A partir desta sexta-feira (28/5), o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, inicia os testes de um projeto que permite o embarque aéreo de passageiros usando reconhecimento facial. A tecnologia dispensa a apresentação do cartão de embarque e de documentos de identificação.
A iniciativa Embarque +Seguro foi idealizada pelo Ministério da Infraestrutura (MInfra) e desenvolvido pelo Serpro, empresa de tecnologia do governo federal. Segundo a pasta, o objetivo é tornar mais eficiente, ágil e seguro o processo de embarque nos aeroportos.
Em tempos de pandemia, a tecnologia poderá beneficiar as medidas de prevenção contra a COVID-19, como evitar filas e aglomerações, além de diminuir o contato pessoal e o manuseio de papéis e documentos. Nos aeroportos de Florianópolis e Salvador o projeto está sendo testado desde o ano passado.
“Obviamente a gente tem todas as preocupações relacionadas à eficiência operacional, ganho de performance e logísticas para os administradores dos aeroportos e das companhias aéreas. Isso é muito importante porque atende principalmente, neste momento, questões sanitárias. É um projeto que envolve a transformação digital, a mudança da experiência e a mudança da jornada do cidadão”, disse Brenno Sampaio, superintendente de Relacionamento com Clientes Finalísticos do Serpro.
Fabiana Todesco, diretora do Departamento de Planejamento e Gestão da Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, disse que o Brasil é um dos países pioneiros no uso do reconhecimento facial para embarque aéreos. Neste momento a ferramenta é empregada apenas para voos nacionais, mas a expectativa é de que seja ampliado também para viagens no exterior.
"Nosso objetivo é uma parceria do governo com a iniciativa privada para que os aeroportos do país tenham a possibilidade de disponibilizar esse serviço para todos os passageiros. Lembrando que, para viagens internacionais, já temos há algum tempo o processamento pelo e-gates da Polícia Federal, feito por meio do passaporte com processamento facial também”, afirmou a diretora.
Como vai funcionar
Passageiros voluntários da Azul Linhas Aéreas serão convidados a experimentar a tecnologia e a participar da fase de testes em BH. Os usuários selecionados realizarão todo o procedimento para o embarque na aeronave sem a necessidade de apresentar bilhete aéreo e documentos: bastando o reconhecimento biométrico facial.
No momento da realização do check-in, o passageiro recebe em seu smartphone um termo de consentimento - todos os dados serão protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Em seguida, uma foto do rosto do passageiro será capturada e validada nas bases governamentais biométricas.
Após feito o cadastro, o fluxo dentro da área segura do aeroporto será contínuo, não sendo necessário a interação com algum trabalhador do local.
Adriano Antunes, de 37 anos, é de Sorocaba, em São Paulo, e veio para Belo Horizonte a trabalho. Para ele, a expectativa é de que o método otimize e contribua para um embarque mais seguro, especialmente durante o contexto pandêmico.
“A ferramenta é bacana, mas vamos testar para ver se funciona. Além de acelerar o processo, ela evita o contato, como não ter que pegar fila. Já é algo que existe, só tem que ser implementado”, disse.
“A ferramenta é bacana, mas vamos testar para ver se funciona. Além de acelerar o processo, ela evita o contato, como não ter que pegar fila. Já é algo que existe, só tem que ser implementado”, disse.
Robert Romão é gerente industrial, e, devido ao trabalho, faz viagens constantes de avião. Ele também acredita que a tecnologia facilitará o processo do aeroporto. “É a primeira vez que estou passando por esse sistema de leitura. É mais fácil porque não preciso ficar acessando aplicativo de celular e tickets que são descartáveis”, relatou.
Por causa do coronavírus, as viagens de avião e outros ambientes que podem ter contato com várias pessoas ao mesmo tempo ainda não são recomendadas pelas autoridades sanitárias. No entanto, por causa do emprego, como visto no caso de Adriano e Robert, muitos não têm opção a não ser utilizar o transporte. “Está tudo conforme o protocolo. As viagens infelizmente tem que acontecer. Algumas empresas deram uma segurada mas tem algumas que não tem como escapar” disse o gerente industrial.
O superintendente do Serpro também ressaltou que os testes feitos pelos usuários serão usados para garantir maior eficiência da ferramenta, sendo feitos reajustes em caso de necessidade. "Essa fase inicial é importantíssima para que possamos fazer os ajustes finais. É uma tecnologia nova para todos nós, então todo mundo está aprendendo, mas os testes têm demonstrado serem efetivos. Sem dúvida nenhuma, muito em breve estaremos implantando o projeto em âmbito nacional nos demais aeroportos do país”, disse Brenno.