de trabalhos artísticos e shows musicais ao vivo e promete que o festival vai trazer ao público uma experiência diferenciada em relação às lives que se tornaram comuns desde o início do isolamento social motivado pela pandemia da COVID-19.
"O espectador vai fazer uma visita ao passado e conhecer Lagoa Santa e as suas principais festas populares através de documentários que contam essa história. Tudo será transmitido diretamente do auditório que integra o casarão da Escola Dr. Lund, em um palco com estrutura pensada exclusivamente para o festival."
A curadoria do evento é da HD Eventos com a colaboração de produtores culturais da cidade e apoio de membros do Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico. O festival será realizado com recursos da Lei Federal n° 14.017/20 (Lei Aldir Blanc), por meio do edital 6/2020, no âmbito do estado de Minas Gerais.