Aproveitando o Dia das Mães com os parques abertos em BH, algumas famílias escolheram áreas de lazer para homenagear suas matriarcas. Em vários pontos da cidade, o piquenique foi a forma encontrada por filhos, sobrinhos, genros e netos para a devida "festa", sem aglomerações, com muito verde, água e ar puro.
O domingo (9/5) foi dia de acolhimento aos moradores de BH e região metropolitana nas áreas de preservação urbanas. Mesmo assim, alguns parques ficaram vazios. No Parque das Mangabeiras, somente uma barraca de sorvetes funcionava. Não havia quiosques de lanches, lanchonete ou restaurantes. Quem não levou lanche, teve que voltar mais cedo para casa.
Belo Horizonte conta com 76 parques espalhados por todas as regionais. A reabertura é gradual e alguns terão restrição, com autorização apenas determinados dias na semana. Outros somente com agendamento. Em 38, as visitações estão liberadas, segundo a PBH, são parques com menor fluxo, com visitas, em sua maioria, de moradores do entorno.
As motivações para a escolha de parques para comemorar o Dia das Mães foram diversas. Janaína Cristiana Soares, 45 anos, cuidadora de idosos, chegou apressada ao Parque Ecológico da Pampulha, com mais oito integrantes da família, "para não atrasar o horário do agendamento." Ela perdeu a mãe para COVID em fevereiro. A reunião, que todos os anos acontecia em sua casa, não se repetiria. O filho, Louis Felipe Soares, 23 anos, teve a ideia de "sair e procurar uma área verde, agradável, onde todos pudessem homenager Janaína e render homenagens à avó. Sem tristeza, e sem espantar as saudades."
Eles agendaram na sexta-feira (7), mobilizaram os familiares acostumados a passar esse dia com a avó, organizaram um piquenique e partiram para a Pampulha. Muito emocionada, Janaína disse que a dor da perda é "incomensurável", mas a "sensibilidade" do filho em propor algo que trouxesse conforto ao coração, falou mais alto.
Mas nem todo mundo conseguiu curtir o primeiro domingo no parque. Os primos Jeferson Bernardo Batista, 26 anos, auxiliar de produção, Luiz Eduardo Alves Bernardo, 20 anos, operador de lava jato, e Bruno Cauã Bernardo Bizon, 17, foram barrados na entrada do Parque Ecológico. Eles saíram de bicleta do Bairro São Salvador, nas imediações, para um passeio comum nas manhãs de domingo antes da pandemia. Foram impedidos de entrar porque a visita não foi agendada.
Matriarca comemora primeiro Dia das Mães com "a mãe natureza"
A aposentada Margarida Cardoso Ribeiro, 73 anos e o marido também aposentado, Nilo Ribeiro, 77 anos, moradores do Alípio de Melo, Região da Pampulha, foram recebidos com festa, pizza, sucos e saladas pelas filhas Anelise Cardoso Ribeiro e Marilene Cardoso Ribeiro no Parque das Mangabeiras. Com elas, genros, neta, sobrinhas e amigos se organizaram para não aglomerar. Em grupos de quatro em cada mesa, um verdadeiro banquete foi preparado.
Todos se declararam "amantes e frequentadores assíduos da natureza". A ideia, proposta pelas filhas, e acatada por todos, levou a comemoração do Dia das Mães, pela primeira vez, para fora das paredes da casa.
"Queríamos proporcionar um dia diferente. Seguro, com interação com o ambiente, obedecendo o distanciamento", conta a filha Anelise. Margarida adorou a ideia e o ambiente foi de descontração e acolhimento. Nilo disse que todos "estavam em prisão domiciliar e que considerava progressão de regime para o condicional", brincou.
Auxiliar de secretaria escolar, Elisabete Rodrigues, 42 anos, decidiu que a data comemorada com os filhos seria diferente. Saiu de Contagem, na Região Metropolitana de BH, e escolheu o parque das Mangabeiras para passear com Pedro Rodrigues Guimarães, 17 anos, Alice Rodrigues Guimarães, de 13, e Filipe Rodrigues de Paula, de um ano e 10 meses.
"Chegamos cedo, mas esperava que houvesse opções de alimentos. Nenhuma lanchonete ou quiosque aberto". Mesmo com "lanchinho", produzido em casa, o passeio seria mais curto. Mas ela diz que o parque trás muito boas recordações "pra mim e meus filhos que desde pequeninos já frequentávamos. Hoje tivemos boas e saudosas recordações."