Após 278 dias da evacuação das primeiras famílias, as obras realizadas pela mineradora Vale conseguiram conter as ameaças estruturais à Barragem do Doutor, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. A estrutura que pertence à Mina de Timbopeba passou nesta terça-feira (18/05) do nível 2 de instabilidade para nível 1.
Em nível 2, as barragens precisam evacuar as suas áreas de impacto sobre as comunidades, as chamadas Zonas de Auto-Salvamento (ZAS). Em nível 1, apenas a operação deve ser suspensa e as 144 famílias removidas desde 13 de agosto de 2020 poderiam até voltar às suas casas.
Contudo, os evacuados que pertencem ao povoado de Antônio Pereira, serão ainda mantidos nos hotéis e casas alugadas preventivamente pela mineradora até que a Barragem do Doutor seja completamente desmanchada e reintegrada ao meio ambiente.
Nesses nove meses de trabalhos após a evacuação das ZAS, Foram necessárias investigações geotécnicas, manutenção do bombeamento para reduzir o nível de água do reservatório - a água acumulada ou infiltrada é o principal fator de risco de estabilidade de um barramento - e obras de melhoria na ombreira esquerda, uma das laterais da barragem.
“Essas ações foram acompanhadas e atestadas pela consultoria técnica responsável. A redução do nível de emergência foi protocolada junto aos órgãos competentes, conforme diretrizes estabelecidas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) e na legislação brasileira, e reportada à Agência Nacional de Mineração (ANM) e à auditoria técnica do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG)”, informou a Vale.
A barragem Doutor é monitorada 24 horas por dia pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) e recebe inspeções regulares de equipes internas e externas. “A Vale continuará atuando fortemente no atendimento às melhores práticas internacionais de engenharia, tendo como foco, sempre, a segurança das pessoas que trabalham e vivem no entorno da estrutura”, informou a mineradora.
Após a evacuação das 144 famílias de Antônio Pereira o Ministério Público conseguiu na Justiça garantir que a Vale instalasse seguranças para as casas que as pessoas deixaram nas ZAS.
Situação atual
Atualmente a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil lista 26 barragens em nível 1, sendo 20 pertencentes à Vale. Nove estruturas em nível 2, sendo sete da Vale Capitão do Mato (Nova Lima), Grupo, Forquilha I e II (Ouro Preto), Sul Inferior e Norte Laranjeiras (Barão de Cocais), Xingu (Mariana). As demais são B2 Auxiliar (Rio Acima) e De Rejeitos (Itatiaiuçu).
Em situação mais crítica, em nível 3, que é risco iminente de ruptura, há apenas três barragens, todas elas em Minas Gerais e operadas pela Vale. São elas Forquilha III (Ouro Preto), Sul Superior (Barão de Cocais) e B3/B4 (Nova Lima).
Barramentos em Minas Gerais com níveis diferentes de instabilidade
- Nível 3 (Risco iminente de ruptura. Evacuação das Zonas de Auto Salvamento )
As barragens mineiras B3/B4 (Nova Lima), Forquilha (Ouro Preto) e Sul Superior (Barão de Cocais) são as únicas do país com esse índice de insegurança, todas da Vale
- Nível 2 (Barragem precisa de reparos, mas ainda não conseguiram ser feitos. Evacuação das Zonas de Auto Salvamento)
9 barragens com indicação de evacuação por necessidade de obras urgentes em MG, sendo 7 da Vale
- Nível 1 (Reservatório precisa de reparos. Operação deve ser interrompida)
26 barragens em MG, sendo 20 da Vale
Fonte: Cedec-MG