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Estado de Minas DENÚNCIA

Mineira denuncia assédio sexual na seletiva do Big Brother Brasil

Aline Vargas, de 35 anos, conta que um dos acusados é supervisor de elenco do programa, conhecido como 'olheiro do BBB', e chegou a pedir 'nudes' no Whatsapp


11/06/2021 18:59 - atualizado 11/06/2021 20:25

Em vídeo publicado no Instagram, Aline Vargas relata caso de assédio sexual contra produtores da Globo(foto: Reprodução/Instagram)
Em vídeo publicado no Instagram, Aline Vargas relata caso de assédio sexual contra produtores da Globo (foto: Reprodução/Instagram)
O sonho de participar do Big Brother Brasil virou um pesadelo para Aline Vargas. A mineira, de 35 anos, denunciou dois produtores do reality show pelo assédio sexual que sofreu durante o processo seletivo para a 22ª edição. 

A estudante de odontologia registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada em Combate a Violência Sexual, em Belo Horizonte, e o inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais, em maio deste ano. 

Todas as conversas relatadas foram entregues para a polícia em um pen-drive, auditadas e passarão por perícia durante a investigação. Algumas delas foram enviadas ao Estado de Minas e estão anexas nesta reportagem. 

Aline revela que um dos acusados é Wladmir Santos, que trabalha na Rede Globo há 37 anos e é supervisor de elenco do programa, conhecido como ‘olheiro do BBB’. Nas redes sociais, é possível encontrar imagens dele com Boninho, Ana Clara, Fernanda Keulla e outros ex-BBB’s. 
 
Nas mensagens, Wlad chegou a pedir que a mineira enviasse um 'nude' pelo Whatsapp e ainda desdenhou de sua história de vida. Já o outro denunciado é Simon, um dos produtores da atração global, que insinuou que “queria dar uns beijos” e que gostaria de ter um caso com a estudante. 

Casada e mãe de dois filhos, ela diz que sempre sonhou em participar do programa, e que jamais imaginou vivenciar essa situação com a Rede Globo: “Eu levava muito a sério a minha inscrição no programa, era uma chance de mudar a minha vida e garantir estabilidade pros meus filhos”, conta a mineira.

Em nota, a Rede Globo declarou que "não comenta questões relacionadas a Compliance", mas que um dos acusados não trabalha mais na empresa: 

“Como você sabe, a Globo não comenta questões relacionadas a Compliance, mas o colaborador em questão não está mais na empresa. Aproveitamos para reiterar que temos um Código de Ética, que deve ser seguido por todos nossos colaboradores, e uma ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação ao código. Todo relato é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento e as medidas necessárias são adotadas”, diz a nota na íntegra.

A história


Tudo começou em outubro de 2020, quando ela participou virtualmente de uma entrevista para a seletiva do BBB21, onde acredita que Wlad a ‘conheceu’. Mas só em janeiro deste ano, o diretor de elenco passou a segui-la no Instagram e iniciou as conversas por mensagem privada: “Ele me chamou como se já conhecesse minha história, lamentando por eu não ter conseguido a vaga e dizendo que iria me acompanhar de perto para as próximas edições”, conta Aline, em entrevista ao jornal.

A mineira afirma que na troca de mensagens ela foi incentivada a insistir na inscrição do programa, e depois as conversas seguiram para o Whatsapp. Foi quando o acusado passou a solicitar que ela enviasse fotos sensuais, de biquíni e até nudes: “Eu desconversei, fiz que não estava entendendo e até mostrei para o meu marido. Deixei para lá, pois não queria perder minhas chances de entrar no programa”, disse, ao reforçar que se sentiu constrangida com o pedido. 

No entanto, depois de deixar claro que seu único interesse era relacionado ao programa, a mineira ouviu que não se encaixava no perfil por ser casada. “Você tem poucas chances. Você é casada, não é um perfil que agrada. Porém, tudo é possível. Boa sorte”, dizia a mensagem, enviada à reportagem. 
 
Nas conversas com Simon, ele deixa claro de que gostaria de "dar uns beijos" e ter um caso com ela, além de convidá-la para o Rio de Janeiro.
 

Confira trechos das mensagens entre Aline e os acusados na galeria abaixo: 


Após ser incentivada pelo marido e respaldada por um advogado, Aline resolveu entrar na Justiça por assédio sexual e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada em Combate a Violência Sexual, em Belo Horizonte, e o inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais. 

De acordo com a vítima, ao saber das denúncias, Wlad tentou fazer contato por ligação de vídeo, mas ela não atendeu. Já Simon enviou mensagens lamentando e minimizando a situação, dizendo que as conversas entre eles eram 'gentis e singelas’. Segundo ela, ambos estavam cientes de que ela era casada.

  
Aline também conta que tem colegas em comum com a direção do BBB e um deles denunciou que a prática é recorrente entre as candidatas ao reality show. “Sabe por que eles dão em cima? Porque outras mulheres que quiseram participar do BBB, adicionaram eles e puxaram assunto. E aí eles prometem mundos e fundos, e a mulher tem que ir para a cama com eles e muitas vão", revela um deles no print da mensagem, publicada no Twitter da vítima. 


A esperança de Aline é que a repercussão do caso estimule um ‘efeito cascata’ nas denúncias sobre a seleção do programa. Até então, segundo ela, outras cinco pessoas já fizeram contato relatando que viveram situações semelhantes, mas não prestaram queixa. 

“Tudo que mexe com sonhos, para mim é muito grave. São pessoas que vislumbram sair da pobreza, vendo Juliette, Gil e outras pessoas”, desabafou ela, que ainda relata que vive uma "montanha-russa de sentimentos" após a denúncia. 


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