A Escola Municipal Evaldo Fontes, em Ipatinga, não teve aulas ou atividades presenciais nesta segunda-feira (24/5). Nesta escola ocorreu um surto de COVID-19, denunciado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) no dia 13 de maio, com infecção do novo coronavírus em 10 professores.
Apesar de contestação feita pelo município em relação ao número dos professores infectados (a prefeitura informou que foram 8), a morte da professora Nazareth Garcia dos Santos Dias, nesse sábado (22/5), abalou a comunidade escolar e toda a cidade.
Por esse motivo, a rotina da Evaldo Fontes está sendo cumprida apenas com as atividades on-line. Quando as aulas presenciais forem retomadas na escola, os colegas afirmam que vai ser difícil não se lembrar da professora Nazareth, querida de todos.
"Fico imaginando a gente chegando naquele portão e não ter mais aquela alegria que a Nazareth transmitia a todos nós. Ela era muito serena, vivia cantarolando. Todo mundo queria ficar perto dela", disse a professora Claudeth Clair, colega de trabalho da professora Nazareth.
Professores da rede municipal de Ipatinga que estão aposentados, e que mantêm uma forte articulação por meio de um grupo no Facebook, lamentaram a morte de Nazareth.
Muitos a conheceram e atestam a alegria contagiante da professora, cuja morte poderia ter sido evitada, segundo eles, caso a vacinação tivesse chegado aos professores e servidores da área da educação.
Muitos a conheceram e atestam a alegria contagiante da professora, cuja morte poderia ter sido evitada, segundo eles, caso a vacinação tivesse chegado aos professores e servidores da área da educação.
O fechamento da escola acontece em um momento de avaliação da Secretaria Municipal de Educação de Ipatinga sobre o ocorrido.
"Agora creio que se preocuparam, pois os casos foram só aumentando a cada dia. Desde que voltamos às aulas, a prefeitura não nos deu atenção. Todos nós fizemos testes COVID-19 por conta própria", explicou a professora Claudeth Clair.
"Agora creio que se preocuparam, pois os casos foram só aumentando a cada dia. Desde que voltamos às aulas, a prefeitura não nos deu atenção. Todos nós fizemos testes COVID-19 por conta própria", explicou a professora Claudeth Clair.
Cronologia aponta exposição ao vírus
O Sind-UTE Regional de Ipatinga denuncia algo mais além do surto de COVID-19, citado pelo sindicato em 13 de maio. Informou que as atividades presenciais nas escolas começaram no dia 10 de maio, mas, na semana anterior, os trabalhadores da escola, exceto aqueles que apresentaram laudo de comorbidade, trabalharam presencialmente realizando atividades de planejamento e preparação para o retorno dos estudantes.
"Não tem como afirmar onde e quando a professora Nazareth se contaminou. O fato é que ela trabalhou presencialmente, provavelmente sem saber que estava contaminada. A Prefeitura de Ipatinga foi informada que havia pessoas que testaram positivo na EM Evaldo Fontes e só suspendeu as aulas após a denúncia feita pelo Sind-UTE/MG, subsede de Ipatinga", informou o sindicato em nota.
O sindicato também denuncia a falta de cuidado com os trabalhadores em educação que foram convocados para uma reunião presencial com a Secretaria de Educação e Secretaria de Saúde, mesmo estando em quarentena.
"E todos os professores tiveram de pagar seu próprio teste e o seu próprio tratamento contra a doença", informou o sindicato.
"E todos os professores tiveram de pagar seu próprio teste e o seu próprio tratamento contra a doença", informou o sindicato.
A diretora do Sind-UTE, Feliciana Saldanha, relata um outro caso, da professora Ednalva, que estava em trabalho presencial, ficou internada e intubada em UTI COVID-19.
"Felizmente, ela se recuperou e hoje arca com os custos altos do tratamento em sua recuperação. O que nos causa indignação é o descaso com o qual as pessoas estão sendo tratadas, a negligência com a vida dos trabalhadores, colocando todos em risco".
Em nota, a Prefeitura de Ipatinga lamentou a morte da professora Nazareth e informou que "além da reestruturação do sistema de saúde municipal, todos os educandários foram devidamente preparados para retomada de suas atividades, seguindo rígidas normas de segurança continuamente observadas para defesa da comunidade".