O primeiro dia de vacinação contra a COVID-19 para adultos sem comorbidades, em Belo Horizonte, foi de alívio e críticas pela demora da chegada da vacina. Nesta segunda-feira (7/6), a faixa etária de 59 anos é a primeira a ser contemplada nesta nova fase da campanha na capital.
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No Centro de Saúde Sagrada Família, na Região Leste, a reportagem do Estado de Minas registrou uma longa fila de pessoas que aguardavam para receber a primeira dose da vacina. Já no posto do Bairro Vera Cruz, também na Região Leste, o movimento era menor.
Meire Lúcia Lage, de 59 anos, disse que, mesmo com o movimento intenso, o atendimento na unidade de saúde do Sagrada Família foi rápido. Segundo ela, trabalhadores do posto se dividem entre as etapas do atendimento para garantir a fluidez no processo.
Após receber a primeira dose da vacina, Meire disse que a sensação é de maior tranquilidade, especialmente ao pensar na sua segurança e na de sua família. “Eu sempre esperei pela minha vez tranquila, me sinto mais aliviada por causa da minha mãe, que tem 90 anos e da minha irmã, de 65 anos. Apesar de elas terem sido vacinadas, fiquei com receio por eu ainda não estar”, relatou.
Já Sérgio Ricardo de Souza esperou cerca de 30 minutos para ser vacinado, mas também relata o alívio depois de finalmente ter concluído a primeira etapa da proteção. Para o gerente de informática aposentado, a imunidade veio um pouco mais tarde do que o esperado.
“Minha expectativa, pelo ritmo que estava antes, em março e abril, era de que eu fosse vacinado na primeira quinzena de maio. Acho que eu já teria sido vacinado se não tivesse esse atraso. Considero que fui vacinado com um mês de atraso dentro da nossa realidade. Poderia ter sido até muito mais cedo se tivesse toda questão colocada pelo governo com os atrasos”, disse.
“Minha expectativa, pelo ritmo que estava antes, em março e abril, era de que eu fosse vacinado na primeira quinzena de maio. Acho que eu já teria sido vacinado se não tivesse esse atraso. Considero que fui vacinado com um mês de atraso dentro da nossa realidade. Poderia ter sido até muito mais cedo se tivesse toda questão colocada pelo governo com os atrasos”, disse.
O aposentado Robson Ribeiro, também imunizado nesta segunda no posto da Sagrada Família, disse que a vacinação é sinônimo de esperança. Ao longo da pandemia, ele presenciou de perto as tragédias causadas pela pandemia ao ver entes próximos perderem a vida para o vírus e agora comemora sua imunidade.
“Achei que ia demorar mais. A gente vê as reportagens e pensa que não vai vacinar tão cedo. Mas parece que foi rápido para mim. O sogro do meu sobrinho faleceu tem uma semana. Nós ficamos preocupados porque parece que o vírus vai chegando mais perto da gente", afirmou.
“Achei que ia demorar mais. A gente vê as reportagens e pensa que não vai vacinar tão cedo. Mas parece que foi rápido para mim. O sogro do meu sobrinho faleceu tem uma semana. Nós ficamos preocupados porque parece que o vírus vai chegando mais perto da gente", afirmou.
Efeitos colaterais da AstraZeneca
Nesta etapa da vacinação, a prefeitura de Belo Horizonte aplica a vacina da AstraZeneca, que é vista com desconfiança por algumas pessoas neste momento.
Em razão dos possíveis efeitos colaterais e do intervalo maior entre as doses, alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, têm registrado a recusa de parte da população em receber o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford/AstraZeneca e produzido no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em razão dos possíveis efeitos colaterais e do intervalo maior entre as doses, alguns estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, têm registrado a recusa de parte da população em receber o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford/AstraZeneca e produzido no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre algumas possíveis reações, estão dores musculares, febre, mal-estar e calafrios. Especialistas afirmam que os efeitos duram poucos dias após a vacinação e que casos mais graves são raros.
Questionada pelo EM, a Secretaria Municipal de Saúde não respondeu se a rejeição pela AstraZeneca acontece nos pontos de imunização da capital mineira como em outros munícipios do país. Porém, disse que tem intensificado a sensibilização da população sobre a importância da imunização de todos os grupos beneficiados em cada etapa.
“Todas as vacinas contra a COVID-19 em uso no país podem apresentar efeitos adversos, sendo a maioria absoluta classificada como leve. Os efeitos leves e transitórios podem durar de 24 a 48h e as equipes de vacinação são orientadas e preparadas para repassar todas as informações à população no momento da aplicação do imunizante”, informou a pasta em nota.
O medo de efeitos adversos da AstraZeneca não é compartilhado por Meire Lage. Segundo ela, a eficácia da vacina é o que importa neste momento, especialmente com as doses de outros imunizantes em falta.
Vale lembrar que a vacina britânica foi comprovada cientificamente como segura e eficaz contra a COVID-19. Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu o registro da vacina para ser aplicada no país brasileiro.
“Se tem a vacina, todo mundo tem que tomar. Independentemente de ser a AstraZeneca, CoronaVac, ou qualquer outra que seja, nós temos que tomar. Acho que assim, uma pessoa tem que pensar se alguma doença que ela tenha pode ocorrer alguma reação mais grave, mas é um tiro no escuro. Se você não tomar essa nesse momento, qual você vai tomar? Vai aguardar pela CoronaVac?”, disse.
A rejeição à AstraZeneca também não é um problema para Sérgio Ricardo. Pelo contrário. Ele disse que a vacina é aquela que mais despertou sua confiança acerca da efetividade contra a COVID-19.
"Acho que vão ocorrer efeitos. Até postei (nas redes sociais) meu cartão de vacinação: ‘agora é esperar a reação’. Meu filho e nora, que são dentistas, tomaram a vacina mais cedo e tiveram algumas reações de um dia - febre e dor no corpo. Mas não é um problema para mim se isso acontecer, tomaria qualquer uma, a primeira que aparecesse disponível eu tomaria, tendo reação ou não”, disse o aposentado.
"Acho que vão ocorrer efeitos. Até postei (nas redes sociais) meu cartão de vacinação: ‘agora é esperar a reação’. Meu filho e nora, que são dentistas, tomaram a vacina mais cedo e tiveram algumas reações de um dia - febre e dor no corpo. Mas não é um problema para mim se isso acontecer, tomaria qualquer uma, a primeira que aparecesse disponível eu tomaria, tendo reação ou não”, disse o aposentado.
Já Robson Ribeiro relata que, se tivesse opção, preferiria receber a dose de outra vacina devido aos efeitos do imunizante. No entanto, ressaltou que a prioridade neste momento é pela proteção.
“Pode acontecer como também pode não acontecer. Meu cunhado tomou e não teve nada, já minha sobrinha teve alguns problemas, mas foram só dois dias de febre e dor no corpo, depois ela melhorou. Para não ter esse problema eu preferiria tomar outra, mas agora é esperar para ver se não ter nenhum problema”, disse.
“Pode acontecer como também pode não acontecer. Meu cunhado tomou e não teve nada, já minha sobrinha teve alguns problemas, mas foram só dois dias de febre e dor no corpo, depois ela melhorou. Para não ter esse problema eu preferiria tomar outra, mas agora é esperar para ver se não ter nenhum problema”, disse.
Programação da semana
Além do público adulto que não faz parte dos grupos prioritários, a Prefeitura de Belo Horizonte também aplica nesta semana a primeira dose da vacina nos motoristas do transporte coletivo municipal e auxiliares de bordo, trabalhadores da limpeza urbana e do manejo de resíduos sólidos e funcionários do sistema metroferroviário.
Já os caminhoneiros devem fazer o cadastro no portal da PBH até esta segunda-feira (7/6) para garantir a imunidade contra o coronavírus. No site, também é possível conferir a documentação necessária para o momento da imunização.
Confira o cronograma de vacinação da PBH para esta semana:
- Segunda-feira, (7/6): 59 anos completos até 30 de junho
- Terça-feira, (8/6): 58 anos completos até 30 de junho
- Quarta-feira, (9/6): 57 anos completos até 30 de junho
- Quinta-feira, (10/6): motoristas do transporte coletivo municipal e cobradores, trabalhadores da limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além de funcionários do sistema metroferroviário
- Sexta-feira, (11/6): 56 anos completos até 30 de junho
- Sábado, (12/6): caminhoneiros
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
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