Com uma leve queda nos números da COVID-19 em Belo Horizonte, mas ainda considerados altos, a prefeitura anunciou, nesta quinta-feira (06/05), uma nova etapa da reabertura da capital após o país entrar na pior fase da pandemia neste primeiro semestre.
A partir de sábado, bares e restaurantes vão ter o horário de funcionamento ampliado, mas ainda não podem abrir aos domingos. Neste Dia das Mães (09/05), supermercados, padarias, clubes e outros serviços poderão reabrir.
“Explosão de casos”
Na abertura da coletiva, Alexandre Kalil lembrou apelos anteriores para que a população mantivesse o distanciamento social e disse que a não obediência acabou levando a cidade ao aumento no número de registros da COVID-19.
“Pelo que se tem até noticiado todos os dias, os nossos números, apesar de muito altos ainda, estão apresentando uma queda acentuada. Estamos nas vésperas do Dia das Mães e hoje nós podemos dizer aqui que o planejamento feito por esse comitê e por essa prefeitura, por todos que estão sentados aqui, foi feito justamente para que o comércio aproveitasse o dia em que, segundo os próprios comerciantes, é a segunda data mais importante para o comércio, para os bares e restaurantes de Belo Horizonte", relembrou.
“Pelo que se tem até noticiado todos os dias, os nossos números, apesar de muito altos ainda, estão apresentando uma queda acentuada. Estamos nas vésperas do Dia das Mães e hoje nós podemos dizer aqui que o planejamento feito por esse comitê e por essa prefeitura, por todos que estão sentados aqui, foi feito justamente para que o comércio aproveitasse o dia em que, segundo os próprios comerciantes, é a segunda data mais importante para o comércio, para os bares e restaurantes de Belo Horizonte", relembrou.
“Eu já disse algumas coisas aqui e vou repetir com muita calma e com muita humildade pois não fui ouvido por parte da população. Primeiro, há um ano e três meses avisei que estávamos em guerra e ninguém acreditou. Segundo, eu disse que cartão de plano de saúde não era vacina, e parte da população não acreditou. Que no Natal, poderíamos passar sem vermos entes queridos, porque poderia ser o último Natal importante para muitas famílias e ninguém acreditou. No que deu uma explosão de casos. Sobre festas, sobre praias, sobre viagens, sobre irresponsabilidade, sobre negacionismo, eu me nego a falar, porque acho que isso é até bíblico. Não vou jogar pérolas aos porcos”, destacou o prefeito.
Mortes de jovens e Dia das Mães
Kalil aproveitou a véspera do Dia das Mães para lembrar que ainda não é seguro visitar parentes e fazer confraternizações, principalmente considerando que a maior parte da população ainda não está imunizada. Ele citou a morte do ator e humorista Paulo Gustavo, vítima da COVID-19 aos 42 anos.
“Eu vou dizer o seguinte, eu já não tenho a minha, mas muito, principalmente os mais jovens, vão se encontrar com as mães, ou não, porque a morte do Paulo Gustavo ontem é simplesmente a morte de um ente muito querido a todos, mas é só um CPF que se foi e ele não passará o Dia das Mães com a mãe dele, que está viva, e ele era um rapaz de 42 anos. É esse o recado que eu dou. Um presente na porta, uma live, um uso da imaginação”, enfatizou.
“É um momento muito diferente, onde o medo toma conta cada vez mais da população, porque a cepa não está para brincadeira. Estou vendo aqui dezenas de jovens que hoje sabem que podem se internar, como estão internados. Quase a metade das internações hoje são de pessoas da idade de vocês. Então, tenham cuidado, tenham responsabilidade, porque é muito grave essa situação, principalmente dessa faixa etária, na cidade de Belo Horizonte. Mas, não podemos ficar apegados à segurança e abandonar, com toda a ajuda que nós demos, inclusive”, disse Kalil.
Questionado sobre o aumento dos casos de jovens doentes, o prefeito Alexandre Kalil detalhou. “Eu recebi a informação do secretário hoje de que praticamente a metade dos internados são jovens. Se você me perguntar quais jovens, vou dizer que temos óbitos de 23 anos, de 40 anos, de 39, de 32. Se você considerar a morte de um ator de 42 anos, se ele não for um jovem, ele é o quê? Um pré-adolescente ou um idoso? Ele não passa de um jovem. Então, o número é realmente alarmante, principalmente entre os jovens, que na maioria das vezes ignoram e vão para baladas, para festas, churrascos, e é isso que a gente quer evitar.”
Prestação de contas e Minas Consciente
Ainda na coletiva, o prefeito de Belo Horizonte leu uma lista com diversas iniciativas realizadas pela prefeitura para auxiliar a população na pandemia.
“Outro assunto que gostaria de colocar que foi dado e, nas últimas entrevistas, me neguei a falar porque não queria que se tornasse uma fonte de agressão. Não fazemos ondas, não colorimos a nossa cidade (em referência ao programa Minas Consciente, do governo do estado). Nós distribuímos 3,6 milhões de cestas básicas, num total de R$ 275 milhões, ininterruptamente, desde o início da pandemia. Distribuímos 900 mil toneladas em nossos restaurantes populares. E na assistência alimentar e em abrigos, servimos 6.777.926 milhões de refeições. E foram entregues à população, além que é sabidamente transmissão de máscaras, 600 mil kits de higiene. Isso é combater a pandemia. Não fechamos a cidade, não sacrificamos a cidade de Belo Horizonte. Houve sacrifício imenso desta turma sentada para que todos fossem mitigados da tragédia que abateu nossa cidade”, destacou.
Resposta aos comerciantes
Antecipando uma possível reação negativa dos comerciantes que ficaram de fora da reabertura aos domingos, Kalil enfatizou. “Fiscalização não é tirania, fiscalização é responsabilidade. Que não me venham com papo de tirania, com papo de quem não cuida.”
“Peço à população de Belo Horizonte, peço aos donos de bares e restaurantes, que vão ampliar de quatro para sete horas de abertura, vão ficar abertos até sete horas, os clubes que vão ser reabertos, as feiras que vão ser reabertas – e espero que as feiras não achem que porque ficaram aqui com sete pessoas gritando que estamos reabrindo as feiras por causa disso, porque do mesmo jeito que nós reabrimos nós vamos fechar – isso não tenham dúvidas, nós não vamos tomar gol aos 45 minutos do segundo tempo, onde, infelizmente, a vacina chega a passos de a tartaruga mas chega”, disse o prefeito.
“O domingo está reaberto, menos para bares e restaurantes. Nós estamos ampliando o horário para compensar. Brevemente, se Deus quiser e os números continuarem caindo, vamos ampliar mais e mais, ou poderemos estar aqui fechando e lacrando a cidade toda. A todos os comerciantes, a todas as associações de bares, restaurantes, lojas, feiras, vocês vão ditar se a cidade vai continuar reabrindo ou vão fechar. Nós estamos com a fiscalização atenta e vamos continuar, faço um agradecimento, como sempre fiz, à Polícia Militar de Minas Gerais, ao comando da Polícia Militar, ao meu Gabinete Militar, ao comando-geral da capital, que também é polícia do estado, pela grande colaboração que tem dado junto à Guarda Municipal, junto à Vigilância Sanitária, junto à Política Urbana”, destacou.
Volta às aulas
“Abrimos as escolas de modo responsável, de modo que os alunos de 0 a 5 anos com horários diferentes, com bolhas ou módulos diferentes. E eu quero dizer aos senhores que quando a secretária foi chamada para dar uma pequena palestra em cidades da região da grande Belo Horizonte, infelizmente as cidades estão sem a menor condição de abrir a escola infantil hoje no estado de Minas Gerais. Então, estamos em contato com o Ministério Público, vamos abrir um bom diálogo, porque é um órgão do estado, e nós estamos em uma conversa muito positiva, como sempre tivemos, com o Ministério Público”, disse o prefeito.
Vale lembrar que, na primeira quinzena de abril, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cobrou da prefeitura de BH o protocolo sobre o retorno gradual às aulas presenciais. O órgão analisa as ações da PBH na condução de medidas referentes à educação nas redes municipal e particular de ensino da capital durante a pandemia.
Orçamento
Kalil também deu a entender que acionou a Câmara de BH para solicitar orçamento a fim de manter serviços de saúde na capital. “Há um projeto de lei de R$ 250 milhões para ser aprovado. Não adianta fazer demagogia lá dentro (da Câmara Municipal de BH). Alguns vão tentar, e nós não temos mais dinheiro. Vai faltar para cesta básica, vai faltar antibiótico, vai faltar muita coisa. Eu peço para alguns lá na Câmara que tenham a consciência e a responsabilidade de não tirar o medicamento de dentro do centro de saúde”, disse.
Aplicação da segunda dose contra a COVID-19 suspensa
O prefeito Alexandre Kalil foi questionado sobre a suspensão da aplicação da segunda dose da CoronaVac em Belo Horizonte por falta de imunizantes e disse que a culpa é do Ministério da Saúde.
“Uma explicação muito simples, não precisa de nenhum médico porque ela é matemática. Nós recebemos um ofício do Ministério da Saúde, um documento oficial, que todo mundo está acompanhando, que vem em lotes. Agora deve ter chegado ao nono, décimo, décimo primeiro. Vem a conta-gotas, mas vem. Recebemos uma ordem para aplicar tudo, não obedecemos, guardamos uma parte. E recebemos um documento oficial de que os sétimo e oitavo lotes eram para aplicar todas as doses. Então, nós entendemos que era um documento responsável, e fizemos isso, e acredito que no início da semana que vem nós devemos estar voltando a aplicar a segunda dose", explicou Kalil.
"Não há problema de atrasos de uma semana ou sete dias. O ideal era que o documento fosse responsável, e nós não recebemos um documento oficial responsável. É isso que ninguém fala, é isso que querem jogar nas costas do secretário de saúde e da prefeitura de Belo Horizonte. Claro que foi irresponsabilidade do Ministério da Saúde que mandou um documento, que nós acatamos, é um documento oficial do governo federal, de que teríamos as doses aqui”, afirmou.
"Não há problema de atrasos de uma semana ou sete dias. O ideal era que o documento fosse responsável, e nós não recebemos um documento oficial responsável. É isso que ninguém fala, é isso que querem jogar nas costas do secretário de saúde e da prefeitura de Belo Horizonte. Claro que foi irresponsabilidade do Ministério da Saúde que mandou um documento, que nós acatamos, é um documento oficial do governo federal, de que teríamos as doses aqui”, afirmou.
Bolsonaro contra restrições
A gestão de Kalil na pandemia já foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro que, nessa quata-feira, declarou que pode editar um decreto contra as medidas de restrição adotada por governadores e prefeitos para conter a pandemia do coronavírus. Questionado sobre as últimas declarações, o prefeito respondeu hoje:
“Meu sonho de consumo é alguém sentar aqui no meu lugar agora. Ele não pode editar papel não porque papel o estado está editando também. O que eu quero é cesta básica, o que eu quero é dinheiro, é cheque. O que eu quero é leito de UTI. Quem trata de papel, quem trata de documento, é o Supremo Tribunal Federal (STF) Eu trato aqui de vida, de compreensão, de equilibrar a farinha com o fubá. O que estou tratando aqui não é de papel não, é de um desembolso robusto, que custa muito caro para a prefeitura”.
“Meu sonho de consumo é alguém sentar aqui no meu lugar agora. Ele não pode editar papel não porque papel o estado está editando também. O que eu quero é cesta básica, o que eu quero é dinheiro, é cheque. O que eu quero é leito de UTI. Quem trata de papel, quem trata de documento, é o Supremo Tribunal Federal (STF) Eu trato aqui de vida, de compreensão, de equilibrar a farinha com o fubá. O que estou tratando aqui não é de papel não, é de um desembolso robusto, que custa muito caro para a prefeitura”.
CPI da COVID
Na mesma resposta, Kalil mencionou a CPI da COVID, em andamento em Brasília (DF). “Eles que tragam o papel ao Supremo Tribunal Federal e ele designa aqui um cuidador para a COVID, um novo comitê, e serão muito bem-vindos. Nós guardaremos os nossos dados até hoje e amanhã ele passa a anotar os dados dele dentro da nossa cidade, que pelo visto os dados dentro do nosso país não são muito interessantes e muito competentes, haja vista os depoimentos que vimos ontem, abismados, na CPI da pandemia”, disse.
“CPI da qual todas as prefeituras já receberam – não é Belo Horizonte, são todas, vamos ser justos – toda a documentação do gasto de hospital de campanha (não fizemos nenhum) respiradores (recebemos doações, não compramos nenhum). Então, tem gente que vai ter que explicar muita coisa aí, mas graças a Deus belo Horizonte não tem explicação para dar. É apresentar nota fiscal do que foi feito, e foi feito com honestidade, com seriedade”, continuou Alexandre Kalil.
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