Grávidas de esperança, elas trazem no calor do ventre o tempo futuro e carregam nas veias a força para gerar uma nova vida, mesmo com os caminhos incertos dos últimos 14 meses.
Se tiveram seus bebês recentemente, acreditam em dias melhores para vê-los crescendo e semeando a confiança por todo canto.
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Luz e companheirismo para seguir em frente
Maria Luíza chegou ao mundo às 23h35 de quarta-feira, e o nome da menina foi escolhido por dois motivos: em homenagem a Nossa Senhora, alvo de muitas preces e súplicas, especialmente a conhecida “Maria passa na frente”, e em memória ao avô materno, Luiz, já falecido, que apareceu em sonho dizendo que tudo daria certo.
Quem conta essa história, com calma no coração, é a dona de casa Renata Almeida Vigilato, de 44, casada com o técnico de mecânica industrial Francisco de Assis da Costa, com quem já tem o esperto Enzo, de 4. Do casamento anterior dela, nasceram Jhonatan, de 27, e Jefferson, de 20.
“Não foi nada programado desta vez, engravidei em agosto. No início, fiquei muito preocupada, tanto pela minha idade quanto pela situação em todo o mundo. Rezei muito para a Virgem Maria e ainda houve o sonho da minha irmã, Gisele, com nosso pai, o que me tranquilizou bastante”, revela Renata.
Os dias foram se passando e Renata se fortaleceu cada vez mais – de forma especial ao ver a alegria no rosto de Francisco pela chegada da primeira filha e o carinho do caçula que a todo instante pergunta se a mamãe está bem.
“Quando esperava o Enzo, o problema grave era o zika vírus, os bebês nascendo com microcefalia... Fiquei apavorada, mas ele veio cheio de saúde. Agora, é o coronavírus, mas sabia que daria tudo certo. Estou passando bem. Meu filho mais velho mora em BH e teve a doença. Fui visitá-lo e não peguei nada”, afirma Renata, para quem ler é aprender. “Procuro me informar bastante a fim de ter segurança. Há muita informação hoje, mas precisamos passar um filtro. Também gosto muito de disciplina para viver melhor.”
Belo-horizontina residente no município vizinho de Santa Luzia, Renata fez o pré-natal na capital e decidiu que, a exemplo dos partos anteriores, esse também seria natural.
“O médico achou melhor, pois cesariana é uma cirurgia, né? Exige muito mais cuidados. No parto normal a gente fica liberada logo.”
Boa parte da quarentena a família passou envolvida com a construção da casa onde mora, e em abril, o quarto de Maria Luíza recebeu os últimos retoques pelas mãos do papai Francisco. “Ela chegou cheia de saúde. Teremos um Dia das Mães especial”, diz ele.
Energia e trabalho remoto durante a gravidez
O dia, certamente, precisaria ter mais de 24 horas para dar conta da energia da enfermeira Neila Natasha Félix, de 29 anos.
Em tempos normais, conforme relata, é dessas de acordar antes das 5h, correr na pista do condomínio onde mora, na Região Nordeste de BH, treinar pesado, dar atenção à filha, Maria Valentina, de 3 anos, e depois seguir para o trabalho.
Coordenadora do Serviço de Controle de Infecções do Grupo Santa Casa BH, Neila está no nono mês de gravidez, e aguarda, ao lado de Kleiton Soares Macedo, a chegada da segunda filha do casal, Maitê.
“Para engravidar numa época assim, com tantas incertezas, precisamos ter coragem, fé, acreditar na vida, contar com o apoio do parceiro”, diz a enfermeira. Outro suporte de suma importância vem sendo a terapia.
“Parei com os treinos, com a corrida, tive que me submeter a uma cerclagem uterina, ainda em função da primeira gravidez. Então, tenho que buscar equilíbrio de alguma forma, e a terapia é ótima.”
Neila seguiu em trabalho remoto, com as atividades a distância sob sua coordenação.
“Sempre digo para minha equipe: o hospital é o local onde me sinto mais segura no mundo.” E dá o exemplo: em agosto, no mesmo mês em que engravidou, ela teve COVID-19, doença que também acometeu Kleiton e Maria Valentina.
Mas a enfermeira avisa logo que a contaminação não foi no hospital, onde todos usam os equipamentos de proteção individual (EPIs) e obedecem a protocolos sanitários rigorosos.
Sem perder o bom humor, ela explica que, em agosto, exaurida emocional e fisicamente pela pandemia, a família foi passar cinco dias num hotel-fazenda.
“O Kleiton resolveu fazer a barba, três dias antes da viagem, num local onde ninguém usava máscara ou mantinha distanciamento. Resultado: todos nós fomos contaminados. Felizmente, não foi nada grave. Isso que dá fazer a barba para dormir de 'conchinha'!”
A festa ficou para mais tarde
Também residentes na Região Nordeste de BH, o contabilista Bruno Cândido Silva, de 32, e Mayara Moraes, de 30, farmacêutica e empresária, cumpriram os primeiros meses de quarentena como manda figurino.
Ficaram trancados em casa, trabalhando a distância, cuidando do pequeno Murilo, de 3 anos, saindo só para o essencial. Apenas quando foram anunciadas as primeiras normas de flexibilização é que o casal baixou um pouco a guarda, com saídas pelo Bairro Cidade Nova e viagens à terra natal dos dois, Dores do Indaiá, na Região Centro-Oeste do estado. Em 16 de dezembro, a família ficou maior com o nascimento de Benjamim.
Mayara com a palavra: “Nossos dois filhos foram bem planejados. Já tínhamos alguns anos de casados, compramos nosso apartamento e planejamos Murilo. O tempo foi passando e percebi que nosso menino estava grandinho. Queria muito ter filhos com idades próximas e foi aí que pensamos em outro”.
O teste de gravidez de Mayara deu positivo no mês exato em foi declarada a pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a família entrou em quarentena.
“Naquele comecinho, tive a sensação preocupante de como seria o decorrer dos meses seguintes. Queria muito que tudo fosse bem parecido como foi com o Murilo. Bruno comigo assistindo ao parto, a família vindo do interior para nos visitar, aquela alegria de sempre.”
Com o pequeno Benjamim no colo, Mayara se mantém firme, forte e cheia de esperança diante das mudanças. “Consegui que Bruno estivesse comigo, mas a família toda visitar... Ah... Isso não teve. Lembrancinhas de nascimento? Essas ficaram guardadas. Também não houve visitas. Mas, como se diz, dias melhores virão.”
Partos durante a pandemia
O número de partos teve ligeiras variações no período da pandemia na Odete Valadares, a maior maternidade pública do estado, vinculada à Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig).
Em BH, de novembro de 2020 a janeiro último, foram registrados 790, enquanto no período de novembro de 2019 a janeiro de 2020 houve 801.
Os números mais recentes disponíveis indicam 257 em fevereiro e 289 em março. Já na Maternidade Júlia Kubitschek, referência em gravidez de alto risco e com leitos para gestantes com COVID-19, os dados se mantiveram iguais em dezembro (185), mas com queda nos subsequentes: 199 partos em janeiro de 2020 contra 163 em janeiro de 2021, e 189 em fevereiro de 2020 contra 165 este ano.
Em março, foram 180 em 2020, com queda para 131 em 2021. Enquanto isso, o Hospital Sofia Feldman, 100% SUS, filantrópico, maior neonatologia do país e a terceira maior maternidade em número de partos, incluindo os de alto risco, teve crescimento.
Em janeiro, houve 930 contra 842 de 2020. Em fevereiro, foram 945 partos (2021) contra 797 (2020).
Em março deste ano foram 978 e, no mês passado, 1.077. Segundo a direção, 70% das gestantes são do interior e da Região Metropolitana de BH, com destaque para Santa Luzia e Ribeirão das Neves, onde esses serviços não estão funcionando devido à pandemia.
O que é um lockdown?
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
- CoronaVac/Butantan
- Janssen
- Pfizer
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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