De acordo com novo estudo feito pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), a pandemia na Região Sul de Minas tem sido mais agressiva do que em todo o estado de Minas Gerais.
Segundo a pesquisa, o impacto da mortalidade na região, que é indicada pela média de mortes a cada 100.000 habitantes por dia, foi quatro vezes maior durante o mês de maio que em dezembro de 2020.
Os mais atingidos são os adultos. Entre a parcela de 40 a 49 anos, o coeficiente de mortalidade diário era de 0,776 em abril e passou para 0,896 em maio. Já na média dos 50 a 59 anos, o número médio era de 1,649 e passou a 1,743.
Na faixa etária dos idosos, houve redução por conta da campanha de vacinação. Porém, a contagem é feita quando se compara maio com abril, o que gera um alerta, pois, a ocorrência de óbitos no Sul ainda continua alta.
Cidades do Sul de Minas, no entanto, têm informado como finalizada a vacinação entre os idosos. Mas, de acordo com o Departamento de Informática do SUS (DATASUS), a cobertura vacinal da segunda dose informada, ainda não é majoritária abaixo dos 69 anos e especialmente reduzida na faixa etária dos 60 a 64 anos.
Importante lembrar que só com as duas doses da vacina pode-se dizer que a pessoa está protegida contra o novo coronavírus.
O coordenador da pesquisa, Sinézio Inácio da Silva Júnior, foi questionado pela reportagem se este seria o pior momento para a região Sul de Minas desde o começo da pandemia.
"Sem dúvida nenhuma, só não está pior porque a vacinação dos mais velhos conseguiu estabilizar o número de óbitos. Os números não baixam justamente porque temos batidos recordes sucessivos em maio e começo de junho, na média móvel de novos casos", comenta o professor da Unifal.
Para ele, essa alta está relacionada à variante P.1 (rebatizada de Gama), que para os cientistas e pesquisadores, é mais transmissível.
CALAMIDADE
A situação no Sul de Minas é uma das piores do estado. Segundo os números divulgados pela Unifal, a região registrou por duas semanas seguidas tendência de crescimento de novos casos.
A média diária de internações e mortes na última semana foram, respectivamente, de 91 internações e 30 óbitos. Por dia, foram registrados 1.669 casos.
Em maio, o surgimento de novos casos por habitante no sul-mineiro só ficou abaixo do registrado na região do Triângulo Sul, ficando 47% acima do registrado em todo estado. O Sul bateu 10 vezes o recorde de novos casos em médias diárias durante a semana.
Entre os dez municípios mais habitados no Sul, mantiveram tendência de crescimento em novos casos Varginha, Passos e Alfenas. Poços de Caldas e Pouso Alegre também apresentaram crescimento.
Poços de Caldas destaca-se com 223% de aumento na média móvel semanal, comparada com 14 dias antes. Alfenas apresentou crescimento de 125% e 126%
Lavras, Itajubá, Três Corações e Três Pontas apresentaram estabilidade de incidência de novos casos, e em São Sebastião do Paraíso houve diminuição.
Varginha e Alfenas apresentaram alta nas internações, e em Lavras houve diminuição. As outras cidades estão com níveis estáveis.
Já na média diária de mortes, Passos, Itajubá e Três Corações tiveram crescimento. Poços de Caldas e Pouso alegre apresentaram níveis de estabilidade e as outras cidades da região sul, tiveram diminuição.
Desde o primeiro dia da onda roxa do programa Minas Consciente, a média diária de novos casos na semana no Sul de Minas tem ficado acima de 1.000. As medidas restritivas, como apontado na pesquisa da Faculdade de Alfenas, podem ter evitado uma escalada de casos até a nona semana, mas nas últimas duas, foi observado um novo patamar de incidência diária de mais de 1.500 casos.
Até o momento, o Sul de Minas tem confirmados 209.176 casos e 5.014 óbitos, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Os números podem divergir das secretarias municipais.