A dificuldade para encontrar alimentos, emprego e as mais diversas necessidades básicas foram somadas à circulação de um vírus, que deixou a população em situação de rua de BH ainda mais vulnerável. Com a ampliação da campanha de vacinação na capital mineira para estas pessoas nesta terça-feira (8/6), filas foram formadas nas portas de abrigos e unidades de acolhimento da PBH, e a alegria no olhar surgiu com a esperança de batalhar por uma vida melhor.
É o que espera Márcio Fernando, de 38 anos, que está vivendo nas ruas de BH há dois anos. Para ele, este último ano de pandemia da COVID-19 tem sido difícil. “A gente tem ficado bem recolhido, não podemos ficar no meio das pessoas e precisamos prevenir", afirmou. Ele citou a procura de emprego como um dos principais problemas que tem enfrentado neste período.
Márcio foi o primeiro da fila no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), da Rua Além Paraíba, Região Noroeste de BH. “Para mim está sendo ótimo, porque estamos prevenindo dessa doença. Como a gente fica no meio da rua, ficamos com medo de pegar e não ter assistência. Isso aí é a nossa saúde e de toda população”, disse Márcio. “Esperamos que essa vacina venha mais para tudo voltar ao normal”, completou.
A vacinação do grupo começou em 26 de maio, mas estava restrita a abrigos e unidades de acolhimento da PBH. Agora, os moradores poderão receber a dose nos mais de 130 postos cadastrados no município. A lista pode ser conferida aqui.
De acordo com o município, serão imunizados contra a COVID-19 aqueles com 18 anos ou mais, completados até 30 de junho, a partir dos dados do CadÚnico e também pessoas atendidas pelos serviços e unidades socioassistenciais, independentemente da inscrição no CadÚnico. Ao todo, são cerca de 8,6 mil indivíduos cadastrados no censo municipal.
A imunização do grupo será feita por equipes volantes em unidades de acolhimento e abrigos, das 8h às 16h, com o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC).
Alguns deles optaram por evitar tumulto de vacinação logo nesta terça-feira (8/6), como é o caso de Maria Aparecida de Souza, 38 anos. Ela vive embaixo do Viaduto Francisco Sales, e está nesta situação há 15 anos. “A gente fica sossegado aqui, sem sair. Quando veio mais gente para cá, policiais mandaram espalhar para evitar aglomeração”, disse.
Para ela, é um alívio receber a vacina devido aos prejuízos que tiveram neste período. “Ficou um tempo sem passar doação e prejudicou muito a gente, enfrentando a fome”, lamentou.
As equipes do Consultório de Rua e do programa BH de Mãos dadas contra a AIDS, além das equipes de abordagem da SMASAC, serão responsáveis pela busca ativa dessa população, além da orientação sobre a importância da vacinação e direcionamentos dessas pessoas aos locais onde serão aplicados os imunizantes.
Vacinômetro
A capital mineira já atingiu a marca de 43,8% do público alvo (pessoas de 18 anos ou mais) com a primeira dose da vacina, enquanto outros 19,7% receberam a segunda dose.
Desses, 10.311 doses foram destinadas para primeira aplicação em trabalhadores e residentes de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), Serviço Residencial Terapêutico (SRT) e Residências Inclusivas, Comunidades Tradicionais, dentre elas, quilombolas, População de Rua. Até o momento, apenas 4.590 pessoas destes grupos receberam a segunda dose da vacina.