Um estudo da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) aponta recorde na média diária de novos casos do coronavírus no Sul de Minas. Até 24 de maio, o levantamento mostra 1.657 casos da doença por dia. Na semana de 17 de maio, foram 1.217 registros.
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COVID-19: 'Segunda onda em Minas não está controlada', afirma secretário Kalil assina termo de patrocínio para vacina contra COVID-19 da UFMGProfissionais da educação infantil e moradores de rua são vacinados em BHcoronavirusmgCOVID: Pela 1ª vez em dois meses, Pouso Alegre fica 24 horas sem mortes Jovem avisa polícia de suposto abandono de recém-nascido, mas ela era a mãeIbiraci decreta toque de recolher e lei seca e suspende transporte públicoA pesquisa é realizada semanalmente, baseada nos painéis disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Esse é o sétimo dia seguido em que há crescimento do número de casos.
A explicação para esse aumento, segundo Sinézio Inácio da Silva, coordenador do estudo, está relacionada ao feriado do Dia das Mães.
“Nós observamos que a curva está há sete dias crescendo, o que era esperado. O resultado foi projetado pelo efeito de mais um feriado recente, e, com isso, temos uma inclinação significativa”, diz o professor da Unifal.
Silva coordena e realiza a pesquisa com as alunas Ana Carolina Carvalho e Ana Clara Figueredo. Eles se baseiam em um método adotado pela Fiocruz, que observa a média móvel a cada sete dias, podendo, assim, repassar os principais indicadores da semana no boletim epidemiológico.
“Vale lembrar que há uma diferença de tempo, nos dados que são divulgados pelas secretarias de Saúde e os da estatística oficial da SES-MG. A maioria dos pesquisadores usa esses números”, aponta o pesquisador.
Esse último recorde que o Sul de Minas atingiu na média móvel de casos foi em função dos casos registrados até o dia 24.
Desde o início da pandemia se estabeleceu o entendimento que 14 dias é o período máximo de incubação do vírus, ou seja, da entrada no organismo até o início da infecção e o surgimento dos sintomas. Nesse período de duas semanas é que se percebe o desenvolvimento da COVID-19 no corpo. Portanto, a estimativa de crescimento percentual da média móvel diária é comparada com a média móvel de 14 dias antes.
“Se esse crescimento está acima de 14%, entende-se como crescimento. Se está entre 15% ou menos 15%, identifica-se como estável. Se for menor do que menos 15%, a tendência é a diminuição”, completa Silva.
Com a média diária de 1.657 casos, a projeção é que 80 pessoas sejam internadas por dia no Sul de Minas. No último boletim, analisado pela equipe da Unifal, a taxa era de 102 internações e 30 novos casos ao dia.
“Com esses números, o sistema fica congestionado e as chances para colapso são maiores”, explica.
O estudo apontou também que Minas Gerais apresenta média mensal de mortes por COVID-19 altíssima. Os números foram maiores que a soma da média mensal de mortes por doenças do aparelho circulatório (hipertensão, AVC, enfarte) e câncer, de 2019.
Esse dado é absolutamente inédito e extremamente grave, considerando que, desde a década de 1970, a maior causa de mortes no Brasil são as doenças do aparelho circulatório e o câncer.
Segundo Silva, desde os anos 1970, a chamada transição epidemiológica já havia ocorrido. Essa mudança acontece quando a maioria das mortes não é causada por doenças infecciosas ou parasitárias.
Países que apresentam números altos nesse tipo de quadro são geralmente os menos desenvolvidos.
Nesse sentido, a partir do número de casos da COVID-19 registrados este ano é possível perceber que o número de mortes por mês em decorrência do coronavírus é maior em Minas Gerais do que a soma das mortes causadas na média mensal de 2019 relacionada a outras doenças circulatórias e cânceres no estado.
“Precisamente, temos 5.445 óbitos em média por mês em 2021. Com a soma, a média mensal de mortes em relação a 2019 (por outras doenças) é de 5000”, aponta o professor.
No Sul de Minas, o número é quase o mesmo. Os óbitos por COVID chegam a 707. Se comparado à média mensal de outras doenças, foram 448 mortes relacionadas a AVC, infartos e problemas de pressão, e 307 por câncer.
“Isso é absolutamente inédito e absurdo. Para a epidemiologia e a saúde coletiva, chega a ser escandaloso”, dispara o pesquisador.
Mesmo com os números alarmantes, Silva acredita que o Sul de Minas está longe de virar o epicentro da doença no estado, justamente, porque, o local divide com mais nove regiões, tendência no crescimento de casos. Ou seja, muitos territórios do estado estão em situação calamitosa.
“É fundamental conter o surgimento de novos casos. Parece algo abstrato, mas pelos números que a gente analisa é possível ver que, para cada 100 casos que surgem, temos sete internações aqui no Sul, e para cada 100 internações são 30 óbitos”, diz.
Minas Gerais tem 1.536.112 casos e 39.540 mortes em decorrência da COVID-19. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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