Em meio ao enfrentamento da pandemia da COVID-19, por determinação da Vigilância Sanitária Estadual de Minas Gerais, o Hospital Municipal de Januária, no Norte de Minas Gerais, sofreu a interdição cautelar dos seus seis leitos de Unidade Terapia Intensiva (UTI) destinados a pacientes graves do coronavirus. A alegação da Vigilância Sanitária para a decisão foi a “não assistência nefrológica adequada” aos pacientes com COVID-19 que necessitam de hemodiálise no hospital.
A prefeitura de Januária (67,8 mil habitantes) reagiu contra a medida e, por meio de nota à imprensa, considera que “a ação estadual foi intempestiva e arbitrária”.
Leia Mais
Vereador com COVID-19 é detido ao tentar impedir corte de água em JanuáriaTensão em Divinópolis: imagens no hospital de campanha mostram superlotaçãoCOVID-19: com superlotação, diretor de hospital passa mal no interior de MGcoronavirusmgHomem é preso depois de roubar cavalo de raça no Norte de MinasProjeto de artista plástica "traz" o mar para cidades mineirasZema no Norte de Minas: "Queremos acabar com a indústria do caminhão-pipa" CTI's da rede privada de Divinópolis operam com mais de 100% de ocupaçãoTambém por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou nesta quinta-feira (03/06) que a interdição cautelar da UTI do Hospital de Januária “deu-se em razão da não assistência nefrológica adequada aos pacientes com COVID-19 que necessitam de hemodiálise”.
Alega ainda que os seis leitos de UTI COVID-19 da unidade ficarão suspensos até que a instituição apresente “laudos técnicos da qualidade da água utilizada e adequação para assistência aos pacientes”.
Em entrevista ao Estado de Minas, nesta quinta-feira (03/06), o prefeito de Januária, Maurício Almeida (PP), afirmou que a medida dificultou ainda mais o atendimento aos pacientes com complicações decorrentes do coronavírus no período de agravamento da pandemia.
“Os pacientes de Januária e região que necessitarem do atendimento intensivo - de UTI - nos próximos dias, devido ao agravamento da COVID-19, ficarão sujeitos à disponibilidade de vagas em hospitais de outros municípios”, alerta.
O chefe do executivo afirmou que, fora a UTI, o Hospital de Januária conta somente com dois leitos clínicos dedicados a pessoas com coronavirus. Porém, tem nove pacientes internados com a doença respiratória, “uma ocupação de 450 por cento”, alega Almeida. Segundo ele, dos nove pacientes com a COVID-19 internados no Hospital Municipal da cidade, cinco são de Januária e quatro são de outros municípios da região: Pedras de Maria da Cruz, Manga, Miravânia e Montalvânia.
Conforme dados da Secretaria de Saúde do município, Januária já teve 2.157 casos confirmados do coronavírus e 52 mortes provocadas pela doença. O Hospital Municipal da cidade não dispunha de UTI e recebeu o credenciamento de leitos de terapia intensiva exclusivos para os pacientes da COVID-19 no segundo semestre de 2020, diante do avanço da pandemia na região.
Prefeitura alega que tomou medidas
Na nota distribuída à imprensa, a prefeitura de Januária diz que “considera totalmente contraditória a notificação do Governo de Minas para a suspensão da UTI COVID-19 em funcionamento em nosso município” e que “a ação estadual foi intempestiva e arbitrária”. A gestão municipal informa que “já tomou todas as medidas necessárias para que o serviço seja restabelecido e assegurado ao januarense”.
A atual administração argumenta que tem feito “todo o esforço possível” para corrigir problemas na saúde local “que já duram décadas”.
“Desde 29 de março, buscamos apoio da força-tarefa COVID-19 do Governo Estadual para acompanhar e validar toda a assistência hospitalar em Januária, mas o relatório da Força Tarefa Estadual não foi entregue à prefeitura, até o momento. Ainda assim, a Vigilância Sanitária Estadual decidiu pela interdição em meio ao momento mais grave da pandemia”, reclama a prefeitura.
A administração diz que “os argumentos da Vigilância são frágeis”. “Em média, apenas 20% dos pacientes da UTI necessitam de hemodiálise, e esses seriam transferidos para atendimento de diálise quando indicado, os demais, seriam completamente atendidos em nosso serviço”.
O QUE DIZ A SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a Vigilância Sanitária interditou de maneira cautelar a UTI COVID-19 do Hospital de Januária devido à falta de assistência adequada aos pacientes da unidade que precisam de hemodiálise.
Também alegou que os pacientes graves do coronavirus de Januária estão sendo transferidos para hospitais de outros municípios da região.
Leia a nota da SES-MG na íntegra:
“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que a interdição dos serviços de saúde de leitos de UTI Covid, do Hospital Municipal de Januária, na cidade de Januária, ocorreu pela Vigilância Sanitária.
A interdição cautelar deu-se em razão da não assistência nefrológica adequada aos pacientes com covid-19 que necessitam de hemodiálise. Até que se apresentem laudos técnicos da qualidade da água utilizada no hospital e adequação para assistência dos pacientes, os seis leitos de UTI covid do Hospital Municipal de Januária ficarão suspensos.
. Os pacientes internados nesses leitos foram transferidos para leitos de enfermaria clínica. Aqueles pacientes internados em enfermaria clínica, que tiverem agravos no quadro clínico, serão transferidos para outros municípios da macrorregião, como Brasília de Minas e Montes Claros.
A SES-MG esclarece que a Vigilância Sanitária constantemente visita os municípios mineiros para averiguar as condições assistenciais, de operacionalização e de recursos dos estabelecimentos de saúde, para acolher pacientes acometidos pelo coronavirus, com intuito de evitar o risco de stress do sistema de saúde do estado”.
Leia mais sobre a COVID-19
Confira outras informações relevantes sobre a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil e no mundo. Textos, infográficos e vídeos falam sobre sintomas, prevenção, pesquisa e vacinação.
- Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil e suas diferenças
- Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades
- Entenda as regras de proteção contra as novas cepas
- Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
- Os protocolos para a volta às aulas em BH
- Pandemia, epidemia e endemia. Entenda a diferença
- Quais os sintomas do coronavírus?
Confira respostas a 15 dúvidas mais comuns
Guia rápido explica com o que se sabe até agora sobre temas como risco de infecção após a vacinação, eficácia dos imunizantes, efeitos colaterais e o pós-vacina. Depois de vacinado, preciso continuar a usar máscara? Posso pegar COVID-19 mesmo após receber as duas doses da vacina? Posso beber após vacinar? Confira esta e outras perguntas e respostas sobre a COVID-19.