Jornal Estado de Minas

PARCERIA COM A UFMG

Betim faz pesquisa para codificação de cepas do coronavírus em pacientes

 
Mais um estudo realizado entre a Prefeitura de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dará, em junho, um passo importante para entender a circulação do novo coronavírus no município. Está sendo realizada pesquisa com pacientes infectados com a COVID-19 que precisaram de tratamento pela rede SUS e pelo Hospital da Unimed, em Betim.




 
Foram coletadas amostras de pessoas com idade entre 20 e 30 anos e de 40 a 50, de diferentes regiões da cidade, que tiveram vários tipos de sintomas da doença, dos leves aos mais graves.
 
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Ana Valesca Fernandes, a inclusão do hospital da rede privada favoreceu a pesquisa: “Como o nosso parceiro é um hospital de grande porte, atende moradores de todas as regiões de Betim. Além disso, serão realizadas swabs em pacientes com sintomas leves, moderados e graves. Isso contribui para ampliarmos a leitura sobre o potencial e a direção de disseminação das variantes e, ainda, de sua evolução clínica”.

O levantamento anterior, realizado em 2020, mapeou faixa etária, classe social e econômica, além da letalidade da doença e a subnotificação em Betim.
 
A coordenadora afirma que análise preliminar do quadro clínico dos pacientes mostra que há manifestação de sintomas diferentes daqueles registrados nos participantes da primeira fase, de maio a dezembro do ano passado.

“Os participantes da fase atual apresentam, de modo geral, febre, tosse e inflamação de garganta. Entre os da fase anterior, havia muitos sem sintomas e outros com perda de olfato. As análises continuarão sendo feitas, inclusive, sobre o desfecho de cada caso, ou seja, como cada paciente se recuperou e se algum evoluiu para óbito”, afirma.




 

Variante P1 identificada em Betim

 
O professor Renan Pedra, referência da UFMG na pesquisa, esclarece que esse estudo científico contribui, também, para a identificação de cepas ainda não codificadas, que possuem a capacidade de escapar do sistema imunológico de pessoas recuperadas da COVID-19 ou imunizadas por meio de vacina.
 
“Conter a disseminação de um vírus dificulta sua mutação. A cada mutação, o vírus adquire características diferentes. O que difere a P1 do coronavírus das demais variantes, por exemplo, é a capacidade maior de invadir células do corpo humano. Isso favorece a evolução dos pacientes para formas graves da doença, porque o organismo é atacado por uma carga viral maior, num tempo menor”, ressalta o professor.
 
O secretário municipal de Saúde, Augusto Viana, pontua que os estudos estão sendo de grande valor para a Vigilância Epidemiológica de Betim.

“A pesquisa nos mostrou que o potencial de transmissão da cepa P1, que surgiu em Manaus, é muito grande. Ela foi rastreada em novembro de 2020 e, em fevereiro deste ano, na cidade do Rio de Janeiro. Em março, as amostras colhidas aqui já continham essa variante. Isso significa que conseguimos identificar sua circulação em tempo real”.

audima