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Estado de Minas PANDEMIA

Trabalhador rural de Minas espera por cirurgia há quase dois anos

Após ficar intubado em CTI e passar por traquestomia para conseguir respirar, homem aguarda remoção de tubo desde outubro de 2019


21/05/2021 11:48 - atualizado 21/05/2021 16:09

 
Hamilton precisa higienizar o tubo da traqueostomia seis vezes ao dia e teme pelo agravamento da sua saúde(foto: Arquivo pessoal)
Hamilton precisa higienizar o tubo da traqueostomia seis vezes ao dia e teme pelo agravamento da sua saúde (foto: Arquivo pessoal)
Diante da fila de espera para cirurgias eletivas, suspensas em Minas Gerais pela pandemia, um caso chama especial atenção. O trabalhador rural de Santo Antônio do Itambé, na Região Central do estado, Hamilton Meireles Bispo, de 29 anos, aguarda desde 19 de outubro de 2019, intervenção para retirada de tubo de traqueostomia no pescoço.
 
Hamilton bateu com sua moto em uma vaca na noite de 2 de fevereiro de 2019. Por volta das 22h, ele passava por uma estrada de terra, no município de Florada de Minas, quando se deparou com o animal. Bastante machucado, foi encontrado por um amigo que passava pelo local e o socorreu levando-o para Santa Casa de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
Ele foi intubado e permaneceu por 30 dias em coma no Centro de Terapia Intensiva (CTI). Bispo sofreu traumatismo craniano grave. Devido ao tempo de intubação, foi diagnosticado com estenose traqueal, um estreitamento, dificultando a passagem de ar aos pulmões.
 
Precisou passar por traqueostomia. A traqueostomia (TQT) é um procedimento cirúrgico onde ocorre a abertura da parede anterior da traqueia, fazendo uma comunicação com o meio externo, com o objetivo de dar ao paciente uma possibilidade para respirar.  
 
Após oito meses com o tubo, e de passar por vários especialistas em cinco hospitais de Belo Horizonte, ele recebeu um laudo indicando que deveria passar por cirurgia de remoção.

A mulher de Hamilton, Tatiane Rodrigues da Silva, de 28, conta que, desde então, eles não conseguem marcar o procedimento. "Já passamos por diversos hospitais, e sempre alegam que está na fila de espera."

O casal tem quatro filhos menores, e a família passa por dificuldades, porque Hamilton está afastado desde o acidente, sem poder trabalhar. Segundo Tatiane, ele fala com dificuldade, apresenta problemas de memória. 
 
Ela teme agravamento da situação. "Temos passado por vários especialistas que alegam ser uma cirurgia muito delicada. Mas moramos em área rural, com muita poeira e os riscos de infecção e complicações são grandes."

A mulher conta que o aparelho precisa ser retirado para higienização e remoção de secreções pelo menos seis vezes ao dia.
 
As cirurgias eletivas foram suspensas pelo governo mineiro em fevereiro por causa da pandemia do novo coronavírus. Nessa quinta-feira (20/5), o estado anunciou que elas permanecerão suspensas até 30 de junho - seguindo os moldes da onda roxa - até que haja estoque de medicamentos e anestésicos necessários para a intubação.


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