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Estado de Minas COVID-19

De vacina a respirador, as armas de Minas na guerra contra o coronavírus

Cientistas, empresários, artesãos e outros profissionais de setores variados se desdobram desde o início da pandemia


06/06/2021 06:00 - atualizado 06/06/2021 09:15

Marco Antônio Tonussi mostra orgulhoso os respiradores desenvolvidos em intervalo de um mês, em plena crise: ''Só para comparar, a Nasa gastou 47 dias'' (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Marco Antônio Tonussi mostra orgulhoso os respiradores desenvolvidos em intervalo de um mês, em plena crise: ''Só para comparar, a Nasa gastou 47 dias'' (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Da vacina desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na corrida para se tornar a primeira 100% nacional contra a COVID-19, aos ventiladores pulmonares, passando por máscaras, tótens de álcool e outras invenções que ajudam a salvar vidas, Minas apresenta seu arsenal no combate à guerra que o planeta trava contra o inimigo comum: o novo coronavírus.


Com pesquisas de ponta e serviços avançados, mas também com ações simples, mas eficazes, cientistas, empresários, artesãos e outros profissionais de setores  variados se desdobram desde o início da pandemia, há mais de um ano, para atender à demanda de hospitais, levar segurança à população e garantir conforto, proteção individual e higienização de ambientes. Em cada depoimento ou iniciativa nesta reportagem, há uma ação para reduzir impactos, encarar a ameaça letal e, principalmente, colaborar com o esforço coletivo. A epidemia marca a história da humanidade, e os mineiros, a seu modo, escrevem capítulos desse enredo com muito trabalho, dedicação e esperança.


‘Acredito que fomos  guiados por uma luz’

Bem no início da pandemia, quando o mundo se trancava em casa e as informações sobre a COVID-19 eram sempre tenebrosas, um empresário belo-horizontino teve uma boa ideia e, com os sócios, desenvolveu um projeto que entre seus mecanismos reúne tecnologia, solidariedade e amor à vida. Resultado: benefício para quase 500 hospitais brasileiros e muitas pessoas salvas com a produção de ventiladores pulmonares e participação decisiva da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que bancou o projeto a partir de um fundo no valor de R$ 20 milhões, proveniente de empresas associadas.

“Foi um período desesperador, principalmente pela falta de ventiladores pulmonares”, lembra Marco Antônio Tonussi, da Tacom, empresa que lida com tecnologia de ponta no setor de transportes. Quando a crise sanitária começou a se agravar, preocupado com a situação e ainda sem entender nada sobre os equipamentos conhecidos popularmente como respiradores, Tonussi, técnico em eletrônica e com graduação em direito, estudou o assunto e foi adiante, conseguindo em 30 dias pôr o protótipo em funcionamento. No fim das contas, e três meses depois, foram produzidos pela empresa – e doados pela Fiemg – 1,7 mil ventiladores pulmonares, destinados a equipar hospitais públicos e filantrópicos, número que hoje já ultrapassa os quatro milhares.



No escritório da sua empresa, na Região Oeste de BH, Tonussi mostra o equipamento produzido na unidade de Itajubá, no Sul de Minas. E volta ao passado recente: “O momento era tão difícil, com o comércio fechado, sem poder comprar equipamentos, as pessoas em casa, que acredito que fomos guiados por uma luz. Conseguimos colocar o ventilador pulmonar funcionando em um mês. Só para comparar, a Nasa (agência espacial norte-americana) gastou 47 dias”, relembra.

Nessa caminhada, contou também com a contribuição de médicos e da Escola de Veterinária da UFMG, onde foi feito o primeiro teste. “Nós nos concentramos muito no projeto. O que demorou muito foi a homologação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para se ter uma ideia do nível de exigência, foram feitos quase mil testes, pois a elaboração de um ventilador pulmonar é um projeto de alta complexidade”, acrescenta. Mas, depois do sinal verde da Anvisa e com o patrocínio do setor industrial, foram produzidos, em 2020, 1,5 mil equipamentos doados ao governo de Minas para distribuição em hospitais públicos e filantrópicos e o restante ao governo federal.

Na segunda etapa do projeto, entre fevereiro e abril de 2021, quando Minas e o restante do país sofriam com o colapso provocado pela segunda e mais grave onda da COVID-19, foram produzidos outros 2,3 mil equipamentos. Hoje, se contabilizam mais de 4 mil produzidos e disponibilizados a mais de 470 instituições de saúde e hospitais de todo o país. Mais detalhes sobre a iniciativa podem ser consultados em www.projetoinspirar.com.br.

Reinvenção de empresas até as iniciativas pessoais

Em Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas, onde foi registrado o primeiro diagnóstico de COVID-19 em Minas, o empresário Vinícius Henrique Almeida Sousa, da Sul Minas Indústria e Comércio, do setor de vestuário, começou a fabricar também equipamentos de proteção individual (EPIs). “Passamos por todas as certificações solicitadas pela Anvisa para permanecer nesse mercado, que sofreu grande mudança durante todo ano. Hoje concorremos com empresas tradicionais de igual para igual. Nós nos deparamos também com aventureiros (pet shops, lojas de calçados, importadores de vinho etc.) que disputam o mercado de forma agressiva , porém sem os requisitos mínimos de garantia e confiabilidade”, afirma.

O empresário, também presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), diz que a matéria-prima teve acréscimo de 30% acima do dólar ao longo do ano passado, além das restrições de oferta de produtos importados. “O mercado voltou ao normal em novembro e dezembro, porém, com a segunda onda (já em 2021), tivemos novamente uma corrida pela matéria-prima.”

A proteção se amplia em todo canto, pois higienizar passou a ser um ato tão necessário na vida como comer, dormir e, claro, manter o distanciamento social. Diante da situação assustadora para todos, a bióloga Lorena de Jesus Leite criou, em março de 2020, na capital, a empresa Assear Ambientes, especializada em sanitização (desinfecção) de todo tipo de espaço público ou privado. A partir de produtos liberados pela Anvisa, à base de quaternário de amônia, ela criou protocolos sanitários próprios para atender a uma clientela que não para de crescer na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “No ano passado, os meses de maior trabalho foram agosto, setembro, outubro. Em janeiro e março de 2021 e na última semana, a procura também cresceu”, observa Lorena, que aguarda a definição por parte das autoridades quanto à reabertura geral de escolas, para oferecer seus serviços.

Mãos criativas

Hilda Carla chegou a produzir 2 mil máscaras no primeiro semestre de 2020. Agora, investe em criações(foto: Gustavo Werneck/EM/DA Press)
Hilda Carla chegou a produzir 2 mil máscaras no primeiro semestre de 2020. Agora, investe em criações (foto: Gustavo Werneck/EM/DA Press)
Os primeiros meses da pandemia pegaram os brasileiros tão de surpresa, que qualquer pedaço de pano limpo servia de máscara. Mãe de Gabriella e Ana Marina  e avó de Bernardo, de 7 anos, a artesã Hilda Carla Tibúrcio Mariano, moradora de Santa Luzia, na Grande BH, ficou preocupada com a saúde da família e dos amigos. Debruçada sobre a máquina de costura, chegou a produzir, no primeiro semestre de 2020, cerca de 2 mil máscaras. “Haja coluna!”, ela brinca, ao se referir às longas horas sentada.

Criativa demais, Hilda Carla faz agora uma peça com uma parte visível na área da boca. “Uma amiga me disse que a filhinha dela começou a falar, e com esse tipo de máscara, podia ver os movimentos labiais”, conta, satisfeita. Ouvindo dicas de conhecidos ou de olho na internet, ela produz um porta-máscaras, com dois espaços (um para a usada, outro para uma de reposição), e um chaveirinho com frasco de álcool em gel para prender na bolsa.

No estado, a exemplo dessas contribuições, não param de surgir projetos, produtos e serviços relacionados à batalha contra a pandemia. De plataformas digitais aos mais simples EPIs, passando por uma gama cada vez mais ampla de estudos nas universidades, a tendência é de que o arsenal mineiro contra a pandemia siga se expandindo, na mesma proporção do desafio de vencer o coronavírus.  

100% mineiros


Conheça alguns produtos, projetos e ações para doação ou atendimento às necessidades da população

  • Ventiladores pulmonares (respiradores) doados a hospitais públicos e filantrópicos. Campanha e doações permitiram a prodiação de mais de 4 mil equipamentos

  • Produção de máscaras faciais e cirúrgicas, bem como jalecos e aventais para profissionais de saúde

  • Máscaras de todos os tipos, porta-máscaras com espaço duplo e totens e chaveiros para álcool em gel

  • Escudos faciais transparentes (do tipo face shield) para evitar contaminação

    (foto: Assear Ambientes/Divulgação)
    (foto: Assear Ambientes/Divulgação)


  • Na área de serviços, empresa de BH nascida no início da pandemia faz sanitização de ambientes com protocolos sanitários próprios




Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.


Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas

[VIDEO4]

 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:



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