“Sábado e domingo de manha é sempre assim. À noite junta o pessoal da 'resenha', que bebe e usa drogas aqui na praça. Mas, acho que piorou um pouco, porque não tem muitas casas de festa abertas”, explica. Morador da Serra, na Região Centro Sul de BH, Marlon conta que levou um susto com o estado da praça, tomada por lixo e garrafas quebradas.
“É triste. A gente vem aqui para curtir a paisagem, admirar o dia e até meditar. Estava com a expectativa de encontrar um ambiente mais limpo e organizado. Mais cedo tinha uns meninos brincando de jogar garrafa no chão. Eu sempre fico nessa região, aqui ou na Praça JK, mas hoje me surpreendeu. Não esperava que estaria tão sujo assim”, relata o auditor, que ainda acrescenta que a Guarda Municipal sempre está no local, mas reconhece que é muito difícil fiscalizar tanta gente.
O dentista Marcelo Occhi, de 37 anos, chegou à Praça do Papa na companhia da esposa Maria Diniz e do enteado Henrique, mas se recusou a ficar no local. Morador do Vila da Serra, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte, ele conta que, além de lixo e garrafas de vidro, a praça estava fedendo a urina e fezes. “Foi frustrante. Nossa ideia era sair cedo para dar uma volta, que é mais tranquilo, mas o lugar estava imundo. Ficamos 10 minutos e fomos para a Praça JK, que estava bem melhor”, relatou o dentista.
Marcelo também sente que a conservação da Praça do Papa piorou, lembrando que se trata de um ponto turístico da capital mineira. “A praça estava imunda. Esta não é uma forma legal de você receber o turista”, afirmou. Porém, na visão do dentista, o local é pouco fiscalizado.
O adjetivo usado pelo gerente de vendas Alexandre Rodrigues, de 43 anos, para o estado que encontrou a Praça do Papa nesta manhã de domingo foi “decepcionante”. “Tenho costume de vir aqui, mas, ultimamente está pior. Tudo muito sujo, com garrafas quebradas e, pior, as lixeiras vazias. Existem lixeiras. Se elas estivesses cheias, a gente até podia justificar que as pessoas ao menos tentaram jogar o lixo no lugar correto, mas não”, explicou.
Alexandre chegou ao local junto com a esposa Rosilane Guerra para fazer piquenique. O casal conseguiu se acomodar apenas na parte de baixo da praça, que estava um pouco mais limpa. Ele também atribui o péssimo estado de conservação da Praça do Papa aos frequentadores noturnos.
Moradores
Situação ainda mais delicada vivem os moradores do entorno da praça, que atualmente também convivem com o barulho dos carros de som que estacionam ali e permanecem até as 5h. De acordo com uma moradora que pediu para não ser identificada, esses usuários noturnos se aglomeram e nunca usam máscara, ignorando o momento atual de pandemia.
A moradora conta que antes esse tipo de movimento acontecia apenas nos finais de semana, mas, agora é de segunda a segunda. Ela ainda relata a ocorrência de violência, pessoas alcoolizadas caídas na rua e a presença de ambulantes ilegais vendendo bebidas e drogas.
“Estamos vivendo momentos de terror. Quando ligamos para polícia, às vezes respondem que não tem viatura disponível. Mas, quando a polícia vem, eles diminuem o volume do carro de som enquanto a viatura está por perto. É só passar que ele aumentam o som. É a madrugada inteira, e, quando vão embora, deixam a sujeira toda para trás”, relata a moradora.
Na visão do presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Rodrigo Bedran, hoje existe um descontrole generalizado da situação na Praça do Papa. “Despreocupação com a pandemia, eles vão á noite e madrugada sem máscara para aglomerar e consumir bebidas e drogas. Menores de idade que se juntam para aglomerar. E com a música alta, drogas e bebidas, a praça amanhece todos os dias com muita sujeira, papelotes de drogas pelo chão. Os vizinhos do entorno são diretamente afetados”, resume.
Beldran conta que a Guarda Municipal tem um traileir dentro da praça, e que muitas vezes as reclamações são feitas junto ao Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), mas apesar de falarem que vão apurar a situação, até hoje nada teria efetivamente sido feito.