Ao se deslocar pela Região Central de Belo Horizonte, passando pelos bairros de Lourdes e Boa Viagem, uma pessoa atravessa uma das áreas com maior mancha de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) da Regional Centro-Sul. A cada quilômetro quadrado nessa porção nobre da cidade foram 23,5 casos positivos registrados até 30 de abril.
Pode parecer muito, mas a vulnerabilidade dos habitantes das partes mais humildes da mesma regional mostra a alta exposição dessa parcela da sociedade à pandemia. Se a mesma pessoa circulasse pelas favelas Vila Marçola e Vila Nossa Senhora da Conceição, no Aglomerado da Serra, o mesmo quilômetro quadrado teria média de 408,5 casos de COVID-19, ou seja, 17 vezes mais.
É o que mostra um levantamento feito pela reportagem do Estado de Minas sobre os bairros contidos pelas maiores manchas de casos de COVID-19 de cada regional da capital mineira, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte cruzados pela extensão territorial de cada bairro segundo a Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel).
Na edição de ontem (3/5), a reportagem mostrou que as regionais Leste e Noroeste são as que têm o quilômetro quadrado com mais concentração de casos da doença. Os estudos foram feitos a partir de orientações do diretor da Sociedade Mineira de Infectologia e membro do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e da professora Jordana Coelho dos Reis, do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, que destacaram como a concentração de doentes em uma mesma área é um sério fator de risco.
Pela modelagem dos bairros contidos nas manchas de COVID-19, a maior discrepância de casos por quilômetro quadrado se encontra dentro da Regional Barreiro. A pequena Vila Cemig, próxima ao Anel Rodoviário, registrou uma concentração média de 769 casos por quilômetro quadrado, enquanto o Bairro Diamante, onde fica a unidade de pronto atendimento (UPA) de mesmo nome, uma das mais movimentadas da capital em atendimento à COVID-19, tem 21 casos proporcionalmente diluídos por sua área. Vale lembrar, contudo, que o fato de a comunidade Vila Cemig ser muito pequena e volumosamente povoada pesa na diferença entre os dois locais, pois em números absolutos o número de doentes e mortos se restringiu a 20.
Na Regional Leste, que com 41 casos por quilômetro quadrado é a que tem maior concentração de casos, o Bairro Mariano de Abreu desponta como sendo uma pequena área com grande volume de doentes. O índice proporcional é de 128, 6 casos por quilômetro quadrado. Quando se observa a abrangência da mancha de registros sobre os bairros da regional, a área mais ampla é a dos bairros Granja de Freitas, Alto Vera Cruz, São Geraldo, Esplanada, Vila Nossa Senhora do Rosário, Saudade e Vera Cruz, onde a concentração é de 51,4 casos km2, sendo que a abrangência total dessa mancha é de 4,94 quilômetros quadrados.
A segunda regional com maior concentração de casos é a Noroeste, onde cada quilômetro quadrado apresenta 40 casos. O destaque negativo entre os bairros da região fica para o Padre Eustáquio, que sozinho apresenta proporção de 23,5 doentes para cada km2 (veja quadro).
“Nas áreas de habitações de pessoas com menor poder aquisitivo a exposição ao vírus acaba sendo maior, até pelas condições de moradia, que não oferecem afastamento ideal. São também trabalhadores que precisam atuar em muitos empregos, como diaristas que circulam em diversas casas, porteiros e faxineiros, sempre transportados nos horários mais movimentados ”, observa a professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, Jordana Coelho dos Reis.
A PBH, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), informa que a localização geográfica de casos e óbitos de COVID-19 é analisada semanalmente para adoção de medidas de controle, entre elas a orientação da população sobre o distanciamento social.
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O que é um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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