“Qualquer menção a parar de usar máscara agora é tornar esse momento ainda mais distante do que nós estamos hoje”, afirma o médico infectologista Carlos Starling. Seguindo mais uma vez na direção contrária ao que orientam os especialistas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu a não obrigatoriedade das máscaras para pessoas vacinadas ou que já contraíram a COVID-19.
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O artigo “Máscaras faciais limitam efetivamente a probabilidade de transmissão de SARS-CoV-2” da Revista Science, mencionado pelo infectologista, foi publicado em 20 de maio. Ele trata de um estudo comprovando a eficácia deste equipamento de proteção contra o vírus.
“O uso de máscaras pode de fato manter o número de vírus inalados em uma baixa P inf. (probabilidade de infecção) e explicar a eficácia observada das máscaras faciais na prevenção da propagação de COVID-19”, concluiu a revista.
“O uso de máscaras pode de fato manter o número de vírus inalados em uma baixa P inf. (probabilidade de infecção) e explicar a eficácia observada das máscaras faciais na prevenção da propagação de COVID-19”, concluiu a revista.
Starling também criticou a postura adotada pelo presidente durante a pandemia. “Mas não é de se estranhar. O presidente governa pela controvérsia. Se você falar sim, ele vai falar não. Se você falar não, ele vai falar sim. Então, isso é governar com a polêmica, com a controvérsia. A única coerência que ele tem tido ao longo de todos esses meses tem sido a coerência contra a ciência. Nesse sentido, mais uma vez ele perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado”, disse.
Questionado se com o avanço da vacinação no país, que conta com apenas 11,11% da população imunizada com as duas doses, o uso de máscaras poderia se tornar opcional, Starling afirma que ainda não é seguro.
“Nem aí dá para garantir porque não sabemos ainda. Países que estão com mais de 50% de vacinação estão neste momento colapsados com o serviço de saúde, como é o exemplo do Chile e do Uruguai. Estão muito na nossa frente e estão com o sistema colapsado”, explica.
“Nem aí dá para garantir porque não sabemos ainda. Países que estão com mais de 50% de vacinação estão neste momento colapsados com o serviço de saúde, como é o exemplo do Chile e do Uruguai. Estão muito na nossa frente e estão com o sistema colapsado”, explica.
Por fim, sobre a desobrigação do uso de máscaras, ele conclui: “Não é o momento para se comentar sobre isso porque estamos longe desse momento. Qualquer menção a parar de usar máscara agora é tornar esse momento ainda mais distante do que nós estamos hoje”, disse.
Outro médico infectologista que integra o Comitê de Enfrentamento à COVID-19 da PBH, Unaí Tupinambás, concordou com o colega a respeito do lento ritmo de vacinação.
"Este momento, que nós estamos começando a vacinar a população brasileira, está muito aquém do ideal. Temos 10 a 15% da população com as duas doses, e a pandemia ainda sem controle, estamos com mais de 1.800 casos diários de morte e mais de 65 mil casos de COVID-19 por dia. Não é o momento de flexibilizar tirando a máscara, é completamente inadequada essa fala do presidente da República, mais uma", alertou.
"Este momento, que nós estamos começando a vacinar a população brasileira, está muito aquém do ideal. Temos 10 a 15% da população com as duas doses, e a pandemia ainda sem controle, estamos com mais de 1.800 casos diários de morte e mais de 65 mil casos de COVID-19 por dia. Não é o momento de flexibilizar tirando a máscara, é completamente inadequada essa fala do presidente da República, mais uma", alertou.
Unaí usou a Inglaterra como exemplo de postura correta para combate à pandemia. "Todos os países que começaram a vacinação, inclusive na Inglaterra, no Reino Unido, foi vacinação em lockdown. Inclusive, o primeiro-ministro do Reino Unido disse que não foi só a vacina que tirou a Inglaterra daquele caminho horroroso que estava seguindo, um dos países com maior número de mortes na Europa", afirmou.
O infectologista ressaltou as medidas não farmacológicas para prevenção. "Nós temos que manter essas medidas não farmacológicas: distanciamento físico de dois metros, evitar aglomeração, uso de máscara, lavar as mãos e vacinação para a gente conseguir sair o mais rápido possível dessa crise sanitária", disse.
"A gente acredita que até no final deste ano, uma parcela grande da população brasileira vai estar vacinada com duas doses e, aí sim, quem sabe, a gente pode ter um final de ano menos triste do que foi em 2020", destacou.
"A gente acredita que até no final deste ano, uma parcela grande da população brasileira vai estar vacinada com duas doses e, aí sim, quem sabe, a gente pode ter um final de ano menos triste do que foi em 2020", destacou.