Afeto e alegria. Essas duas palavras foram utilizadas pelo padre Carlos Henrique Alves para resumir a brincadeira feita pelo papa Francisco com os brasileiros, nessa quarta-feira (26/5). Em uma resposta bem-humorada, ele disse que os brasileiros “não têm salvação. Muita cachaça e pouca oração”.
Para Carlos Henrique foi uma declaração “de afeto, carinho, proximidade”. “Sinto que o papa tem insistido muito com seus gestos em uma igreja próxima, alegre e acolhedora”, afirmou.
De Divinópolis, Centro-Oeste de Minas Gerais, Carlos Henrique foi quem fez o vídeo que viralizou nessa quarta-feira. Ele está em Roma, na Itália, desde agosto de 2019 cursando doutorado no Pontifício Ateneu de Santo Anselmo.
O sacerdote acompanhava o amigo e também padre João Paulo Sousa Victor, da Paraíba – que retorna ao Brasil na próxima semana, após concluir os estudos de Teologia Moral.
“Ele ainda não havia tido a oportunidade de se aproximar do papa. Na manhã de ontem (26/5), fomos participar da audiência com este desejo. Ao sair brinquei com ele: vou ser seu cameraman para registrar este momento”, relembrou.
O padre João Paulo estendeu as mãos ao papa e disse: “Santo padre reze por nós, brasileiros”. Foi quando, em um ato classificado por Carlos Henrique como “surpreendente”, Francisco brincou.
“De uma autoridade se espera formalidade. Ele desconstrói isso para mostrar que é próximo”, analisou.
Depois da brincadeira, o papa disse: “Rezo sempre pelo Brasil, tenho um carinho grande pelos brasileiros.” Na sequência, lembra o divinopolitano, o pontífice traçou o sinal da cruz sobre a cabeça do padre, dando a benção.
“O papa mostra que precisamos de alegria, de bom humor para enfrentar os problemas da vida. Não se brinca com quem você não conhece, com quem não temos intimidade. Com essa resposta, sentimos a proximidade do papa com o nosso povo brasileiro”, comentou.
Carlos Henrique só não esperava tamanha repercussão de seu vídeo. “O triste é que as rede sociais muitas vezes roubam a espontaneidade. Foi uma brincadeira muito bem-humorada. O papa ama o Brasil, basta ver quando ele ajudou, inclusive, financeiramente neste período de pandemia. Muitos lugares do país receberam respiradores doados por ele", conta.
"A repercussão mostrou a alegria de sentir o coração tão próximo do pastor, mas ao mesmo tempo a mediocridade de alguns que distorceram, interpretaram mal”, ressalta.
O encontro ocorreu após audiência geral com papa Francisco no Vaticano. Em sua página no Instagram, o padre da Paraíba classificou como “inexplicável” o sentimento: “Recebi a benção do santo padre, mas o que me cativou foi sua simplicidade e alegria. Antes da benção, uma brincadeira e um gesto de afeto”.
De Divinópolis
Padre Carlos Henrique estava à frente do Economato Diocesano de Divinópolis quando foi para Itália.
Ele também foi diretor da Livraria João Paulo II e era pároco da paróquia São Judas Tadeu.
O curso iniciado no segundo semestre de 2019 na Itália deve ter duração de dois anos.
*Amanda Quintiliano especial para o EM