A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, afirmou que 10.769 doses de vacinas da CoronaVac foram perdidas devido à incompatibilidade da seringa fornecida pelo estado. Na quarta-feira (2/6), agentes do Governo de Minas estiveram na cidade para realizar uma supervisão. No total, com as perdas técnicas, a cidade soma 17.789 doses perdidas.
As 10.769 doses perdidas dariam para vacinar a população inteira de qualquer um dos 378 municípios mineiros com menos de 10 mil habitantes.
De acordo com a secretária de Saúde de Juiz de Fora, Ana Pimentel, as seringas não possuem as agulhas do tipo "volume morto", que evitam acúmulo do líquido dentro das mesmas, o que proporciona a referida perda técnica.
Desse modo, segundo a pasta, o volume aspirado de dentro dos frascos da CoronaVac não corresponde ao número de doses previsto. “Cabe pontuar que, em razão do pacto federativo em torno do qual se estabelece o Plano Nacional de Imunização, é dever dos governos estaduais o fornecimento de seringas e agulhas, enquanto aos governos municipais cabe a organização da vacinação”, declara a pasta.
Em 16 de abril, o vereador Sargento Mello Casal (PTB) enviou à prefeita Margarida Salomão (PT) um pedido de informação, nº 117/2021, sobre dados das eventuais perdas técnicas.
Dúvida sobre quantidade
No primeiro momento, em 26 de abril, o Executivo respondeu que 17.789 doses de vacinas foram perdidas. Sendo assim, o vereador questionou a quantidade, pois considerou ser discrepante perder 10 mil doses. “Independente de quem é a culpa; município, estado, fabricante, empresas. A gente tem que verificar quem cometeu esse erro - verificar qual é a seringa necessária para utilizar na CoronaVac", questiona o parlamentar que aguarda posicionamento do Estado.
Após os questionamentos, por meio de nota, em 26 de maio, a prefeitura informou que “o total reportado de 17.789 vacinas equivocadamente agrega duas diferentes situações”.
A primeira é que 10.769 vacinas deixaram de ser entregues à Prefeitura de Juiz de Fora, conforme relatado em dois ofícios dirigidos à Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora (SRS-JF). Os documentos solicitam a reposição de 10.769 doses da vacina CoronaVac, pois os frascos apresentaram em média, apenas 9 doses no ato da aspiração, e não 10. Além disso, o ofício informa ser observado um aumento significativo de queixas técnicas relacionadas à redução do volume das vacinas e, consequentemente, à redução de doses por frasco.
Por meio de nota, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora informa que “o município de Juiz de Fora já foi atendido quanto à solicitação de doses de reposição de vacinas contra a covid-19, em sua totalidade, juntamente com as doses enviadas na 18ª e 19ª remessas”.
Vacinas perdidas
Já na segunda situação, a Prefeitura informa que 7.020 vacinas foram perdidas tecnicamente no processo de vacinação, equivalente a 2,87% do total de vacinas aplicadas à época. A nota ressalta ainda que esse “índice é bastante inferior ao valor de 5% considerado como perda técnica provável pelo Ministério da Saúde”.
Em contato com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o órgão informa que “adquiriu e distribuiu seringas de plástico descartáveis de 1,0mL, com agulha 25x6 e com o dispositivo de segurança que possui registro na Agência Nacional de Vigilância sanitária (ANVISA), seguindo, portanto, todas as padronizações”.
Ainda segundo a SES-MG, “após o anúncio da Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, nesta terça-feira (1º/6), a SES-MG vem tomando várias medidas para verificação e monitoramento sobre as seringas e doses da vacina Coronavac/Butantan”. O órgão estadual também solicitou ao fabricante os laudos de liberação dos lotes das seringas enviadas ao município de Juiz de Fora.
Queixas técnicas
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais informa ainda que no Ofício-Circular nº 18/2021/SEI/GGFIS/DIRE4/ANVISA - o qual trata das queixas técnicas sobre redução do volume na vacina CoronaVac - que todos os registros dessa natureza foram colocados em investigação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Sendo assim, o órgão nacional conclui que, “não há indícios que corroborem a hipótese de que o Instituto Butantan esteja fabricando a vacina CoronaVac com volume inferior ao preconizado. Portanto, a referida hipótese foi descartada e as investigações referentes ao produto foram concluídas”.
Nesta quarta-feira (2), a Coordenação Estadual de Imunização e a Unidade Regional de Saúde de Juiz de Fora - junto à Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora - fizeram uma supervisão na sala de vacina do município.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e aguarda o retorno quanto ao relatório da supervisão em Juiz de Fora, e também sobre os laudos de liberação dos lotes das seringas enviadas ao município de Juiz de Fora.
Conforme dados do painel vacinômetro do Governo de Minas, no dia 31 de maio, Juiz de Fora recebeu um total de 304.201 doses de vacinas; e 249.001 foram aplicadas - contabilizando 1ª e 2ª dose. A proporção de aplicação é de 81,85%.
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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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