A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) acredita ter desvendado o mistério em torno da morte da bebê cujo corpo foi encontrado no começo deste ano às margens da BR-040, altura do Bairro Olhos D'água, Região do Barreiro, em BH.
Em 25 de janeiro, o cadáver da menina, de um ano e oito meses, foi encontrado sob um viaduto da rodovia, acompanhado de um bilhete atribuído a mãe, no qual ela dizia que não tinha mais condições de criar a garota e havia decidido "sumir no mundo" para viver como prostituta.
O principal suspeito do assassinato é um advogado de 41 anos, que confessou o assassinato da mulher. Mãe e filha eram dadas como desaparecidas desde 23 de janeiro.
As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (20/6).
Tese
Segundo as investigações, o suspeito mantinha um relacionamento extraconjugal com Fernanda Caroline Leite Dias, de 23 anos, mãe da pequena Pietra Dias. Os dois moravam em Congonhas, Região Central de Minas. O crime teria sido motivado pelo fato de a jovem estava grávida do advogado e o pressionava para que ele se separasse da esposa para ficar com ela.
A tese sustentada pelos investigadores é de que o homem teve uma discussão com a vítima, a matou com golpes concentrados na cabeça, depois queimou o corpo com diesel e jogou os restos mortais no Rio Bananeiras, que corta Congonhas. A bebê teria sido morta no dia seguinte, após ser dopada com um ansiolítico.
Versão 'inconsistente'
À frente do inquérito, o delegado Alexandre Fonseca conta que o homem confessou ter matado a amante, mas deu outra versão para a história, que a PCMG avalia como inconsistente.
De acordo com o policial, o suspeito alega que a morte da jovem ocorreu por um acidente. O advogado relatou que ficou nervoso durante uma briga com a vítima. Ela teria partido para cima dele que, num movimento de defesa, a empurrou contra seu carro. A mulher teria batido a cabeça veículo e caiu já morta no chão. Quanto à menina, o suspeito diz que a abandonou ainda viva na BR-040 onde o corpo, mais tarde, foi encontrado.
"Ele fala que foi um acidente. Não queria matar a Fernanda mas, de pronto, nós o questionamos. Se foi um acidente, por que não chamar a polícia? Por que jogar o corpo dentro do rio? Por que deixar a criança 90 Km distante da sua casa? Então é uma história sem pé, nem cabeça. Mas foi uma confissão importante para pontuar realmente o que ele fez com a vítima, coaduna com algumas provas do inquérito", pondera o delegado.
Sobre a morte da bebê, Fonseca diz que há evidências robustas de que ela foi assassinada pelo suspeito, com participação da esposa dele. Exames feitos durante a apuração detectaram a presença de um ansiolítico para adultos o sangue de Pietra, cujo nome comercial é Frontal. Conforme o delegado, a esposa do advogado faz uso do remédio.
"Nós conseguimos comprovar isso com uma receita que foi retirada por ele, e aí o quebra-cabeça foi se fechando. Acreditamos que, depois de matar Fernanda, o suspeito voltou para casa e entregou a criança para sua companheira. A companheira deu o remédio, enquanto ele saía de posto em posto comprando diesel para queimar o corpo da amante. Ele optou pelo diesel porque o combustível abafa o cheiro de queimado", argumenta o policial.
Outro elemento que pesa contra o suspeito é a carta deixada ao lado do corpo de Pietra na BR-040, cuja mensagem foi escrita a mão. Alexandre Fonseca diz que exames grafotécnicos feitos pela perícia indicam que a letra do manuscrito é bem similar à do advogado.
"Nossa investigação teve vários suspeitos, entre os quais o pai biológico, familiares e o marido da Fernanda. A gente então fez uma investigação extensa para tentar afunilar e ver quem era o verdadeiro autor. E o exame grafotécnico realizado nesse bilhete foi definidor. Do hall de seis ou sete suspeitos, ficamos com um potencial autor".
O Corpo de Bombeiros ainda faz buscas pelo corpo de Fernanda no Rio Bananeiras e seus afluentes. O advogado, que já está preso, vai responder por duplo feminicidio e ocultação de cadáver. A mulher dele também foi presa e deve ser denunciada como cúmplice dos assassinatos.